A risada de um milhão de reais

Ao ver a notícia de que André Vargas, para desespero do PT, estranha e inexplicavelmente, reassumiu seu mandato na Câmara dos Deputados, abrindo mão de uma licença que duraria até o dia 05 de junho, me pego pensando em duas coisas. Primeiro, imagino que cartas ele deve ter na manga, ou no arquivo, para enfrentar um inevitável processo de cassação, em ano eleitoral e com votação aberta. É muita coragem. Ou muita munição.  Depois, nesta foto abaixo,  do deputado-bomba mostrando o celular à Senadora Ângela após ter desacatado o Ministro Joaquim Barbosa, Presidente de um dos poderes da República, em plena mesa do Congresso.

Vejam a senadora Ângela, em momento de descontração e completa falta de compostura, rindo feito uma colegial. Vejam, ao seu lado, o notório André Vargas, do PT, amigo de fé do doleiro Alberto Youssef, de quem era quase sócio e que hoje está em cana. Mas que, enquanto solto, vinha enchendo de dinheiro a conta do deputado do PT e de muitos outros políticos de alto coturno do Partido de sul a norte do país. Inclusive, como revela a VEJA Online, a senadora e ex-Ministra Gleisi Hoffmann e os Senadores Humberto Costa, Lindberg Farias e, nunca é demais lembrar, a própria senadora Ângela, uma das mais mais bem aquinhoadas com a benevolência do doleiro. - traduzindo, levou uma bufunfa.

Diante do que sabemos hoje e daquela demonstração exacerbada de alegria num momento tão solene, temos todo o direito de perguntar: a Senadora estava rindo da molecagem do deputado ou de felicidade pelos números que ele lhe mostrava no celular? É um caso a pensar. Vejam a foto e concluam. 

Uma pergunta final: diante de tanta camaradagem, será que ele vai fazer a descortesia de faltar ao lançamento da pré-candidatura dela ao Governo de Roraima, nesta sexta-feira? 

Barco afundando? Fura mais um buraquinho no casco.

Vou contar um negócio pra vocês, nunca vi um governo tomar tanta decisão equivocada em toda a minha já longa vida. Valha-me Deus! Além das nulidades ativas de Mercadante, Berzoini e Mantega (uma nulidade ativa é o pior tipo de assessor que alguém deve ter por perto, pense nisso), deve ter um quinta-coluna no palácio, plantado pela oposição, naturalmente, que é justamente a pessoa a quem Dilma mais ouve, só pode ser isso. É ele quem dá os pitacos sem direção que estão levando o governo a agir em zigzag. É ele que aconselha Dilma a fazer mais um furinhos no barco pra ver se assim ele para de afundar. Estamos em ano de eleição, caramba! Governo não tem direito de errar uma. Mas erra todas.

Gelada que vai e volta. 

Primeiro, resolve aumentar o imposto sobre a cerveja às vésperas da copa. Logo às vésperas da copa, quando todo mundo estava preparado para tomar umas suadas para acompanhar os jogos, lá vem aumento, pensa bem na genialidade. Aí, alguém de bom senso – talvez o cara que serve café – deve ter ponderado: “Pô, excelência, logo a nossa cervejinha! Assim a senhora perde o voto da galera, aí” (como se pode notar, o homem do café é carioca). Ouvindo a voz do bom senso, Dilma volta atrás. Mas, como sempre, volta atravessando o samba. E nós ficamos sabendo que a cerveja só vai aumentar depois da copa. Peraí, excelência, leia o manual. Em ano de eleição, aumento de qualquer coisa é palavra proibida. Chama o homem do café.  

Gasolina que não foi. Mas vai. 

Cerveja garantida, vamos à gasolina. Aí o quinta-coluna foi gênio, tem-se que lhe tirar o chapéu. Precisava a Presidente Graça Foster, da Petrobrás, empresa toda enrolada com cada coisa cabeludíssima, anunciar que vai aumentar a gasolina, mas só depois das eleições? Não precisava. Ficava calada, equilibrando malabares com o negócio da Refinaria de Pasadena e o galho lá de Abreu e Lima, que já deixava a mídia contentinha e com assunto que dava até a copa, quando todo mundo esquece de tudo e vamos ao futebol e às manifestaçoes. Mas o quinta-coluna foi mais rápido que o homem do café e soprou no ouvido da Dilma: “Manda a Graça dizer que vai ter que aumentar a gasolina. Mas orienta ela para não dizer de quanto vai ser o aumento e que só aumenta depois da eleição. É tiro certo para desviar o assunto da Refinaria”. Resultado? Tiro pela culatra e todo mundo fica sabendo que o PT faz mais uma manobra eleitoreira com o preço da gasolina.  É mole?

Vai ter IPVA no seu trator. 

Não bastassem o quinta-coluna e as nulidades ativas agindo em conluio, vários ministros aconselharam Dilma a vetar integralmente o projeto de lei que acabava com a obrigatoriedade de emplacar veículos agrícolas, aumentando a grande resistência da Presidente onde já havia, entre os grandes produtores, e abrindo uma nova frente de resistência entre os agricultores familiares, de quem ela podia esperar alguma simpatia. Podia, não pode mais. Como disse ao Jornal Valor o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) “Quando os pequenos agricultores perceberem que vão ter que pagar para licenciar seus tratores da década 1970, vão se revoltar contra o governo”. Pois é, Dilma conseguiu inverter o plante que o governo garante para o não plante que o governo atrapalha. E tudo por causa de uma besteira de um IPVA. Não há necessidade de arrecadação que justifique uma doidice dessas em período eleitoral!  Depois eu digo que estão lendo o manual de cabeça pra baixo e neguinho acha que é exagero meu.

Coitados dos barbudinhos.

Sinceramente? Sinto a maior pena dos barbudinhos e desgrenhadinhas do PT. Tenho certeza quase absoluta de que eles gostariam mesmo é de estar nessas manifestações contra a copa que estão pipocando por aí. Mas a disciplina partidária, a coerência ideológica e o centralismo democrático não deixam. Coitados. Raciocine aqui comigo. Pensa que é fácil o sujeito ficar o dia todo vigiando as redes sociais para caluniar adversários e defender a quantidade industrial de malfeitos do PT? Pensa que é fácil saber que fazem isso quase a leite de pato, ganhando uma merreca num encosto no governo, para permitir que Zé Dirceu possa desfilar com uma bermuda de seiscentos reais e a galera da alta elite do Partido enfiar a mão na Petrobrás e em tudo quanto é estatal por aí?

A solidariedade veste bermuda. 

E aqui em Roraima? Pensa que é fácil ter que ir de bandeira em punho, debaixo do maior solzão, para o lançamento da candidatura da Ângela, e ficar gritando palavras de ordem e batendo palmas, sabendo que, além de não ser exatamente uma petista de carteirinha, ela recebeu uma grana preta de um doleiro que, como se não bastasse, está preso? É fácil não. Tem que abrir mão de muita coisa. Até do direito de pensar por si mesmo. Contem com minha solidariedade, barbudinhos e desgrenhadinhas. Eu também já quis ser um LIBELU dos mais radicais, até deixei a barba crescer e comprei uma bolsona de couro cru. Mas o problema é que me ensinaram a duvidar de verdades absolutas. Principalmente se tem alguém ganhando dinheiro com elas, não sei se me entendem. Vão lá, vão atrás da sua utopia. Sonhar não custa nada. Mas uma bermuda daquelas do Zé...