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quarta-feira, 23 de abril de 2014

De como transformar barrigada em dobradinha

Não, caro leitor, não vamos adentrar o salivante terreno da culinária, longe de nós tal pretensão. Mas vamos tratar de arrogância e da mais completa, encerada e polida cara-de-pau que já se pode encontrar na imprensa roraimense, cuíca do Brasil. A Falha de Boa Vista dessa vez ultrapassou todos os limites. Da ética, do pudor, do respeito ao leitor, da vergonha na cara e por aí vai, reduzindo a nitrato de pó de traque qualquer manual de jornalismo, por chinfrim que seja, da mais amadorística publicação do Urubuquaquá ou do Pinhenhém, lugarejos pobres, porém limpinhos.
Na Segunda, a Falha (D’ora em diante só me vou referir assim ao Diário, até que ele, pelo menos uma vez, assuma um erro sequer; como não vai...) cometeu aquilo que em qualquer jornal do mundo seria considerada uma barrigada sesquipedal, daquelas de gerar pânico nos desavisados, com nítidos objetivos de por em evidência suas preferências político-eleitorais, ora meio apagadinhas. E, pior, depois defecou goma, como veremos. Quem o editor daquele, digamos assim, jornal pensa que é: Orson Welles?
Na terça, enquanto todos esperavam o desmentido humilde e tranquilizador, eis que, com a arrogância de sempre, em lugar de acocorar-se jornalisticamente, acocorou-se politicamente. E ressuscitou o inefável Nagib Lima para, atacando os opositores, tentar justificar o injustificável e dar uma forcinha ao seu destino de despontar para o anonimato.
Até aí tudo dentro do previsto, é da natureza do periódico em causa, a arrogância e a falta de simancol fazem parte de seu código genético. Mas, na edição deste dia de São Jorge, ultrapassaram todos os limites, perderam de vez a compostura e o mínimo de honestidade intelectual que lhes restava. E a barrigada da segunda foi promovida como por milagre do que é - em sua essência e significado um erro grosseiro, a desobediência ao princípio básica de checar as fontes – para a de salvadora da pátria. Ficamos sabendo estupefatos que, segundo ela própria jactou-se, foi graças unicamente à Falha de Boa Vista que as autoridades competentes tomaram providências para reverter uma situação que nunca existiu.
Delírio de grandeza do tipo faz lembrar aquele semanário de uma pequena cidade do interior de um estado brasileiro - não vou dizer qual, não sou besta – que, diante da iminente tomada de Berlim pelos russos, começou um artigo com essas singelas palavras: “Bem que este jornal cansou de avisar ao Senhor Hitler que...”.

Imodéstia, dirão vocês. No caso do jornalista provinciano pode até ser. Em se tratando da Falha de Boa Vista, é um caso típico de megalomania. E isso vem do berço. 

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