Cedo na manhã, num box do Mercado
de São Francisco, proprietária do pequeno negócio atende a um senhor, cliente
antigo. Conversavam.
- Sabe quem passou por aqui? O Chico.
- Qual Chico, o Rodrigues?
- Ele mesmo. Sempre tomou
café aqui no Mercado. E continua tomando depois que virou governador. Passou
apressado, daquele jeito dele, me deu um abraço e foi embora zunindo. Simpático
que só. Gosto demais do jeito dele.
- É o Chico é gente simples.
Pena que se juntou com essa oligarquia do Jucá.
- Oliga...o quê?
- Oligarquia. É quando uma
família toma conta do poder político.
- Oi, e o Chico é parente do
Jucá?
- Não. O candidato a vice do
Chico é que é filho do Jucá. E é aí que a coisa vira uma oligarquia: Jucá Senador,
o filho Vice-governador, Teresa Prefeita de Boa Vista...
- Mas a Teresa não tá
separada do Jucá?
- Tá. Mas trabalham juntos,
afinados, ele arranjando o dinheiro, mexendo os pauzinhos em Brasília e ela
fazendo as coisas, mandando em Boa Vista. Oligarquia da mais pura. A gente tem
que tomar cuidado.
- Ah...sei. Me diz uma
coisa: Otomar e Marluce era oligarquia?
- É... mas...
- Peraí. Neudo e Sueli e os
parentes todos que passaram oito anos mandando, era oligarquia?
- Pode-se dizer que sim,
eram sim.
- E esse menino Flamarion,
mais aquela mulher dele meio sem ânimo, coitada, a Ângela, que foram governo, saíram
pela porta dos fundos e agora se juntaram com Telmário e a mulher dele...como é
o nome dela, meu Deus... Suzete... isso tudo é uma oligarquia das grandonas, né
não?
- De certa forma, é isso
mesmo.
- E Getúlio mais os irmãos e
a parentaiada toda?
- Oligarquia.
- Ah...bom. Todo esse tempo
e as oligarquias mandando na vida da gente e a gente sem nem saber. Se você não
me conta agora eu nunca que ia saber de uma coisa dessas. Veja só como é a
vida.
- Pois é. Agora o Jucá quer
fazer a dele. E com o poder que tem...
- Vou lhe dizer uma coisa. Tirando talvez o Otomar mais a Marluce, essas oligarquias aí que você falou, que vem mandando em Roraima desde que eu
me entendo de gente, não me serviram de nada, não fizeram nada pelo estado, não
bateram um prego numa barra de sabão, como se diz, tá entendendo?
- Mas o Jucá...
- Deixa eu terminar. A
Oligarquia do Jucá mais Teresa, que você diz que continuam trabalhando juntos,
toda vez que pegaram Boa Vista pra tomar de conta foi uma beleza, a cidade
ficava outra coisa, limpa, cheia de jardim... Aí voltava essas outras
oligarquias e desgraçavam tudo. Não viu o jeito que deixaram a cidade quando
Getúlio mandava lá mais do que o diabo?
- Também não é assim...
- Ou você não lembra ou não
quer lembrar. Teresa pegou essa cidade arrasada no começo de 2013, foi ou não
foi? E em pouco tempo a cidade já está com outra cara, é trabalho pra todo
lado, é limpeza, é praça, é rua asfaltada... até escola com ar condicionado, te
mete!
- Mas você tem que pensar no
futuro, na dominação da oligarquia do Jucá.
- Olha aqui, rapaz, vou te
dizer uma coisa: se a oligarquia que você diz que o Jucá quer botar no Governo fizer pelo estado a metade,
tá entendendo, a metade do que a Teresa fez nas vezes que tomou de conta de Boa
Vista, já tá ótimo. Precisa muito, não, a metade, tá escutando, basta fazer a metade que já vai ser
uma beleza. Oligarquia desse tipo, meu amigo, eu quero até o caroço! Ei, peraí,
esquecesse a farinha. Faz mal não, vou guardar aqui que depois ele volta.
Oi Coutelo. Parabéns. Ótimas linhas. Como uma matéria que fiz recentemente. Muitos reclamam que a maioria dos candidatos para essa eleição 2014 são de fora do Estado. E esquecem que estes, quando eleitos, fazem muito mais do que os que nasceram aqui, e não é preciso nem dar exemplos. Temos que ver a história e recordar a trajetória de Roraima para perceber o verdadeiro cenário que vivemos hoje. Abraços. Ana Ribeiro
ResponderExcluirObrigado, Ana Cláudia. Acho que atingi o meu objetivo, que era o de acabar com essa insistência em falar de oligarquia e dominação em vez de em capacidade de transformar. Pelo menos não tenho visto mais ninguém lançar mão daqueles argumentos.
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