Com a autoridade que os muitos anos de idade e como
observador da cena politica Brasil afora me conferem, depois de ler o Jornal de
Roraima de hoje pensei em promover o deputado Soldado Sampaio a, no mínimo,
cabo. Cabo Sampaio, que tal? Pela primeira vez, um político da dita oposição ou
um autoproclamado analista acertou uma.
Quer dizer, acertou só um pouquinho, se acertasse tudo
não seria soldado: seria general. Acertou quando disse ser necessário que as lideranças
políticas se posicionem e indiquem um candidato da chapa majoritária que vai se
opor ao grupo governista. Para ele, as lideranças oposicionistas “não se
posicionam e não apresentam nada de concreto. A oposição não se decide e
enquanto isso, a situação está nadando abraçada”. Até aí, foi bem. Depois
enveredou pelo perigoso caminho da denúncia vazia e perdeu uma bela promoção.
Quem sabe na próxima?
O caso é que nem ele nem, até
hoje, ninguém que eu tenha lido atentou para um detalhe importante do jogo que
já está sendo jogado há muito tempo. Quando, ainda em outubro do ano passado,
concebeu o Movimento Roraima Forte, com todo cuidado, cobrindo todas as possibilidades,
e lançou-o com a pompa e circunstância devidas, o Senador Romero Jucá deu um nó
difícil de desatar. Armou um projeto tão abrangente e com objetivos tão meritórios
e inquestionáveis que, primeiro, permite a adesão muito bem justificada de qualquer,
eu disse qualquer, político que se queira comprometido com o desenvolvimento de
Roraima. E quem não é? Segundo, deixou a oposição, que já estava carente de
nomes competitivos, completamente sem discurso. Afinal de contas, quem pode ser
contra um Movimento que assume compromissos tão indiscutíveis com o desenvolvimento
sustentável do Estado? Quem pode, em sã consciência, ser contra um Movimento que
defende a autodeterminação e a liberdade, a produção e o empreendedorismo, a consolidação
da infraestrutura, um serviço público de qualidade e uma gestão moderna e
eficaz? Em suma, tudo o que Roraima precisa para crescer está ali, é dificílimo
ser contra. E é facílimo ser a favor. Afinal de contas, aderir a um projeto
dessa magnitude e com tais objetivos jamais pode ser chamado de fisiologismo, não
é verdade?
Até aí foi o nó. Agora vem o
nó do nó. Raciocinemos aqui, não dói nada. Se o Movimento Roraima Forte já se
apropriou da bandeira do desenvolvimento em bases modernas e sustentáveis, com
que bandeira a oposição vai às ruas: mais órgãos públicos, mais terras para os
índios, menos árvores cortadas ou invada que o governo garante?
E, se forem capazes de sacar
do bolso do colete uma proposta mágica, uma bandeira meritória, quem vai
empunhá-la? Quem, afora os com problemas, digamos, judiciais, vai ser capaz de
se comparar e contrapor a uma liderança que nesta semana, só para exemplificar,
deu mais um show de articulação, influência e poder no Congresso, onde as
coisas realmente acontecem?
Aprendi com os índios do Xingu. Se você vir um caminhão cheio de gente indo para algum lugar, não pergunte para onde ele está indo, suba imediatamente que só pode ser para um lugar bom.
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