Páginas

terça-feira, 6 de maio de 2014

Sem tutor, sem direitos, sem eira nem beira. E mais

Ontem, no facebook, comentando zangado o post que escrevi sobre os yanomâmis abandonados na Feira do Produtor, um cara de nome estranhíssimo (esse pessoal, até para arranjar pseudônimo, é cheio de nove horas) me esclareceu que a Funai não é mais tutora dos índios. Fui pesquisar e parece que o cara estava certo. Depois da Constituição de 1988, quando eu já tinha saído da FUNAI, o Estado Brasileiro não tem mais a tutela dos índios, é tutor de seus direitos. Parece que isso faz uma diferença enorme: para os progressistas os meios estão sempre acima dos fins. Que seja, que o Estado Brasileiro, por meio da FUNAI, seja tutor apenas dos direitos dos índios. Se é assim, do direito à saúde, à educação, à proteção social, à cultura, aos costumes e a não ser exposto a visitação pública quem cuida? O tempo? Os feirantes? Os caridosos?

Reduzir uma situação de abandono daquelas a uma mera questão de semântica, a um simples formalismo legal é de uma canalhice sem nome. Vão cuidar dos índios, a quem vocês deram um quaquilhão de hectares de terra e depois deixam abandonados. Vão cuidar dos índios. O que vocês da FUNAI estão deixando de fazer pode até não ser abandono de incapaz do ponto de vista formal. Mas com certeza é incúria, é permitir que vários direitos, pelos quais vocês são responsáveis, sejam jogados na lama. Aí, Ministério Público, direitos estão sendo desrespeitados. Vai ficar barato?

Na imagem, não.
A coluna Lavrado, do Jornal de Roraima de hoje, nos dá conta que um certo Joao Catalão, dirigente da FUNAI, entrou em contato com o Jornal para, brabo feito um siri na lata, reclamar da exposição dos yanomâmis, em situação deplorável, largados na Feira do Produtor e vivendo da caridade pública. Ameaçou processar o Jornal pelo desrespeito ao direito de imagem dos índios. Interessante. Dos demais vários direitos desrespeitados, ele se exime da responsabilidade. Mas da imagem...ah, aí ele se sente responsável até o último fotograma.
Várias vezes o formidável Raoni entrou na minha sala, brabo como só Raoni sabe ser, pedindo-me (pedindo, não, Raoni ordenava) para achar o telefone de um tal de Jean Pierre que ganhou uma fortuna com um filme que tinha o singelo nome de... Raoni. Queria a parte que lhe cabia na grana que o filme rendeu. Claro que ninguém achava o tal do Jean Pierre, um francês muito sabido que depois apareceu de Sting a tiracolo e amealhou mais algum com as imagens que fizeram no Xingu. Melhor o senhor Catalão cuidar dos direitos dos povos sobre os quais a FUNAI tem a tutela e, enquanto isso, ver se acha o telefone do Jean Pierre. Raoni quer falar com ele.

Triste repetição. Até quando?

(Do Correio Braziliense de ontem, 05 de maio. Sem comentário possível.)

Amigos de professor morto em Planaltina fazem protesto contra violência.




Alunos do professor de inglês participam da manifestação


Cerca de 300 pessoas, entre familiares, alunos e amigos do professor Guilherme Moura de Araújo, caminharam do cemitério de Planaltina em direção à Defensoria Pública, passando pela Administração Regional da cidade, em um protesto contra a violência na região. O corpo de Guilherme foenterrado nesta segunda-feira (5/3). O professor foi morto com um tiro na nuca no último sábado (3/5).



O crime

O professor de inglês foi morto durante uma suposta tentativa de assalto na Vila Vicentina, em Planaltina. Testemunhas contaram que ele foi abordado por um garoto que não aparentava ter mais do que 11 anos e pretendia levar a bicicleta e o celular da vítima. Ao reagir, levou um tiro na cabeça.


  
A vítima


                                             

                     Guilherme foi assassinado com um tiro na nuca após reagir a uma tentativa de roubo

     


O protesto

O grupo seguiu de carro e a pé pela Avenida Independência. Eles carregavam faixas com as frases "Não à impunidade, Planaltina pede paz", "Quantos mais terão que morrer?" e outros pedidos de redução da maioridade penal - um garoto é apontado por testemunhas como autor do disparo que tirou a vida do professor. Algumas pessoas caminharam cantando músicas religiosas em homenagem a Guilherme. Na Defensoria Pública, eles pediram que a morte do rapaz não vire estatística. 



Quem ama o Anauá?



Todo mundo. Todo boa-vistense ama seu Parque, orgulha-se de sabê-lo o maior do Brasil, faz dele seu local preferido para o lazer. Todos podem e devem amá-lo. Menos o governador Chico Rodrigues e a Prefeita Teresa: a Folha de Boa Vista não quer, faz beicinho e diz que a união dos dois governos para a restauração do Parque é jogada política. Atenção, senhor editor das poderosas: quando se governa, toda decisão é política, toda seleção de prioridades é política, toda  ação é politica, não importa dimensão, objeto, época ou local. A diferença é que uns fazem de forma competente, indo ao encontro dos desejos manifestos da população, devolvendo-lhe um logradouro que lhe é querido e útil. Outros...fazem dragagem do Rio Branco. Não é  parecido. Nem é igual.

Carona franca e risonha

Desde algum tempo a Folha de Boa Vista vem se esforçando bastante para botar a Senadora Ângela no centro da aprovação da PEC 111. Colocou-a em bate boca, segundo o periódico, providencial e bem sucedido, com o Senador Randolfe Rodrigues, figurinha mais intransigente do mula empacada, disse que os políticos roraimenses, fora ela, naturalmente, iriam perder a relatoria para o Senador Sarney, enfim, de tudo fez e de tudo publicou, sem se importar nem com a aparência de verdade, como é do seu feitio. Nem mesmo a notícia de que o Senador Romero Jucá havia entregue a relatoria da PEC ao Senador Sarney ( senador pelo Amapá, nunca e demais lembrar) como uma forma de homenagear o Presidente que primeiro efetivou servidores dos ex-Territórios nos quadros da União fez a Folha render-se às evidências. Ângela, a princípio relutante, foi na onda. E hoje seu facebook amanheceu florido de fotos da Senadora, toda pimpona, risonha e franca, posando ao lado do bigodão do ex-presidente. O que uma eleição não faz!


Máximas do Coronel Sincero Dias

“Não vejo diferença entre a FUNAI abandonar os índios na Feira do Produtor e o INCRA abandonar os assentados no Picadão. No fim, é tudo incompetência do PT mesmo”. 




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Só serão aceitos comentários identificados por nome e email do comentarista.