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Baixa rejeição: isso é bom ou ruim? |
Marco Maciel, um dos
políticos com maior capacidade de análise da cena politica e da natureza humana
que conheci, dizia que esse negócio de rejeição muito baixa não é atributo
positivo para competir numa eleição. Segundo ele, rejeição baixa significa
baixo nível de polemicidade, que reconhecia nele próprio. Ou seja, um político
com baixa rejeição geralmente é um político com aceitação pouco firme, incapaz
de montar um grupo de seguidores fiéis, daqueles que estão com o cara em qualquer
tormenta, que o defendem em qualquer situação, que partem pro pau por ele.
As aparências quase sempre enganam.
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É mais ou menos por aí. |
Um politico assim, com baixo
nível de polemicidade, é do tipo que nem fede nem cheira. Ou seja, não desperta
sentimentos exacerbados, negativos ou positivos. Ninguém odeia. Em compensação,
ninguém ama apaixonadamente. O contrário do que é Maluf, por exemplo, o
arquétipo do político polêmico. Há quem o siga cegamente. Há quem o rejeite ao
nível da repulsa. Mas não há quem lhe seja indiferente.
A baixa rejeição geralmente
é fruto do não posicionamento político, do evitar tomar posição em assuntos que
dividam opiniões. Um politico com baixa rejeição não é vermelho nem verde: é
incolor. Não está deste ou do outro lado do muro: está sobre ele,
equilibrando-se pra ver se consegue manter sua posição dentro do seu grupo.
Se estou falando de Ângela?
Claro. A candidata do PT montou a farsa da aluna de colégio de freiras, que tem
um comportamento sempre impecável, que não é sim nem não, muito pelo contrário.
Me digam quando ela tomou posição em assuntos polêmicos, em que momento confrontou
a maioria ou a minoria? Quando votou contra a redução da maioridade penal,
dirão vocês. E estão enganados. Ali, mais uma vez mostrou-se uma menina
obediente. E votou para não desagradar seu Partido, que lhe dá a sustentação e
substância políticas que ela não tem por si própria. No mais, limitou-se a
ficar de fora. E aplaudir e sair na foto depois que as lutas eram ganhas.
A hora do vamos ver.
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Dá para explicar esse perdão a tanta ofensa? |
Pesquisa presidencial – Resultado do Ibope tem lá as suas estranhezas, mas uma coisa é certa: é muito ruim para DilmaDo blog de Reinaldo Azevedo
É… A pesquisa do Ibope sobre a intenção de votos para presidente da República foi divulgada depois do encerramento da convenção do PMDB. Tivesse saído antes, o resultado poderia ter sido ainda pior para a presidente Dilma Rousseff. Se a eleição fosse hoje, segundo o instituto, a petista teria 38% das intenções de voto, oscilando dois pontos para baixo em relação à de maio. Já Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, oscilaram dois pontos para cima: o tucano aparece com 22%, e o peessebista, com 13%. O Pastor Everaldo, do PSC, surge com 3%.
Os números são significativamente distintos dos da pesquisa Datafolha, divulgados há quatro dias: nesse caso, a petista aparece com 34%, o tucano, com 19%, e o ex-governador de Pernambuco, com 7%. No Ibope, pois, Campos teria quase o dobro dos votos do que lhe confere o Datafolha.
Seja lá como for, os números não são bons para Dilma, especialmente os do segundo turno. Se a eleição fosse hoje, a presidente teria 42% dos votos, contra 33% de Aécio — só nove pontos os separam. Numa polarização dessa natureza, esses nove valem 4,5 pontos. No Datafolha, com números bastante distintos, a diferença é de oito pontos: 46% a 38%. Curiosidade: há menos de um mês, no próprio Ibope, Dilma tinha 43%, e Aécio, 24%. Uma diferença de 19 pontos foi reduzida a… 9! Com a devida vênia, ou a pesquisa de antes (o que me parece certo!) ou a de agora está errada. Por que tamanha mudança na vontade do eleitorado? Também contra Campos, a diferença caiu bastante: de 42% a 22% para 41% a 30%. Do nada, 20 pontos viraram 11.
Estranha simulação
O Ibope fez ainda uma estranha simulação, consta que a pedido da Uvesp, a União dos Vereadores de São Paulo. Apresentou o nome dos pré-candidatos associados a vice. Só Campos ampliaria significativamente o seu eleitorado quando associado a Marina Silva: teria 17% ou 18% das intenções de voto. A variação de Aécio e Dilma seria irrelevante, independentemente dos respectivos vices. A simulação é um pouco estranha porque campanhas não costumam se ancorar em vices, né? Pela primeira vez uma pesquisa aponta uma transferência de votos dessa magnitude de Marina para Campos, coisa que a gente não percebe no eleitorado da ex-senadora.
O PT tinha comemorado efusivamente, na pesquisa anterior do Ibope, o que considerava estancamento da queda de Dilma e início da recuperação (no caso, ela passara de 37% em abril para 40% em maio). Certamente, o PT negará agora que a crise continua.
Oportunismo de grevistas e sem-teto (Editorial)
O Globo
de extrema obviedade a coincidência entre movimentos grevistas e reivindicatórios, como o do MTST em São Paulo, e a proximidade da Copa. Afinal, será muito ruim para torcedores, população em geral e imagem do país, se a cidade-sede do jogo de abertura do torneio, amanhã, enfrentar dificuldades devido a passeatas e conflitos nas ruas.
Sindicatos, entre eles o dos metroviários paulistas, e o MTST demonstraram oportunismo ao transformar a Copa em refém na tentativa de conseguir o que desejam.
Os metroviários esbarraram em dois obstáculos: a Justiça do Trabalho concedeu à categoria 8,7% de reajuste, acima da inflação, portanto, assim como cumpriu a lei ao declarar a greve “abusiva”; e o governo de Geraldo Alckmin demitiu dezenas de grevistas depois disso.
A maior vítima de greves no transporte público, como sempre, é a grande massa da população, de renda mais baixa. Com toda razão, por isso, a desembargadora Rilma Hemérito, do Tribunal Regional do Trabalho paulista, fez duras reprimendas em reuniões distintas de conciliação com metroviários e representantes de motoristas e cobradores.
Além da Copa, outros ingredientes no momento atribulado da cidade de São Paulo são a relativa vulnerabilidade da candidatura da presidente Dilma à reeleição e a situação incômoda do pré-candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes, Alexandre Padilha, escolhido por apenas 3% dos eleitores ouvidos em recente pesquisa.
Fica mais fácil, neste quadro, pressionar o PT do Planalto e o do governo do prefeito Fernando Haddad. Se os metroviários ainda ameaçam devido às demissões, as quais desejam reverter em troca de uma quinta-feira sem dificuldades na cidade, os sem-teto do MTST, braço urbano do MST, suspenderam qualquer manifestação para amanhã. E os próximos dias, pois conseguiram importantes vitórias.
A primeira, fazer que com a área invadida ao lado do Itaquerão, onde haverá o jogo Brasil e Croácia, seja incluída no programa Minha Casa Minha Vida. E depois forçaram a própria mudança do programa de habitação, para seu alcance não se limitar a moradores de áreas de risco, além de ampliar o número de unidades a serem construídas e aumentar o limite da renda familiar dos beneficiários de R$ 1.600 para R$ 2.172, a fim de incluir os “sem-teto” paulistanos, a clientela do MTST.
Antigo aliado do Planalto, o MST, agora na versão urbana, é mais uma vez beneficiado. Já no início do primeiro governo Lula, o decreto que impedia desapropriação de terra invadida foi considerado letra morta. Agora, a prefeitura e o Planalto tratam de ajudar o MST urbano em São Paulo, cujo prefeito está mal avaliado pela população. Ficou uma mensagem implícita: se quiser casa, filie-se ao MTST. E, dessa forma, o direito constitucional de propriedade passa a ser ainda mais fragilizado na maior cidade do país.
(Postado por Marcelo Coutelo)
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