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sexta-feira, 25 de abril de 2014

O nó do nó.

Com a autoridade que os muitos anos de idade e como observador da cena politica Brasil afora me conferem, depois de ler o Jornal de Roraima de hoje pensei em promover o deputado Soldado Sampaio a, no mínimo, cabo. Cabo Sampaio, que tal? Pela primeira vez, um político da dita oposição ou um autoproclamado analista acertou uma.
Quer dizer, acertou só um pouquinho, se acertasse tudo não seria soldado: seria general. Acertou quando disse ser necessário que as lideranças políticas se posicionem e indiquem um candidato da chapa majoritária que vai se opor ao grupo governista. Para ele, as lideranças oposicionistas “não se posicionam e não apresentam nada de concreto. A oposição não se decide e enquanto isso, a situação está nadando abraçada”. Até aí, foi bem. Depois enveredou pelo perigoso caminho da denúncia vazia e perdeu uma bela promoção. Quem sabe na próxima?

O caso é que nem ele nem, até hoje, ninguém que eu tenha lido atentou para um detalhe importante do jogo que já está sendo jogado há muito tempo. Quando, ainda em outubro do ano passado, concebeu o Movimento Roraima Forte, com todo cuidado, cobrindo todas as possibilidades, e lançou-o com a pompa e circunstância devidas, o Senador Romero Jucá deu um nó difícil de desatar. Armou um projeto tão abrangente e com objetivos tão meritórios e inquestionáveis que, primeiro, permite a adesão muito bem justificada de qualquer, eu disse qualquer, político que se queira comprometido com o desenvolvimento de Roraima. E quem não é? Segundo, deixou a oposição, que já estava carente de nomes competitivos, completamente sem discurso. Afinal de contas, quem pode ser contra um Movimento que assume compromissos tão indiscutíveis com o desenvolvimento sustentável do Estado? Quem pode, em sã consciência, ser contra um Movimento que defende a autodeterminação e a liberdade, a produção e o empreendedorismo, a consolidação da infraestrutura, um serviço público de qualidade e uma gestão moderna e eficaz? Em suma, tudo o que Roraima precisa para crescer está ali, é dificílimo ser contra. E é facílimo ser a favor. Afinal de contas, aderir a um projeto dessa magnitude e com tais objetivos jamais pode ser chamado de fisiologismo, não é verdade?
Até aí foi o nó. Agora vem o nó do nó. Raciocinemos aqui, não dói nada. Se o Movimento Roraima Forte já se apropriou da bandeira do desenvolvimento em bases modernas e sustentáveis, com que bandeira a oposição vai às ruas: mais órgãos públicos, mais terras para os índios, menos árvores cortadas ou invada que o governo garante?
E, se forem capazes de sacar do bolso do colete uma proposta mágica, uma bandeira meritória, quem vai empunhá-la? Quem, afora os com problemas, digamos, judiciais, vai ser capaz de se comparar e contrapor a uma liderança que nesta semana, só para exemplificar, deu mais um show de articulação, influência e poder no Congresso, onde as coisas realmente acontecem?
Aprendi com os índios do Xingu. Se você vir um caminhão cheio de gente indo para algum lugar, não pergunte para onde ele está indo, suba imediatamente que só pode ser para um lugar bom. 


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