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domingo, 15 de junho de 2014

Resultado da copa e eleições: algo a ver?

1970. A Ditadura barbarizando e o povo delirando
Depois da mais que estrondosa, pornográfica e, por que não dizer?, merecida vaia em Dilma na abertura da Copa, começa-se a discutir com mais vigor a influência do desempenho da seleção no resultados das eleições. Desde muito antes do início da competição, tenho lido analistas amadores e profissionais e, até mesmo, ouvido de políticos experientes que a eleição de Dilma está diretamente ligada ao desempenho da Seleção. Conclusões geralmente simplistas. Para não dizer simplórias. É lógico que há alguma espécie de correlação, mas a história nos mostra que uma coisa tem muito pouco, quase nada, a ver com a outra. Se não, vejamos.

Em 1958, 62, 66, 70, 74, 78, 82 e 86 teve Copa, mas não teve eleição. E, embora o governo militar tenha faturado muito bem o tricampeonato, não se pode falar em eleição, principalmente nos anos sessenta e setenta. 1990 teve copa, mas não teve eleição. 1994 teve copa, teve eleição, a seleção ganhou o tetra e o candidato do Governo ganhou, com Fernando Henrique. Ganharia com ou sem seleção: o Plano Real e seu golpe mortal numa inflação de 900% ao mês inflação era estandarte difícil de ser batido. Com ele, até Eymael ganhava.

Taí uma boa ideia.
1998, copa, o Brasil perdeu na final, com convulsão ou amarelão do nosso maior ídolo, e Fernando Henrique se reelegeu no primeiro turno. 2002, copa, o Brasil ganhou o penta, Vampeta deu cambalhota na rampa do Planalto e Lula ganhou do candidato de Fernando Henrique, José Serra.

2006, o Brasil ficou melancolicamente no meio do caminho e Lula, com Mensalão e tudo pelas costas, reelegeu-se. 2010. Copa, mais uma vez o Brasil ficou no meio do caminho. E Lula elegeu seu poste.

Agora, copa, no Brasil. Dilma vai à eleição com um amontoado de denúncias sobre faturamento nos estádios, obras inacabadas, aeroportos sem condições, escândalo da Petrobrás, estradas em petição de miséria, demonstrações cabais de incompetência, e mais inflação, crescimento ridículo da economia e outras tantas mazelas. Sua eleição, como as outras, não depende do desempenho da Seleção. Ganhemos ou percamos a Copa, a eleição será muito mais influenciada por quantos forem à rua protestar, com que disposição vão exigir o famoso padrão FIFA. E, principalmente, o quanto estão cansados de serem debochados por um PT afundado em corrupção, que nos está fazendo perder oportunidades e nos pondo no caminho do mais primário dos bolivarianismos, do venezuelano ao boliviano. A vaia foi muito mais do que um desabafo: foi uma manifestação de nojo. E pode, sim, indicar uma tendência.

João Saldanha dizia que se macumba ganhasse jogo o campeonato baiano terminaria empatado. Pois é. Ganhar ou perder a copa não derrota ninguém. Já incompetência, inflação, crescimento ridículo e carisma zero...

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