Mozarildo fez o que se
espera de um homem com o passado politico e a experiência de vida que tem:
meteu a mão na mesa. Diante do chove não molha da oposição para formar a chapa,
pagou geral e apossou-se logo da vaga de candidato ao senado, que é sua por
direito mas estava assim de esperto de olho grande. “Se é pra perder, que seja
comigo”, deve ter dito. E fim de papo. O homem tá certo.
Isso
é que é marcha a ré!
Semana passada, com base em
profundíssima análise de seu editor, a Folha de Boa vista estava comemorando o
fato de, segundo queria fazer acreditar, os políticos locais terem perdido a
chance de faturar com justiça a aprovação da PEC 111. Segundo dizia o, digamos
assim, jornal, a PEC teria sido tomada do senador Jucá e seria relatada na CCJ pelo
senador Sarney. Aproveitava e botava a senadora, sua candidata, no centro dos acontecimentos,
nomeando-a grande responsável pelo sucesso da PEC.
Muito bem. A PEC, agora com
o número 11, foi aprovada hoje na CCJ e o que faz o nosso jocoso editor?
Publica nas poderosas movidas a válvula: “Conforme a
VEJA, Jucá participou da tramitação, fez o relatório favorável à PEC, mas
entregou para José Sarney assiná-lo como relator e capitalizar politicamente a
provável aprovação na CCJ. ‘A ideia, lógico, é dar uma forcinha para o
correligionário ter o que apresentar aos seus eleitores no Amapá’, diz a
informação publicada esta semana, confirmando o
que a Parabólica já havia antecipado.” Já que eles
não ficam com a cara vermelha de vergonha, eu fico. Mas de tanto rir de mais essa
estridente marcha-a-ré. Só me preocupa o pescoço do editor. Essa hora deve
estar no ortopedista. Ou numa sessão de acupuntura. Dizem que faz milagre em
casos de contorcionismo exagerado.
Eita crechezinha pra render!
Já são pelo menos duas matérias publicadas na Folha, vários posts com
fotos no facebook, devidamente compartilhados e multiplicados pelos militontos
cibernéticos, enfim, um salseiro para promover uma, eu disse apenas uma, creche construída em Alto Alegre com recursos de emenda da Senadora. Pelo mesmo
critério, ao inaugurar cada uma das dezessete, eu disse dezessete, creches que
está construindo em Boa Vista, com recursos viabilizados pelo Senador Jucá, a
Prefeita Teresa Surita terá todo direito à primeira página da Folha, do
Estadão, do Globo e do Correio Braziliense, só para ficarmos nesses, além de
reportagem de abertura do Jornal Nacional, entrevista no Bom dia Brasil e, para
dar um toque adicional de vivacidade e graça, uma girândola de fogos de artifício
daquelas de humilhar chinês.
Quer dizer que só serve para dizer não?
Se a FUNAI é tutora apenas dos direitos dos índios, como alega, e se,
como dizem seus luminares, não lhe cabe defende-los, resolver ou pelo menos
providenciar e monitorar a solução de seus muitos problemas, como saúde,
educação, proteção da cultura e dos costumes, bem estar social etc pra que
diabos serve esse malfadado órgão? Só pra dizer não? Como diz todo dia, ao
fechar aquela humilhante corrente que nos impede de transitar na hora que
quisermos pela BR 174. Como disse e continua dizendo ao povo de Pacaraima, ao
negar autorização para a construção da Praça da Micaraima, de um Estádio e do
Centro e Taxis-lotação, fazendo o município perder investimentos da ordem dos
sete milhões de reais. Como faz ao deixar o nosso acesso ao lago Caracaranã ao
arbítrio de um Tuxaua quase sempre embriagado. Mas está explicado: a FUNAI está
nas mãos do PT, o partido que diz não. Também é só o que faz.
Ou
a saúde acaba com a burocracia, ou a burocracia acaba com a saúde.
Por que um hospital particular funciona melhor do
que um da rede pública? Porque é pago? Não só por isso, até porque um hospital
privado, em geral, recebe pacientes do SUS ou de planos de saúde, que pagam
praticamente a mesma quantia pelos procedimentos. Mas funciona melhor porque
tem autonomia, a decisão é local. Se faltar soro ou um medicamento mais
complexo, providencia-se rapidamente, até na farmácia da equina, depois se
acertam as contas. E, fundamentalmente, uma unidade privada de saúde pode
adotar uma politica de consequências na gestão dos seus recursos humanos,
promovendo os melhores, treinando, readaptando ou descartando os que não
atingem os níveis desejados de desempenho e punindo rapidamente os desvios de
conduta. No hospital público, a competência do dirigente para decidir é
limitada pelos infindáveis meandros e não-me-toques da enorme estrutura hierárquica.
E a compra de um simples rolo de esparadrapo passa por uma enorme cadeia
burocrática. Além do mais, tem que se submeter a um intrincado processo
administrativo, recheado de direitos de defesa e infindáveis recursos,
interpelações e embargos, para descartar funcionários estáveis que não tenham o
desempenho desejado. Ou para punir desvios. De conduta ou de recursos.
O contribuinte não entende essa diferença, ninguém
explica. E quando alguém levanta a voz para reclamar da saúde (em período de
eleição todos levantam) geralmente clama por mais recursos. O problema da saúde
não é mais recursos, é fazer com que os recursos não se extraviem nem percam
musculatura no longo e tortuoso caminho que percorrem do todo poderoso Ministério
à unidade de saúde, onde as coisas realmente acontecem. E dar-lhe um mínimo de
autonomia administrativa, financeira e de gestão de seus recursos humanos. Mas,
quem tem coragem de enfrentar o dragão da burocracia, principalmente da
burocracia companheira, onde o formalismo dos meios é muito mais importante do
que os fins?
Quando forem pra rua
protestar, pedindo uma saúde padrão FIFA, lembrem-se de pedir também uma burocracia
padrão francês, alemão... esses povinhos subdesenvolvidos.
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