Ontem, no facebook,
comentando zangado o post que escrevi sobre os yanomâmis abandonados na Feira
do Produtor, um cara de nome estranhíssimo (esse pessoal, até para arranjar
pseudônimo, é cheio de nove horas) me esclareceu que a Funai não é mais tutora
dos índios. Fui pesquisar e parece que o cara estava certo. Depois da Constituição
de 1988, quando eu já tinha saído da FUNAI, o Estado Brasileiro não tem mais a
tutela dos índios, é tutor de seus direitos. Parece que isso faz uma diferença
enorme: para os progressistas os meios estão sempre acima dos fins. Que seja,
que o Estado Brasileiro, por meio da FUNAI, seja tutor apenas dos direitos dos
índios. Se é assim, do direito à saúde, à educação, à proteção social, à
cultura, aos costumes e a não ser exposto a visitação pública quem cuida? O
tempo? Os feirantes? Os caridosos?
Reduzir uma situação de abandono
daquelas a uma mera questão de semântica, a um simples formalismo legal é de uma
canalhice sem nome. Vão cuidar dos índios, a quem vocês deram um quaquilhão de
hectares de terra e depois deixam abandonados. Vão cuidar dos índios. O que
vocês da FUNAI estão deixando de fazer pode até não ser abandono de incapaz do
ponto de vista formal. Mas com certeza é incúria, é permitir que vários direitos,
pelos quais vocês são responsáveis, sejam jogados na lama. Aí, Ministério
Público, direitos estão sendo desrespeitados. Vai ficar barato?
Na
imagem, não.
A coluna Lavrado, do Jornal
de Roraima de hoje, nos dá conta que um certo Joao Catalão, dirigente da FUNAI,
entrou em contato com o Jornal para, brabo feito um siri na lata, reclamar da
exposição dos yanomâmis, em situação deplorável, largados na Feira do Produtor
e vivendo da caridade pública. Ameaçou processar o Jornal pelo desrespeito ao
direito de imagem dos índios. Interessante. Dos demais vários direitos
desrespeitados, ele se exime da responsabilidade. Mas da imagem...ah, aí ele se
sente responsável até o último fotograma.
Várias vezes o formidável Raoni
entrou na minha sala, brabo como só Raoni sabe ser, pedindo-me (pedindo, não,
Raoni ordenava) para achar o telefone de um tal de Jean Pierre que ganhou uma
fortuna com um filme que tinha o singelo nome de... Raoni. Queria a parte que
lhe cabia na grana que o filme rendeu. Claro que ninguém achava o tal do Jean
Pierre, um francês muito sabido que depois apareceu de Sting a tiracolo e
amealhou mais algum com as imagens que fizeram no Xingu. Melhor o senhor
Catalão cuidar dos direitos dos povos sobre os quais a FUNAI tem a tutela e,
enquanto isso, ver se acha o telefone do Jean Pierre. Raoni quer falar com ele.
Triste
repetição. Até quando?
(Do Correio Braziliense de ontem, 05 de maio. Sem
comentário possível.)
Amigos de professor morto em Planaltina fazem protesto contra violência.
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Alunos
do professor de inglês participam da manifestação
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Cerca de 300 pessoas, entre familiares, alunos e amigos do professor Guilherme
Moura de Araújo, caminharam do cemitério de Planaltina em direção à Defensoria
Pública, passando pela Administração Regional da cidade, em um protesto contra
a violência na região. O corpo de Guilherme foi enterrado nesta segunda-feira
(5/3). O professor foi morto com um tiro na nuca no último
sábado (3/5).
O
crime
O professor de inglês foi morto durante uma suposta tentativa de assalto
na Vila Vicentina, em Planaltina. Testemunhas contaram que ele foi abordado por
um garoto que não aparentava ter mais do que 11 anos e pretendia levar a
bicicleta e o celular da vítima. Ao reagir, levou um tiro na cabeça.
A vítima
Guilherme
foi assassinado com um tiro na nuca após reagir a uma tentativa de roubo
O protesto
O grupo seguiu de carro e a pé pela Avenida Independência. Eles
carregavam faixas com as frases "Não à impunidade, Planaltina pede
paz", "Quantos mais terão que morrer?" e outros pedidos de
redução da maioridade penal - um garoto é apontado por testemunhas como autor
do disparo que tirou a vida do professor. Algumas pessoas caminharam cantando
músicas religiosas em homenagem a Guilherme. Na Defensoria Pública, eles
pediram que a morte do rapaz não vire estatística.
Quem ama o Anauá?
Todo mundo. Todo boa-vistense ama seu Parque, orgulha-se
de sabê-lo o maior do Brasil, faz dele seu local preferido para o lazer. Todos
podem e devem amá-lo. Menos o governador Chico Rodrigues e a Prefeita Teresa: a
Folha de Boa Vista não quer, faz beicinho e diz que a união dos dois governos
para a restauração do Parque é jogada política. Atenção, senhor editor das
poderosas: quando se governa, toda decisão é política, toda seleção de
prioridades é política, toda ação é politica,
não importa dimensão, objeto, época ou local. A diferença é que uns fazem de
forma competente, indo ao encontro dos desejos manifestos da população, devolvendo-lhe
um logradouro que lhe é querido e útil. Outros...fazem dragagem do Rio Branco. Não
é parecido. Nem é igual.
Carona franca e risonha
Desde algum tempo a Folha de Boa Vista vem se esforçando bastante para botar a Senadora Ângela no centro da aprovação da PEC 111. Colocou-a em bate boca, segundo o periódico, providencial e bem sucedido, com o Senador Randolfe Rodrigues, figurinha mais intransigente do mula empacada, disse que os políticos roraimenses, fora ela, naturalmente, iriam perder a relatoria para o Senador Sarney, enfim, de tudo fez e de tudo publicou, sem se importar nem com a aparência de verdade, como é do seu feitio. Nem mesmo a notícia de que o Senador Romero Jucá havia entregue a relatoria da PEC ao Senador Sarney ( senador pelo Amapá, nunca e demais lembrar) como uma forma de homenagear o Presidente que primeiro efetivou servidores dos ex-Territórios nos quadros da União fez a Folha render-se às evidências. Ângela, a princípio relutante, foi na onda. E hoje seu facebook amanheceu florido de fotos da Senadora, toda pimpona, risonha e franca, posando ao lado do bigodão do ex-presidente. O que uma eleição não faz!
Máximas
do Coronel Sincero Dias
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