Nessa linha de tirar renda de terras indígenas, há uma
experiência passada muito interessante. Aí pelo fim dos anos 70 início dos 80,
um grupo de indigenistas da FUNAI, liderados por Odenir e Xará, e certamente
sob a inspiração de Cláudio Romero, o gênio da raça, montou um grande projeto
para produzir arroz em terras dos Xavantes, no Mato Grosso. A FUNAI botou
tratores, insumos, sementes o diabo a quatro em suas mãos. Toca a trabalhar,
construir armazéns, alojamentos, toca a destocar, arar, gradear, semear... E os
índios só olhando aquele salseiro todo. Resumo da ópera: os caras não sabiam
nada de produzir arroz em bases lucrativas, jogaram um dinheirão fora e o
projeto deu no que era previsto: nada. E os índios? Não ganharam nada (a não
ser os tratores para se locomover), não aprenderam nada, não mudaram em nada
seus hábitos de viver um dia por vez. Em compensação, a expectativa gerada
elevou o rol de suas necessidades de consumo. E até hoje batem à porta da
FUNAI, querendo caminhões, caminhonetes e, vamos ser claros, uma grana pra
comprar o que precisam. Ou vocês pensam que índio é besta e prefere ter um
trabalhão caçando em vez de comprar a carne ali no açougue mais próximo? Ou
vocês pensam que fazer panela de barro é melhor do que comprar panela de
alumínio? Ou vocês pensam que remar feito um condenado rio acima é melhor do
que rodar a manete de um bom motor de popa? Se pensam, não conhecem a natureza
humana. Deve ser por isso que a FUNAI abandonou experiências do tipo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Só serão aceitos comentários identificados por nome e email do comentarista.