Houve um tempo em que andei
pesquisando bastante para saber onde e como vivem as tais “pessoas que não
quiseram se identificar”, encontradiças na Falha de Boa Vista sempre que eles
lá querem caluniar ou ofender alguém, denegrir uma administração ou serviço
público posando de isentos, ou seja, quase todo dia. Descobri que aquelas
pessoas vivem em cativeiro nos porões do periódico, sob a guarda e o comando de
um jovem repórter inimigo figadal da verdade e que tem uma enorme preguiça de
apurar os fatos, ouvir o outro lado, enfim, essas coisas triviais e chatas pra
caramba de um jornalismo que se queira sério e merecedor de credibilidade.
Ao saber quem cuidava das “pessoas
que não quiseram se identificar”, confesso, temi por sua segurança, e mesmo
pela continuidade de sua existência. Afinal de contas, aquele não era
exatamente um guardião capaz de alimentá-las, cuidá-las, mantê-las em condição de
atuar, enfim. Mas, como com o tempo elas continuavam vivas e buliçosas,
aparecendo quase todo dia numa matéria amarronzada da Falha, pensei cá comigo:
deixa pra lá, o cara é meio, como dizer, turbinado, mas precisa delas para seus
delírios em forma de matéria, capaz de alimentá-las bem, dar-lhes uma roupinha
legal, leva-las ao cinema.
Mas parece que o jovem
guardião das “pessoas que não quiseram se identificar” arranjou uma boquinha
numa secretaria aí do governo. E agora? Será que vai ter tempo para cuidar das
coitadinhas? Capaz de entrega-las a qualquer um, uma pessoa cruel e insensível,
incapaz de compreender as necessidades de seres tão, digamos assim, gasosos e
arredios. Um perigo.
Voltei a ficar preocupado. É
bem capaz de as “pessoas que não quiseram se identificar”, num gesto
tresloucado de rebeldia, conseguirem fugir e deixar o, vá lá que seja, jornal
no ora veja. Ai lascou, como diria o outro. Logo agora que me autoproclamei
ombudsman não remunerado, lupa na mão, incansável pesquisador das falhas da
Falha, como é que fico? Será que eles serão vingativos a ponto de baixar o
nível e começar a publicar a verdade, evitar as barrigas, ouvir o outro lado,
checar as fontes... tudo isso só para me privar da diversão de pegá-los no
flagra?
Acho que devo relaxar. O
vício de mentir é mais difícil de largar do que o cigarro. Este ombudsman do
jornal alheio tem trabalho pra muito tempo ainda.
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