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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Mais verbas? Mais médicos? Nada disso: menos burocracia.

No Rio Grande do Norte...
Entra eleição, sai eleição e a cantiga é sempre a mesma: a oposição vai centrar o discurso em saúde, educação e segurança, apontando o que está errado e mostrar como vão resolver o problema. É infalível. Até porque as pesquisas continuam revelando que esses são os problemas que mais preocupam os eleitores.

Educação não tem muito apelo, a não ser uma ou outra escola a céu aberto. E é questão que produz efeitos no longo prazo e não muito visíveis. Segurança e saúde, não. Ambas têm um lado dramático a se explorar. Principalmente a saúde, onde qualquer opositor se farta expondo corredores cheios de doentes, macas pelo chão, falta de médicos e equipamentos, depoimentos dramáticos e, se bobear, uma ou outra morte por falta de atendimento ou excesso de lotação.

As soluções apontadas também não variam. E o que se vê é um desfilar de promessas de mais recursos para a saúde, da construção de mais unidades, de reequipamento e modernização, da contratação de mais profissionais da área, da implantação de um ambicioso plano de cargos e salários. E por aí vai. Entra eleição, sai eleição, tudo continua na mesma. 
É preciso reconhecer que, a não ser que se mude radicalmente os paradigmas de sua administração, a saúde é e vai continuara sendo o maior problema do gestor público. E não é por falta de recursos, má vontade do governante, corrupção ou o que seja que opositores elejam para explicar o problema e prometer resolvê-lo. É porque a burocracia estatal não permite uma gestão eficaz. Ponto.

...ou em Portugal, o problema é o mesmo: excesso de burocracia.
Qualquer unidade de saúde que seja gerida pelo setor público vai ter problemas, sempre. Porque não há decisão local. Porque o seu diretor tem menos autonomia do que um burocrata do Ministério ou da Secretaria, seja Estadual ou Municipal. É ele, esse burocrata, que toma as decisões que percorrerem um longo e tortuoso caminho até chegar onde o problema está: no paciente. O estado de São Paulo, ao passar a gestão de suas unidades de saúde para organizações sem fins lucrativos, consegue operar uma saúde pública a anos luz da dos demais estados brasileiros. E por quê? Porque a decisão é local. E não tem um monte de funcionários concursados e estáveis no meio do caminho. Se faltar um quimioterápico por falta de planejamento, manda comprar logo, onde quer que seja mais rápido comprar, e depois pune quem não planejou os níveis necessários de estoque. E, se o preço for superfaturado, demite sumariamente e processa o infeliz que superfaturou. Simples assim. Onde a saúde é operada pelo organismo do estado, ela é ruim. E continuará sendo. Porque o governo, qualquer governo, é manietado pela burocracia estatal. 

Sempre tive a impressão – na verdade uma simplificação grosseira - de que, com o que os governos gastam com a burocracia para manter o enorme aparato necessário a prestar um péssimo serviço, dava para dar um bom plano de saúde para cada brasileiro que não tenha condições de pagar por um. E botar a burocracia para fiscalizar e punir com velocidade e rigor o não cumprimento das regras e atendimento estrito aos padrões que o governo estabelecer. Se sair das mãos do Estado, a saúde funciona. Aqui e em Timbuctu.



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