(Este é um texto mais
ou menos longo. Mostra um pouco da minha recorrente preocupação com o que a
FUNAI está fazendo com nosso Estado. Procurei torná-lo leve e envolvente. Acho que vale a pena ler até o fim.)
O grande filósofo Jorge Ben, que depois, por artes da
numerologia, transformou-se em Jorge Benjor, tem uma música em que diz: “todo
dia era dia de índio/agora é só 19 de abril”. Foi gravada pelo próprio e, se
não me falha a memória, pela inefável Baby Consuelo. Fez sucesso, é claro, como
qualquer baboseira que coloque o branco ou o empreendedor na condição de vilão
da história. E virou hino das esquerdas progressistas, na época em que só
podiam mesmo cantar hinos do tipo e entoar, em êxtase revolucionário, canções
de Chico Buarque e Geraldo Vandré, coitado. Peraí, se não é para comemorar o dia
do índio, a que vem este post? Calma aí.
Hoje, Dia do índio, na coluna Lavrado Político, o Jornal de
Roraima nos dá conta de que a Feira do Produtor está abrigando dezenas de índios,
que a usam como base para sair a vagar pelas ruas a embriagar-se, porque seu
tutor, a FUNAI, órgão que devia cuidá-los, não os cuida. E por que não os
cuida? Tenho cá minha opinião. Primeiro porque é um órgão estatal. E o Estado,
graças à sua paquidérmica e surrealista burocracia, já se mostrou incapaz de manter
uma estrada trafegável, que dirá de ensinar, acompanhar, assistir, implementar e
produzir resultados positivos na passagem dos índios de uma economia de
subsistência para outra capaz de gerar excedentes e, em consequência, lucro. O
que os tornaria independentes, capazes de prover seu próprio sustento, pagar um
plano de saúde, botar os filhos na universidade, comprar um monte de Hilux,
vestir uma camisa listrada e sair por aí. Mas, não, isso iria acabar com a
cultura deles e os antropólogos e outros ólogos e istas de igual serventia iriam viver de quê?
Segundo porque, depois que o PT assumiu o poder, tristes 11
anos e pico atrás, os que dirigem a FUNAI – antropólogos, indigenistas e cientistas
sociais de esquerda em geral - passaram de anti-brancos para anticapitalistas,
anti-lucro. Quer dizer, passaram não, adquiriram o poder de por livremente em
prática aquilo em que sempre acreditaram.
E onde está o lucro a ser combatido senão na fronteira
agrícola, acima e debaixo do solo? E onde tem uma fronteira agrícola
praticamente inexplorada e pra lá de viável, dada sua própria natureza e proximidade
do Caribe? Em Roraima, é claro. E onde tem minério a dar com o pau? Roraima de
novo, mas que coisa!
Aí, toca a congelar essas terras, porque os empreendedores
agrícolas e minerais estão de olho e são cruéis em sua busca desenfreada pelo
lucro. E, para impedi-los, necessário congelar metade do território, deixando o
resto para o IBAMA impedir o uso e o INCRA ajuda a invadir.
Só que congelam a terra e congelam os índios, que podiam
viver, e muitíssimo bem, da renda da terra e dos royalties da exploração
mineral. Mas que são condenados a viver da agricultura de subsistência, plantando
um milhinho aqui, uma mandiocazinha ali e dançando alegres e febris em sua natureza
cordial, esperando que o governo do Estado tire de seus parcos recursos
orçamentários um pouquinho para educa-los, dar-lhes saúde, educação, pontes e
estradas para sua trafegabilidade e o que mais der. Ou então, a Feira do produtor está logo ali.
Todo dia é dia de índio? É nada! Enquanto o PT estiver dando
as cartas, todo dia é dia de FUNAI.
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