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1970. A Ditadura barbarizando e o povo delirando. |
Depois da mais que estrondosa, pornográfica e, por
que não dizer?, merecida vaia em Dilma na abertura da Copa, começa-se a discutir
com mais vigor a influência do desempenho da seleção no resultados das eleições.
Desde muito antes do início da competição, tenho lido analistas amadores e
profissionais e, até mesmo, ouvido de políticos experientes que a eleição de
Dilma está diretamente ligada ao desempenho da Seleção. Conclusões geralmente
simplistas. Para não dizer simplórias. É lógico que há alguma espécie de
correlação, mas a história nos mostra que uma coisa tem muito pouco, quase
nada, a ver com a outra. Se não, vejamos.
Em 1958, 62, 66, 70, 74, 78, 82 e 86 teve Copa, mas
não teve eleição. E, embora o governo militar tenha faturado muito bem o
tricampeonato, não se pode falar em eleição, principalmente nos anos sessenta e
setenta. 1990 teve copa, mas não teve eleição. 1994 teve copa, teve eleição, a
seleção ganhou o tetra e o candidato do Governo ganhou, com Fernando Henrique.
Ganharia com ou sem seleção: o Plano Real e seu golpe mortal numa inflação de
900% ao mês inflação era estandarte difícil de ser batido. Com ele, até Eymael ganhava.
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Taí uma boa ideia. |
2006, o Brasil ficou melancolicamente no meio do
caminho e Lula, com Mensalão e tudo pelas costas, reelegeu-se. 2010. Copa, mais
uma vez o Brasil ficou no meio do caminho. E Lula elegeu seu poste.
Agora, copa, no Brasil. Dilma vai à eleição com um
amontoado de denúncias sobre faturamento nos estádios, obras inacabadas,
aeroportos sem condições, escândalo da Petrobrás, estradas em petição de miséria,
demonstrações cabais de incompetência, e mais inflação, crescimento ridículo da
economia e outras tantas mazelas. Sua eleição, como as outras, não depende do
desempenho da Seleção. Ganhemos ou percamos a Copa, a eleição será muito mais
influenciada por quantos forem à rua protestar, com que disposição vão exigir o
famoso padrão FIFA. E, principalmente, o quanto estão cansados de serem debochados
por um PT afundado em corrupção, que nos está fazendo perder oportunidades e
nos pondo no caminho do mais primário dos bolivarianismos, do venezuelano ao
boliviano. A vaia foi muito mais do que um desabafo: foi uma manifestação de
nojo. E pode, sim, indicar uma tendência.
João Saldanha dizia que se macumba ganhasse jogo o
campeonato baiano terminaria empatado. Pois é. Ganhar ou perder a copa não
derrota ninguém. Já incompetência, inflação, crescimento ridículo e carisma
zero...
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