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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Experiênci doidvanas

Nessa linha de tirar renda de terras indígenas, há uma experiência passada muito interessante. Aí pelo fim dos anos 70 início dos 80, um grupo de indigenistas da FUNAI, liderados por Odenir e Xará, e certamente sob a inspiração de Cláudio Romero, o gênio da raça, montou um grande projeto para produzir arroz em terras dos Xavantes, no Mato Grosso. A FUNAI botou tratores, insumos, sementes o diabo a quatro em suas mãos. Toca a trabalhar, construir armazéns, alojamentos, toca a destocar, arar, gradear, semear... E os índios só olhando aquele salseiro todo. Resumo da ópera: os caras não sabiam nada de produzir arroz em bases lucrativas, jogaram um dinheirão fora e o projeto deu no que era previsto: nada. E os índios? Não ganharam nada (a não ser os tratores para se locomover), não aprenderam nada, não mudaram em nada seus hábitos de viver um dia por vez. Em compensação, a expectativa gerada elevou o rol de suas necessidades de consumo. E até hoje batem à porta da FUNAI, querendo caminhões, caminhonetes e, vamos ser claros, uma grana pra comprar o que precisam. Ou vocês pensam que índio é besta e prefere ter um trabalhão caçando em vez de comprar a carne ali no açougue mais próximo? Ou vocês pensam que fazer panela de barro é melhor do que comprar panela de alumínio? Ou vocês pensam que remar feito um condenado rio acima é melhor do que rodar a manete de um bom motor de popa? Se pensam, não conhecem a natureza humana. Deve ser por isso que a FUNAI abandonou experiências do tipo.

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