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terça-feira, 20 de maio de 2014

Crônica de um fiasco anunciado

Não dá para dizer que deu certo, dá?
Longe de mim qualquer pretensão a oráculo ou adivinho de barraquinha de mafuá. Mas na quinta feira passada postei aqui um vídeo afirmando que aquele era o pior momento para Ângela Portela lançar sua pré-candidatura. Não pagou dez. E o fiasco se fez. Acachapante.

Entre outros motivos, dizia, porque o PT está no ápice do processo de revelação de sua verdadeira face. E ela é feia, muito feia. Cheia de cravos das obras inacabadas, espinhas do superfaturamento, manchas do desmantelamento da Petrobrás, escândalos sucessivos de corrupção, uso do Fundo Partidário para pagar advogados de figuras suspeitas, incompetência explícita e generalizada, enfim, pele de enriquecer dermatologista. E lembrava também o quanto o PT é rejeitado aqui em Roraima, pelo tanto que sistematicamente se aplica com todo vigor em impedir qualquer tentativa de desenvolvimento via iniciativa privada.
Separados por um fígado.
Por tudo isso, mas não só por tudo isso, o abandono da candidatura de Ângela à própria sorte era mais do que previsível. Além do natural instinto de sobrevivência, os que remaram, remaram e, na hora agá, abandonaram o barco, fazem política com, nessa ordem, o Diário Oficial, o bolso, a árvore genealógica e o fígado. No meio desse vendaval que assola o PT e tem todo o potencial de virar o barco, pragmaticamente, pensaram: correr o risco de ficar com o PT pra ganhar o quê?  Uma mariola e um cigarro Yolanda?  Nem um carguinho, nem uma obrinha? Assim não dá! E foram conspirar em outra freguesia, acumular capital eleitoral para negociar mais na frente. Além do mais, tem o troco. Nunca esquecer o troco!


A volta que faz o anzol faz também o aproveitador.


Tudo o que não presta para na curva. 
Como se não bastasse tanto pragmatismo, eles, os velhos macuxis que deixaram a senadora na mão e foram buscar sua própria utopia, costumam guardar no congelador suas mágoas e seus ódios. Vez em quando tiram um pouquinho, botam no micro-ondas e dão o troco. Pesado, e sempre na hora em que o adversário menos esperar. Podem até passar um tempão fazendo todos os salamaleques, todos os rituais de acasalamento, mas jamais perdoarão Flamarion e, naturalmente, Ângela, sua mulher, pelo golpe que lhes deram em 2002. Sem falar do que ainda pensa Augusto Botelho sobre 2010. Ele é macuxi. E não é exatamente um jovem.
E a Ângela, além dos duvidosos apoios de fora, do tipo engrossa-palanque, o que lhe restou? Com quem pode e com quem não pode contar? Em nome da busca incerta por um poder que nunca será seu, mas do Partido, restou transformar-se em curva de rio, aceitando toda tranqueira que encalhe em sua vida para lhe sugar tudo o que ainda possa lhe restar de bom. É o preço. É o troco. Aqui se faz, aqui se paga. Pior é se ela botar a tranqueira pra dentro de casa. Falo disso amanhã.



Uma utopia chamada Neudo. Ou a volta dos velhos macuxis.

O ilusionista.
Neudo é uma figura surpreendente. Um mágico, um tipo capaz de fazer a sua trupe acreditar em qualquer coisa e sair atrás em aventuras onde, no fim, só ele ganha, enquanto os outros assistem e, pior, batem palmas e voltam a acreditar de novo e tantas vezes sejam necessárias. Teve oito anos no poder e o que se pode dizer que fez por seu Estado natal, além de dar-lhe um golpe quase mortal nas finanças e inventar esquemas para levar vantagem pessoal? Todo mundo sabe. Saiu na Imprensa Nacional. Mas ele continua a ter voto. Cada vez menos. Mesmo assim...
O alimentador.
Agora, mesmo com toda a opinião pública, juristas respeitados e a torcida do Flamengo certos de que ele está pra lá de inelegível, por conta da montoeira de processos que tem pelas costas, sacou do bolso do colete um dossiê poderoso, tipo maravilha curativa do Dr. Humphreys, que serve para todos os males, inclusive espinhela caída, mau olhado e inelegibilidade, deixando o suplicante imaculado feito Madre Teresa de Calcutá e mais elegível do que Sobral Pinto. Isso sem combinar com os homens de capa preta. E a turma acredita. A credulidade alheia não é impressionante? Ou será que o besta aqui sou eu?
O professor.
Com essa conversa de dossiê, armou uma chapa puro-sangue, unindo os velhos macuxis e tendo ele, Neudo, logicamente, como candidato a governador. E lá estão Mozarildo, que enfim alimentou sua fixação pela vaga de senador, e Getúlio, que vai fazer o que mais sabe: fingir que sabe tudo, de política principalmente. Vai orientar a moçada nas artes do maquiavelismo aplicado, no mais puro estilo tudo faremos pela vitória. Sucesso garantido. Não vê o tanto de eleição que ele já ganhou?
É claro que tudo isso que se disse até aqui pode ser a maior armação que já se teve noticia na história política de Roraima, cuíca do Brasil. Como todo mundo ali bate em pau de dois bicos, podem estar fingindo que abandonaram Ângela para, no que os adversários amolecerem, voltar com um apoio estruturado e militância motivada para levar mais vantagem numa negociação. Ou eles pensam que só eles pensam?
Só tem um pequeno problema. Estamos a pouco mais de trinta dias do prazo limite para as convenções. Toda essa armação só vale até lá. E se não der certo? E se os homens que decidem entenderem : candidato aqui tem que ter ficha limpa feito a reputação do Papa Francisco? Aí danou-se. E o jeito vai ser Getúlio sair pro sacrifício. Do jeito que ele é ganhador de eleição...

Voa, pensamento, voa. Em dez vezes sem juros.


Aeroportos para a copa? Mas que turistas folgados!
Já falei aqui que sou masoquista? Pois é, sou. Para deixar clara essa condição, todo dia ouço a Voz do Brasil. Ontem, lá estava a Dilma, tentando explicar o inexplicável e encontrar vantagem nos fracassos de seu governo. Até que ia bem, usando argumentos aparentemente lógicos e mistificando, feito Lula. Só que Lula tem o dom, um gogó privilegiado, capaz de pintar a imagem de um Brasil que vai existir um dia como se existisse hoje. Dilma, não. Até usa argumentos parecidos. Mas não convence. Para se livrar da incômoda necessidade de explicar o verdadeiro pandemônio que os turistas vão viver nos aeroportos inacabados durante a copa, disse, de cara limpa e com aquela sintaxe que lhe é peculiar, que os aeroportos vão ficar prontos para os brasileiros, que estão voando e vão voar cada vez mais por causa da ascensão de mais pessoas da classe D para a classe
Acesso garantido para a classe C.
C, tudo por artes dela e de Lula. C
omo se mais pessoas estivessem voando por conta exclusiva do bolsa-família, empregos de baixas qualificação e remuneração e outros programas do PT, tão desenvolvimentistas quanto. Não, Presidente: as pessoas estão voando mais desde que o Plano Real estabilizou a moeda e permitiu que se pudessem vender passagens de avião em dez vezes, sem juros. Simples assim. Já que a senhora não pode dizer Viva o Plano Real, pelo menos exclame, alto e bom som, viva o cartão de crédito, viva o endividamento! Fica mais honesto.




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