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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Prometer como sem falta para faltar como sem duvida. Ou: quem manda no quê?

Quem manda na Casa do Povo? O preposto ou os nossos representantes?
Em se tratando de quem se está tratando, o tempo já mostrou que, suas práticas políticas, tudo é possível. Iludir os eleitores até a última hora, afrontar a Justiça – eleitoral, dos homens e de Deus -, boi voar, prometer como sem falta e faltar como sem dúvida, trair como quem coça, enfim, o repertório é vasto e vasta é a disposição de usá-lo de pé a ponta na insaciável busca pelo poder a qualquer custo para lambuzar geral. Até aí tudo bem, o homem é seu estilo, seu caráter e suas circunstâncias.
Agora tudo tem – ou deveria ter - um limite. Fico aqui boquiaberto tendo notícias de que o homem, para conseguir apoio no segundo turno, prometeu a Presidência da Assembleia a um deputado que estava do outro lado. Mas que a dita presidência já estava devidamente prometida a outro. Nada a estranhar, trair é do seu DNA e os prometidos que se entendam com o prometedor Mas, peraí: como é que o dono (o dono é ele, pois não?) do poder Executivo pode prometer a Presidência do poder Legislativo? E é assim? E é ir chegando e distribuindo os cargos do Poder Legislativo a seu bel prazer? E os deputados, como é que ficam? Aceitam tudo calados, sem tugir nem mugir, ou erguem a voz num formidável EPA, vamos com calma, aqui quem manda somos nós. E, como de fato, ali, na Assembleia, quem manda são eles. Ou não? Ou acabaram com a independência dos poderes e ninguém me avisou? Ou os nossos representantes, eleitos por nós, resolveram entregar a rapadura logo no comecinho do mandato. Recuso-me a acreditar numa barbaridade dessas. Ali na Assembleia ainda tem homens e mulheres de brio, que sabem o poder que lhes foi por nós conferido e saberão honrar as calça e saias que vestem. Tomara Deus!

A propósito.

O mundo endoidou de vez. Leio ali num dito jornal e no sempre informado e arguto Edersen que o Governador Chico Rodrigues recebeu o engenheiro Neudo Campos para tratar da transição. Fico aqui pensando: tirando tudo o que Chico disse do referido engenheiro no período eleitoral – e não foram exatamente elogios -, quem é Neudo Campos para merecer ser recebido pelo Governador? Que apito ele toca? A que alturas chegou? E é assim, é? E é ir chegando e entrando? Para tudo existe um limite. Principalmente para o protocolo, a Agenda e, sobretudo, a liturgia do cargo de Governador de Estado.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

E se a gente ganhar?

Ali pelos anos setenta tornou-se corriqueira uma piada que retratava a dificuldade dos países latino-americanos engatarem um processo de desenvolvimento que os livrasse da monocultura para exportação. Dizia-se que, numa certa República Bananeira, reuniram-se os mais sábios para encontrar uma solução e que, procura daqui, cascavilha dali, queima-se a mufa e, finalmente, o gênio da raça local saiu com a grande ideia:

- A solução é a gente declarar guerra aos Estados Unidos e à Inglaterra. Aí eles nos invadem, arrasam uma coisinha aqui, outra ali, ganham a guerra e, depois, entram com um plano de recuperação cheio de grana e a gente começa a se desenvolver sem limites. Não vê o que aconteceu com a Alemanha e o Japão depois da guerra? Os Estados Unidos e a Inglaterra invadiram, arrasaram e depois despejaram rios de dinheiro lá. Tanto que, em pouco tempo, todos os dois viraram potencias econômicas mundiais e vão muito bem, obrigado. A plateia prorrompeu em aplausos, em êxtase com a ideia genial, já definindo providências para a declaração de guerra. Até que um tímido assistente do assessor, quietinho lá num canto, pediu timidamente e palavra e fez a pergunta definitiva:
- Tudo bem. Mas... E se a gente ganhar?
A falta que faz um idiota da objetividade...
Algo parecido aconteceu num promissor estado do norte do País. Atolado numa eterna dependência do setor público, que já demonstra incapacidade de gerar empregos e oportunidades econômicas no comércio e nos serviços, tem como único caminho implantar urgentemente um processo produtivo em larga escala, capaz de gerar efeitos para frente e para trás na economia, criar oportunidades em cascata e, consequentemente, empregos capazes de absorver o crescimento de sua população economicamente ativa.
Diante desse dilema, um grupo de gênios políticos reuniu-se para encontrar a solução. E o mais genial entre eles saiu com a mãe de todas as ideias.

- Nós temos um senador que é reconhecidamente um dos mais influentes políticos do cenário nacional, uma máquina para trabalhar, sujeito determinado, focado nos objetivos e que tem verdadeira obsessão por realizar, transformar. E, além disso, capta recursos como ninguém mais. Então, vamos declarar-lhe guerra aberta, sem quartel. Aí o candidato que ele apoia ganha por pouco, ele fica mordido e, só para mostrar força, dana a trabalhar em dobro, sai captando recursos, gerando ideias, atraindo investimentos, resolvendo a negocião para fazer a estrada de Letten/Georgetown... enfim, botando nosso estado no cenário nacional. E, como o candidato dele ganhou por pouco, nós vamos sair muito fortalecidos e vão ter que negociar tudo com a gente. E é aí que a gente se acomoda e, o que é melhor, sem aquela trabalheira toda. Não é uma ideia genia?
Todos concordaram com tao genial ideia. Só que, nesse dia, o idiota da objetividade faltou à reunião e não pode fazer a pergunta-chave: E se a gente ganhar?
Pois é. Ganharam. O problema é que ganharam. E até hoje não apresentaram uma ideia que seja sobre como sair do atoleiro ou sobre nada. Mas já deflagraram a corrida ao cargo, mostrando que o  caminho vai continuar a ser o do serviço público para a fartura de poucos. Fico aqui pensando na falta que faz um idiota da objetividade numa hora daquelas...

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

E por falar em onze...(para ir recitando até a urna)

Quando a memória fala, melhor prestar atenção
Afraninho de Sumé


I
Se a memória não me engana
E eu acho que me lembro
A vinte e seis de novembro
De tanto desviar grana
Agindo em baixo dos panos
Vai completar onze anos
Que o Neudo entrou em cana
II
Foi muito grande a chicana
Da história dos gafanhotos
Bichinhos muito marotos
Que gostam de comer grana
Que inventavam salário
Pra devastar o erário
E o Neudo entrou em cana
III
Pra família e pros "bacana"
Camarão a dar com o pau
Do mais fino bacalhau
Para o povo, só banana
E a rua dos desenganos
Está fazendo onze anos
Que o neudo entrou em cana

IV
Era a casa de mãe Joana
Cada um pegando o seu
Porém, a merda fedeu
Alguém tava com a goitana
E delatou a mutreta
A coisa então ficou preta
E o Neudo entrou em cana
V
Depois de grande campana
Da Polícia Federal
Daqui e da capital
Pegaram o safardana
Com muito alarde e agito
Na tal da praga do Egito
E o Neudo entrou em cana
VI
Do bafo da Cruviana
O homem sentiu o peso
Algemado, ele foi preso
Justo naquela semana
Em que tinha novos planos
Está fazendo onze anos
Que o Neudo entrou em cana

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

No desespero, o gato mostra as unhas.

Estão aprendendo que rapadura é doce mas não é mole.
Depois de ver os programas eleitorais da candidata gato-por-lebre na TV neste segundo turno, fui procurar no dicionário o significado da palavra desespero. Tá lá: desesperança com irritação, angústia. Então tá explicado. Neudo nadou em rio sem piranha no primeiro turno inteiro. Ninguém (inclusive, penitencio-me, eu) acreditava que ele fosse candidato, como de fato terminou não sendo. Pensava-se que ia acumular capital eleitoral para negociar com um dos candidatos. Por isso, durante todo o primeiro turno, aproveitou-se do pouco tempo de que dispunha e fez um programa de TV angelical, pastoral, sem uma proposta, apenas vagas promessas de salvação de Roraima. Não bateu em Ângela. Não bateu em Chico. Pra não deixar de aproveitar a onda, aqui acolá, um cauteloso e quase tímido ataque a “tudo isso que está aí”, a forma mais antiga de ficar em cima do muro da história política daqui e d’alhures.

Talvez por conta disso tudo, nenhum dos candidatos tratou de desconstruir sua candidatura, desmitificar sua figura, lembrar seu passado negro e sua administração desastrada, por abaixo suas propostas vagas ou denunciar a falta delas. Chico permaneceu propositivo até o último programa. Ângela mirou em Chico para ver se recebia o troco, colhia a rejeição e crescia pela via da polarização. Não colou. O primeiro turno acabou quase em abraços fraternais. E Neudo surpreendeu com a transferência de votos para o seu poste.
Chico falou grosso. E o gato chamou Telmário.

Agora a coisa muda de figura. É segundo turno, é outra conversa. Para decidir, as pessoas comparam. E a comparação está sendo feita. Chico já deu um chega-pra-lá de bom tamanho no gato que se quer passar por lebre, um “me respeite, cabra!”, que até pelo inusitado do tom forte em pessoa tão cordata, deve ter agradado muito a um povo que historicamente admira demonstrações de macheza. E o seu programa já está revelando o passado negro que todo mundo conhece mas estava escondido pela propaganda enganosa.
Aí os neudistas se deram conta de que a comparação dos dois candidatos é desfavorável a Suely por qualquer ângulo que se queira fazê-la. Viram o tom firme de Chico, suas propostas infinitamente melhores, seu grupo forte e com influência política suficiente para viabilizá-las. Viram o povo ser lembrado do passado negro de Neudo e sua administração, que todo mundo conhece mas estava escondido pela propaganda festiva do primeiro turno.
E a desesperança instalou-se. Ficaram irritados, angustiados. E bateu a raiva. Raiva que se manifesta na repetição de  insinuações e acusações de todo tipo e o tempo todo. Perderam a noção do decoro. Pararam de cantar como cantavam antes. Chamaram Telmário para baixar de vez o nível. E agora só acusam, só mistificam, só atacam, só atiram a esmo. O programa deles ficou amargo. Desespero, o mais puro desespero.
Mas não adianta. O povo repudia o desespero. Prefere a substância, a firmeza de propósitos, a segurança. E já escolheu Chico. Espere só pra ver.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Algo para pensar.


Diante da irracionalidade que tomou conta da eleição e que ameaça comandar a decisão sobre o candidato a ser votado,  um texto publicado neste blog em 08 de agosto, merece atualizado e relido. Ou lido por quem ainda não o leu. Lembrem-se de que, para entrar num processo de desenvolvimento, Roraima vai precisar de muito mais força política, muito mais recursos do que os que hoje lhe são destinados pelas transferências federais obrigatórias e arrecadação própria. Lembrem-se de que a candidatura de Chico, a candidatura ficha-limpa, tem o apoio incondicional e entusiasmado do senador Romero Jucá, de quem todos conhecem a influência política e a capacidade de captar recursos. Do outro lado, a candidatura de Suely, a candidatura ficha-suja no estilo gato-escondido-com-o-rabo-de-fora, conta com a irrelevância política da Senadora do PT. E com a incógnita que será o comportamento de Telmário Mota, que embarca (por enquanto) no barco do PT e abraça a candidatura de Dilma, mesmo com os grandes líderes do seu partido, como o senador Pedro Taques, formando do lado de Aécio. E que, convenhamos, vai demorar um bocado até aprender os caminhos e atalhos até os recursos. Isso se não se satisfizer com aguardar as sextas feiras de plenário vazio para a prática de seu esporte predileto: atribuir todos os males do mundo ao Senador Romero Jucá, sem megafone mas vociferando feito um javali enfurecido. Leiam aí, pensem e decidam.
Ele procurou o BNDES. E resolveu.
Diante da necessidade de ampliação do HGR para atender à crescente demanda, dois senadores por Roraima, duas atitudes. A senadora Ângela procurou a Folha de Boa Vista para, como sempre, revelar sua preocupação E só. É de se esperar que, na mesma situação, Telmário lance mão de seu megafone (agora na Tribuna do Senado) para botar em Jucá a culpa desse problema, da falta de chuva, da praga da acerola, da mosca da carambola e de qualquer outra coisa que lhe ocorra no momento.  Diante do mesmo problema, o senador Romero Jucá já tomou as devidas providências: procurou o BNDES - órgão, diga-se, dirigido pelo PT - e conseguiu recursos para resolver o problema, com a implantação de mais cento e vinte leitos, sendo quarenta de UTI. Tudo fica pronto em dezoito meses. Precisa dizer mais alguma coisa? Precisa outro argumento? 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O efeito borboleta.

O efeito borboleta é uma simplificação da teoria do caos, cuja ideia central é que uma pequenina mudança no início de um evento qualquer pode trazer consequências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro. Por isso, tais eventos seriam praticamente imprevisíveis - caóticos, portanto. Assim, levando a ideia ao extremo, uma borboleta batendo as asas aqui poderia provocar um tufão na China.

A que vem isso? Domingo você vai votar. E ao votar, ao escolher seus candidatos, lembre-se do bater das asas de uma borboleta e da imprevisibilidade de seus efeitos. E aja com muita racionalidade. Não vote com o coração, com o estômago ou com o bolso: vote com a cabeça. Porque vai estar dando poderes a pessoas que irão gerar efeitos não só sobre os próximos quatro anos, mas sobre todo o futuro, seu e de sua descendência, muitos e muitos anos além.

O Brasil e Roraima vivem uma encruzilhada. Ou seguir o caminho da racionalidade e da eficiência como princípios básicos e o desenvolvimento como norte do processo de gestão do estado ou continuar andando pela trilha escura e tortuosa que bota o estado a serviço de um partido, uma ideologia ou dos amigos. Há que escolher o melhor caminho. E o melhor condutor para por ele nos conduzir.

O bolso enganosamente recheado diz: vote Dilma. O coração diz: vote Marina. Mas se queremos seguir o caminho certo devemos ouvir a cabeça. Que diz: vote Aécio, vote Chico. Aécio porque, depois de doze anos de incompetência e assistencialismo enganoso, o Brasil precisa queimar etapas e correr atrás do desenvolvimento e de um futuro que foi descurado em nome de um falso presente, da ilusória sensação de poder que o consumo trás. E Chico porque, depois de anos e anos de patrimonialismo e paternalismo, precisamos alguém que tenha coragem de arrostar velhas práticas e saiba como dirigir a operação desse enorme e lucrativo empreendimento agropecuário em que Roraima se pode transformar.

De qualquer jeito, a borboleta vai bater as asas no próximo domingo. Pode gerar uma brisa com a intensidade e a força suficientes para nos impulsionar velozmente no rumo do nosso destino. Ou pode não gerar nada e deixar tudo na pasmaceira e na dependência em que sempre esteve. Você decide.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A felicidade em setenta e duas suaves prestações.

Qualquer psicólogo de beira de divã lhe dirá: você pode até não curar a depressão de uma pessoa, mas se soltá-la num shopping com capacidade e dinheiro para meter o pé na jaca e desfrutar o poder de comprar aquele monte de coisa que não podia, vai ver que os sintomas diminuem bastante. A que vem isso? E, a propósito, a que vem essa propaganda do Bradesco num blog que se autoproclama não patrocinado? Explicações são necessárias. Calma aí. Essa propaganda vem sendo exibida ao longo da campanha eleitoral, para ser exato, nos últimos trinta dias, por aí. E trata da felicidade que o crédito consignado pode proporcionar. Comprar é poder. Poder comprar é happy. Ter é melhor do que ser. 
Coincidentemente,  hoje, no Bom Dia Brasil, fica-se sabendo que o governo anunciou que aumentou para 72 meses, ou seis anos, o prazo para o pagamento dos empréstimos consignados. Ou seja: mais tempo para pagar = prestações menores, que por sua vez significam o aumento do poder de comprar. E todo mundo comprando = todo mundo happy, como está a população que declara voto em Dilma. Ou conformado. Ou com medo.
Totalmente ou mais ou menos happy, pouco se lixando para escândalos, incompetência gerencial, atraso nas obras, inflação, juros altos, saúde, educação, segurança o escambau,  desde que isso não os impeça de comprar. Porque isso tudo é distante do dia a dia das pessoas, demora para produzir e fazer sentir qualquer melhoria. Além do mais, nem sempre eu preciso de serviço de saúde. 
O futuro é agora. E o presente é happy.
Mas se eu posso consumir uma TV com mais polegadas eu estou happy. Foi nisso que o PT transformou o povo brasileiro. Surfou na onda da estabilidade da moeda proporcionada pelo Plano Real e saiu estimulando o consumo. Lembrem-se que o crédito consignado foi inventado e estimulado no governo Lula, a princípio pelo BMG e, depois, com todos os bancos entrando na farra do empréstimo sem risco. Que beleza, diria Milton Leite. E em doze anos, em vez de criar cidadãos, os governos do PT criaram consumidores, tudo happy. Porque não há nada igual à sensação de poder comprar algo. É ela que nos faz sentir que mudamos de patamar, subimos na vida. Depois da sensação inebriante de comprar, subir na vida, vem o medo de descer, de perder. E foi esse medo que Dilma usou para derrubar os pontos de Marina. Com uma enorme desonestidade intelectual, mas com uma tremenda eficácia, reduziu a mensagem à sua expressão mais simples, traduziu-a para o nível de compreensão do seu eleitor. 
Quem sabe lá o que significa Banco Central Independente? Mas com certeza se sabe que é algo ruim se lhe dizem que isso significa menos comida no seu prato, perda da capacidade de comprar suas coisinhas. 
Nem Aécio nem Marina conseguiram traduzir suas ideias para o nível de compreensão da população, mostrar claramente em que suas vidas melhoram se votarem neles. Em eleição - na presidencial especialmente - a sensação vence a razão. E a sensação dos agarrados feito ostra à candidatura de Dilma é a de que estão happy. E morrendo de medo de perder suas magras conquistas e deixar de sê-lo. Porque não conseguem enxergar o que podem ganhar com Marina ou Aécio, não foram bem informados, não sabem o que é que maria leva. Mas foram convencidos do que que podem perder com eles e sem Dilma. E ninguém quer perder. Por isso Dilma está mantendo os pontos e até crescendo em algumas pesquisas. O que nos salva é seu nível de rejeição, a quantidade de pessoas que nela não votam nem que a vaca tussa. A menos que... o medo se espalhe e vença a razão.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O fim da ilusão. Ou: a cartola mostra seu fundo falso.

O dom de iludir.
Há duas coisas que um político bem sucedido não pode descuidar nunca: da autoconfiança e do tempo. Tem que manter a autoconfiança em rédea curta, porque, além da medida, ela faz com que o político comece a acreditar demais em si mesmo e em seus talentos e deixe de enxergar o outro, os adversários, suas idiossincrasias, seus pontos fortes, seus pontos fracos, enfim, todas as possibilidades (e não probabilidades) que o outro tenha de ser atingido e atingi-lo. Geralmente o excesso de autoconfiança faz o político também perder a noção do tempo e a capacidade de administrá-lo. Há um tempo para tudo. E quem consegue percebê-lo sempre se sai melhor no jogo da política, muito parecido com o poker. Há a hora certa para blefar. Há a hora certa para recolher as cartas e trocar as fichas para pelo menos minimizar o prejuízo.
A que vem essa introdução repleta de obviedades? Ao desempenho de Neudo durante esses meses que antecederam a campanha, a que mais viria? Já foi dito aqui, neste blog, tempos atrás, que Neudo é um ilusionista. E armado com esse dom de iludir, vem enganando seus seguidores desde que perdeu a eleição em 2010. A cada grito de “agora vai”, a galera se inflamava. E a cada frustração, em vez de recolherem as velas, mais e mais acreditavam no capitão e mais o endeusavam e mais o seguiam em sua inebriante aventura.
Daqui não sai mais coelho: o fundo é falso.
Neudo sempre soube que não ia ser candidato. Munido de um parecer mágico, capaz de produzir uma liminar salvadora, foi de instância em instância, de agravo em agravo, de apelação em apelação, de embargo em embargo, com seus malabares no ar, embasbacando os incautos. E cada rebordosa, gritava “agora vai!” e a galera respondia em coro “agora vai”. E continuava engrossando o cordão dos abduzidos.
Aí foi que a autoconfiança e o tempo começaram a revelar o fundo falso da cartola do mágico. Estava claro que ele acumulava capital eleitoral para negociar. Mas sua adoração pela própria esperteza não o permitiu ver que sua liderança não era tão grande assim. Parte dela era estável, aqueles que desde 2010 aguardavam a volta do Messias. Mas grande parte era formada pelos descontentes com o governo (qualquer governo de estado no Brasil, hoje, acumula uma taxa alta de rejeição). E sua candidatura transformou-se numa caixa-de-gordura, onde desaguavam os ressentimentos de ocasião. Não viu que eles não são firmes o suficiente para que sobre eles se tenha algum domínio. O tempo foi aproveitado pelo candidato do governo para mostrar a que viera, revelar seu estilo, apresentar resultados, mostrar do que é capaz e estancar e reverter a derrama do que escorria pelo ralo.  
E assim termina a ilusão. O tempo é implacável
Cego pela autoconfiança, Neudo não viu nada. Acreditou que podia segurar a água que tinha nas mãos. E, sem avaliar corretamente o real tamanho de seu capital, foi negociar alto. Mas o tempo havia passado e os outros enxergavam. Os outros estavam de olho, permanentemente observando as tendências. Os números não mentem. Estatísticas bem feitas dificilmente estão erradas. E elas diziam o tamanho de sua capacidade de transferir. O preço não batia com o que se podia realmente entregar. Voltou de mãos abanando.
E o tempo lhe deixou uma única saída: lançar a candidatura de sua mulher para ver se consegue transferir pelo menos os votos dos fiéis e salva alguma coisa para negociar num segundo turno que, à medida que ela se revela tal como é, vai ficando cada dia mais remoto. Só lhe resta empinar mais uma vez os malabares e, sem discurso e sem proposta, agarrar-se à vaga ideia de salvação para manter os crentes. Tarefa para ilusionista nenhum botar defeito.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Igual fita dupla face: só que não cola!

Não sei se vocês concordam,  mas nota-se um certo constrangimento.

Vamos fazer aqui um exercício de imaginação. Pensem na candidata dois em uma... ou duas em um, sabe-se lá...é tudo tão confuso. Enfim, pensem na candidatura dupla face que Neudo inventou para ver se continua a manter no ar o engodo com que vem enganando seus seguidores, coitados, desde 2011. Só que fita dupla face cola. E essa candidatura, no mais puro estilo me engana que eu gosto, não vai colar. Não vai colar porque tem besta pra tudo, menos pra continuar sendo besta a vida inteira. Um dia neguinho vai acordar e pensar: "Peraí, o que foi que Neudo fez mesmo de tão importante em seus governos para merecer governar mais uma vez, principalmente por meio de sua mulher? Tô fora." 

Mas, voltando à vaca fria, pensem nela, a(o) candidata(o) Neudely, ou Sueleuda, numa sabatina dessas que as TVs promovem com os candidatos. A certa altura, o repórter se vira para ela e pergunta:
- Candidata, quais são os seus projetos para o desenvolvimento da agricultura em nosso estado?
- Hein, agricultura, esse negócio de plantação? Neudôoooooooooooô, acode aqui, que é que a gente vai fazer pela agricultura?
Repórter intervém:
- Candidata, pelas regras acordadas entre os coordenadores de campanha ninguém pode se manifestar, só a senhora.
- É assim? Bem, pela agricultura a gente vai...
Aí Neudo, da platéia, junta as mãos no peito, como se estivesse orando, depois as levanta para o céu, olhando para cima.
- Ah, lembrei. Nós vamos salvar a agricultura. A agricultura não está agricultando e é preciso ser salva. E, para salvar a agricultura, nós vamos plantar diversas escolas padrão. Porque a escola padrão é a salvação da lavoura. Além de plantar escolas padrão, vamos adubar nosso discurso, porque nosso discurso, você sabe, é bom e basta ele para salvar o que precisa ser salvo. Nós somos a salvação, não é, Neudo?
Parece e é um exagero. Mas o pior é que tem muita gente acreditando nessa farsa.

Neudianas

Vocês sabem qual a diferença entre Getúlio Cruz e Neudo? Simples: Getúlio pensa que é professor de Deus: Neudo tem certeza de que é Deus.

Neudianas II

Diz que se deu um estrondo imenso e, no meio de uma nuvem, uma voz dirigiu-se a Neudo. Era Deus, ele mesmo, o todo poderoso, que disse:
- Meu filho, você pensa que é Deus, mas cometeu uma pequena confusão. Eu criei a praga dos gafanhotos no Egito para salvar os judeus. Você criou uma praga de gafanhotos em Roraima para enriquecer os seus. Eu sei que rima, mas, vamos combinar que não justifica.

Amor próprio em baixa

Arruda, como Neudo, renunciou por conta da Lei da ficha suja. Só que Arruda indicou seu vice para substituí-lo. E Neudo, a própria mulher. E Quartiero, que era vice, aceitou essa desconsideração e continuou candidato a vice, apoiando a pantomima. Isso é que eu chamo de amor próprio.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Vai prometendo daí que a gente vai fazendo daqui.

Pesquisas: sem elas ninguém se mexe.
Depois que os marketeiros assumiram o comando e não deixam o candidato dar um pio, emitir uma opinião, tomar uma posição sem antes consultar pesquisas chamadas na maior intimidade de quali, quanti, quali-quanti, tutti quanti e outras que é melhor nem perguntar o nome, a eleição saiu da esfera da política para entrar na da estatística. 
Daí, como as pesquisas são feitas no mesmo universo, com eleitores, que foram determinados por amostras calculadas pela mesma fórmula, o resultado termina sendo igual ou muito semelhante para todos. E todos ficam sabendo o que preocupa o eleitor, que problemas ele quer ver resolvidos e em com qual prioridade. E, de dois em dois anos, lá vamos nós ver todo mundo jurando resolver os problemas da saúde, educação e segurança, não necessariamente nessa ordem. A pesquisa passou a dominar tanto a cena que até em eleição para Prefeito passou-se a tratar de segurança, que nunca esteve entre as atribuições de uma administração municipal.
Prometer resolver problema de segurança só se o candidato (ou as candidatas, sabe-se lá) jurar que vai botar um policial em cada casa. Porque, em pouco tempo, o Ronda nos Bairros, ao botar a polícia na rua, toda hora sendo vista pelo cidadão em todo canto, já conseguiu passar a sensação de segurança que o cidadão quer. Segurança é policiamento ostensivo à vista. O resto é conversa mole. Resumo: de segurança não dá para falar. A não ser com aquela manjada cara-de-pau e aquele discurso que, de tão velho, perdeu a patente e virou genérico.
Ele (ou ela, quem sabe?) promete...

Esse preâmbulo todo foi para lembrar uma coisinha simples que pouca gente deve estar se dando conta: já que todo mundo vai tratar do mesmo assunto, o que é que os outros candidatos vão prometer fazer pelo trio saúde-educação-segurança depois do que Chico Rodrigues já fez em apenas 5 meses de trabalho e, com isso, mostrou arranque, força e velocidade para garantir cumprir o que promete? Vamos aos fatos.
Prometer resolver problema de segurança só se o candidato (ou as candidatas, sabe-se lá) jurar que vai botar um policial em cada casa. Porque, em pouco tempo, o Ronda nos Bairros, ao botar a polícia na rua, toda hora sendo vista pelo cidadão em todo canto, já conseguiu passar a sensação de segurança que o cidadão quer. Segurança é policiamento ostensivo à vista. O resto é conversa mole. Resumo: de segurança não dá para falar. A não ser com aquela manjada cara-de-pau e aquele discurso que, de tão velho, perdeu a patente e virou genérico.

...ela também promete...
Seguindo em frente. Como falar de saúde diante dos 120 leitos mais 40 de UTI que Chico já está implantando no HGR? Prometer o quê?  Só se o candidato/candidata prometer que vai ficar na beira da cama de cada doente, passando a mão em sua cabeça e dizendo tadinho, tadinho. Ou abriga-lo em sua casa. Ou então dizer que vai acabar com os acidentes de moto, que enchem os leitos, e transplantar o Alberto Einstein e o Sírio-libanês para cá. Com equipe médica e tudo. Pense numa promessa caprichada...

...enquanto isso, ele vai fazendo. Ou já fez.
Só mais uma. O candidato/candidata pode prometer o que quiser na área de educação, inclusive pintar todos os prédios, pesar todas as mochilas e botar toda escola para funcionar em tempo integral (a atual grande panaceia da educação, qualquer dia falo disso). Pode prometer tudo, mas não pode garantir a concretização de nada. Mas Chico pode prometer, porque pode garantir. O vice dele foi responsável por uma administração muito bem sucedida na educação municipal da Prefeitura de Boa Vista. Tem experiência e apetite para ajudar a fazer a mesma coisa no Estado. E as propostas de Chico para a educação da campanha já mostram em que fonte se bebeu.

Resumo do resumo: se você pensar direitinho, tirar a emoção e a torcida da equação e comparar, que é o que se devia fazer em cada eleição, sua escolha já está feita. 

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Balança que eu quero ver.

Um governo que balança. E das antigas.
Se há uma coisa que aprendi na vida, essa coisa foi reconhecer meus erros e injustiças.  Esta semana, publiquei no meu blog que a única proposta da senadora Ângela para a educação era pintar todas as escolas. Inclusive sugeri um slogan para a campanha dela, inspirado num bordão das transmissões de futebol da BAND, “Tão bom quando pintar com lukscolor”. Por conta desse post, recebi um telefonema de alguém, que se identificou como integrante do departamento de marketing da Filizola. Com firmeza, mas com elegância e argumentos sólidos, ele me fez ver que, antes dessa proposta de pintar todas as escolas, a Senadora já tinha apresentado e defendido com veemência a ideia de colocar uma balança em cada escola para pesar a mochila que os alunos carregam. E como a Filizola é a mais conhecida marca de balança, tem a prerrogativa que só o pioneirismo é capaz de conferir. Por conta disso, reivindicou, com muita justiça e bons modos, que eu apresentasse um novo slogan: em vez de “Um Governo lukscolor”, “Um governo que balança”, logicamente com a logomarca mudando para uma... balança Filizola.

Ante tais argumentos sou obrigado a reconhecer que cometi uma injustiça e corrigir o meu erro. Mas, cá pra nós, vamos combinar que é alarmante uma pessoa fazer carreira como professora, disputar um cargo sério e que exige preparo como o de governadora e só ter para apresentar para a educação em seu programa de governo duas propostas: pintar todas as escolas e pesar mochilas.  Dá para imaginar o que pretende fazer nas áreas que não conhece. E assusta.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Um governo Lukscolor

Governar é....tacar tinta.
Golpe mortal nos eternos descontentes, aqueles que vivem dizendo que a candidata Ângela não tem programa de governo, não tem ideias, não tem propostas. Tem sim senhor! E das mais retumbantes, tão pensando o quê? Sob o comando implacável e sofisticadíssimo de Telmário e seu fiel escudeiro Rudson Leite, a equipe laboriosa de barbudinhos está parindo uma ideia genial atrás da outra, é só esperar pra ver. Além do mais, é preciso um esforço adicional para eleger a Senadora, que Dilma derrete a olhos vistos, o tempo urge e vai ficar difícil arranjar encosto em órgão federal. Daí o derrame de ideias. É cada ideia, menino!
Ontem, por exemplo, a Senadora disse na TV que sua grande obra vai ser pintar todas as escolas do estado. Foi isso mesmo que eu ouvi? Pois é uma beleza de proposta de governo. Por que ninguém ainda tinha pensado numa ideia tão simples quanto eficaz, uma verdadeira revolução na gestão educacional? Fico imaginando aqui a senadora e um monte de barbudinhos, lata de tinta numa mão e pincel na outra, tacando tinta nas escolas. Vai ser bonito. Vai ser edificante. Vai ser um exemplo de governança e modernidade, vai ser - aliás já é - uma aula de demagogia, cá pra nós. 


Washington Luís. Sabia de nada, inocente!
A escola não funciona? Tinta nela. Os alunos estão morrendo de calor lá dentro? Tinta nela. Os professores estão desmotivados? Tinta nela. O nível de evasão e repetência continuam altos? Tinta nela. Tinta não só resolve todos os problemas como os resolve de maneira limpa e, por que não dizê-lo, brilhante. Quem liga se uma escola está funcionando bem se ela está toda pintadinha, figurando uma casinha de boneca? Quem liga se os alunos não aprendem se não aprendem numa escola que é uma aquarela? Só os invejosos e os eternos descontentes haverão de se posicionar contra uma ideia dessas.
Houve um tempo em que as prioridades eram outras. O Presidente Whashington Luís, por exemplo, cunhou a frase que atravessou décadas: governar é construir estradas. Agora, anos depois, ficamos sabendo que nada disso: governar é pintar escolas. Pra que mais?
Aliás, se eu fosse marqueteiro da candidata mudaria já, já seu slogan de andar pra frente ou pra frente é que se anda, sei lá, por um muito mais vibrante e atual e que está na boca do povo: Um governo tão bom quanto pintar com Lukscolor. Hein, que tal?Pelo menos faz o maior sucesso nas transmissões de futebol da Band. 

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Como passar de insosso a punk em duas semanas.

Preocupada, bem comportada. Verdade que sem ideias, mas...
Se alguma dúvida pudesse haver de que a campanha de Ângela está sendo dirigida por Telmário – com a competentíssima ajuda de Rudson -, o Programa Eleitoral Gratuito da candidata de ontem, na TV, encarregou-se de tirar. Sim, porque até um dia desses o programa da TV era apenas insosso. Até tentava ser propositivo, embora não apresentasse qualquer proposta que pudesse ser levada em conta. Platitudes bem intencionadas, mas sem substância, desfilavam pela tela ao lado de ataques tímidos  até bem educados a “tudo isso que está aí”. Mas já se começava a notar que a nau estava meio sem rumo.

De repente, o caldo começou a engrossar. Primeiro com uma influência nítida dos “intelectuais” do PT, que adoram metáforas pseudo-inteligentes, montando uma pantomima mal-ajambrada para execrar uma tal de oligarquia, raiz de todos os males. Abstraindo-se que, para Ângela, combater a oligarquia é falar de corda em casa de enforcado, quem se importa? Esse pessoal do PT não aprendeu com Lula a se comunicar, a se dirigir ao povo em seu nível de compreensão e mexer com seus sentimentos. O povo, barbudinhos de vermelho, não sabe, não quer saber e tem raiva de quem sabe o que é oligarquia. Pode até achar que é nome de remédio para desarranjos entéricos, não sei se fui sutil. Quem se importa com isso são os de sempre, a turma do medo. Mas esses já vem convertidos.

Uma metáfora apropriada?
Mas ontem, para usar um termo dos jovens de que gosto muito, o programa de TV ficou punk. Mas muito punk. Sem abrir mão da pantomima aquela, começou destruindo aparelhos sanitários a poder de vigorosas marretadas. Não consegui ainda entender o significado, a metáfora, a alegoria inteligente... mas foi cada cacetada de voar caco de louça pra todo lado. Um salseiro. Aí ficou claro: Telmário assumiu de vez o controle. Porque algo tão agressivo, tão de mau gosto só pode ter saído da cabeça dele, que até hoje, duas semanas e pico depois de começado o horário eleitoral, não apresentou uma proposta que fizesse sentido. Mas, apesar do esperneio geral, parece que Ângela o acha o máximo. Vá entender.
Unidos. E a influência vai ficando cada dia maior. 
Todo mundo sabe que não reina exatamente a concórdia entre os que se querem apropriar da candidata e ditar os rumos de sua campanha. As meninas da Ângela, parece, foram meio deixadas de lado e estão magoadas chorando no ombro de Flamarion, que também foi escanteado para não macular a imagem da companheira com a memória de seu governo desastroso e de sua cassação (como se ela não tivesse dele feito parte e da mesma forma se lambuzado). Tem os vermelhinhos de mais alto coturno, como Pablo Sérgio, Titonho e Nagib que, tudo indica, também já não tocam qualquer apito na campanha, mas não saem de perto para pegar as sobras e garantir espaços num governo cada dia mais remoto. E tem o glorioso Rudson que, sob a orientação equilibrada e serena de Telmário, manda em tudo e leva o time para o ataque, distribuindo caneladas no varejo, na base do perdido por um perdido por mil. Pelo jeito do programa de TV, que de insosso passou a punk, parece que Telmário ganhou a parada. E haja vaso sanitário.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Se não dá para usar chicote e cenoura, vai de cenoura que a carroça anda.

Aqui, ou neguinho trabalha ou desocupa a moita.
Qualquer restaurante chinfrin de beira de estrada não dará certo se não tiver – e aplicar com rigor - uma política de consequências. Nenhuma empresa, de qualquer tamanho, pode funcionar bem se não administra seus recursos humanos sem reconhecer-lhes o mérito e a falta dele. Ou seja, não há como obter-se sucesso sem premiar os mais eficientes e punir os menos capazes, a velha técnica de fazer o burro andar com chicote e cenoura. Dá certo. O ser humano é muito sensível a incentivo e punição.

Mas a burocracia estatal acha que pode. Mesmo que premiar os mais capazes só por meio de promoção a um cargo mais alto, que, como só poucos conseguem – e nem sempre por mérito, vamos reconhecer -, não serve exatamente de incentivo. E punir os incapazes, desleixados, indolentes ou prevaricadores só depois de um longo processo administrativo, com direito a recurso sobre recurso e ameaça de greve do sindicato da categoria.

Aqui, dá para viver de paletó na cadeira um tempão.
Mesmo assim, o estado, a máquina estatal que nos governa, teima em querer prestar todos os serviços pelos quais pagamos uma baba de imposto sem uma política de consequência. E dá na qualidade dos serviços que recebemos, prestados por funcionários que, convenhamos, não tem o mínimo incentivo para melhorá-los. Além do mais, todo dia inventa uma nova norma para complicar um pouco mais.
Lutar contra não adianta: o cipoal de leis, regulamentos, portarias, decretos nos impede e é dificílimo alterá-los. O jeito é contorna-los com criatividade. Estabelecendo metas que, se alcançadas, resultarão em incentivos financeiros para os que as atingiram - os populares bônus, 14º salário ou que nome se lhes dê. Foi o que Aécio Neves fez na educação, em Minas. E deu certo. Eduardo Campos, bebendo na fonte de Aécio, fez o mesmo em Pernambuco. E também deu certo. E Chico Rodrigues, que bebeu nas duas fontes, vai fazer o mesmo na gestão da educação em Roraima. Alguma dúvida de que também vai dar certo?

E, aí sim, vendo o colega ao lado ser premiado e ele ficar chupando o dedo, das duas uma: ou o funcionário desleixado vai correndo chorar no colo do sindicato ou dá um jeito de, na próxima, empenhar-se mais no trabalho para também cumprir a meta e fazer jus à grana extra. Quer dizer: além de tudo, a fórmula é altamente didática. Querem mais?

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Já que se voltou a falar no assunto...

A senadora Ângela agora ataca pela televisão com uma pantomima meio chinfrin em que, na falta de qualquer outro argumento, ataca uma tal de oligarquia, como se ela própria não fizesse parte das mais danosas: a dos Portela (ela e Flamarion), que não conseguiu governar porque teve o mandato cassado; e a do PT que todo mundo sabe o mal que nos causa. São as que, por incompetência ou cegueira ideológica, impedem Roraima de crescer; que odeiam a iniciativa individual, o lucro, as pessoas bem sucedidas; que estão com seus grandes líderes na cadeia, condenados por corrupção; a que está deixando voltar com força a inflação; que está fazendo o país crescer a índices ridículos... a lista é longa. Em homenagem ao filminho amador que a candidata exibe na TV, republico post aqui publicado no dia 30 de julho. Continua valendo, esse pessoal não aprende nunca.

Oligarquia em debate num box do Mercado de São Francisco


Cedo na manhã, num box do Mercado de São Francisco, proprietária do pequeno negócio atende a um senhor, cliente antigo. Conversavam.

- Sabe quem passou por aqui? O Chico.
- Qual Chico, o Rodrigues?
- Ele mesmo. Sempre tomou café aqui no Mercado. E continua tomando depois que virou governador. Passou apressado, daquele jeito dele, me deu um abraço e foi embora zunindo. Simpático que só. Gosto demais do jeito dele.
- É o Chico é gente simples. Pena que se juntou com essa oligarquia do Jucá.
- Oliga...o quê?
- Oligarquia. É quando uma família toma conta do poder político.
- Oi, e o Chico é parente do Jucá?
- Não. O candidato a vice do Chico é que é filho do Jucá. E é aí que a coisa vira uma oligarquia: Jucá Senador, o filho Vice-governador, Teresa Prefeita de Boa Vista...
- Mas a Teresa não tá separada do Jucá?
- Tá. Mas trabalham juntos, afinados, ele arranjando o dinheiro, mexendo os pauzinhos em Brasília e ela fazendo as coisas, mandando em Boa Vista. Oligarquia da mais pura. A gente tem que tomar cuidado.
- Ah...sei. Me diz uma coisa: Otomar e Marluce era oligarquia?
- É... mas...
- Peraí. Neudo e Sueli e os parentes todos que passaram oito anos mandando, era oligarquia?
- Pode-se dizer que sim, eram sim.
- E esse menino Flamarion, mais aquela mulher dele meio sem ânimo, coitada, a Ângela, que foram governo, saíram pela porta dos fundos e agora se juntaram com Telmário e a mulher dele...como é o nome dela, meu Deus... Suzete... isso tudo é uma oligarquia das grandonas, né não?
- De certa forma, é isso mesmo.
- E Getúlio mais os irmãos e a parentaiada toda?
- Oligarquia.
- Ah...bom. Todo esse tempo e as oligarquias mandando na vida da gente e a gente sem nem saber. Se você não me conta agora eu nunca que ia saber de uma coisa dessas. Veja só como é a vida.
- Pois é. Agora o Jucá quer fazer a dele. E com o poder que tem...
- Vou lhe dizer uma coisa. Tirando talvez o Otomar mais a Marluce, essas oligarquias aí que você falou, que vem mandando em Roraima desde que eu me entendo de gente, não me serviram de nada, não fizeram nada pelo estado, não bateram um prego numa barra de sabão, como se diz, tá entendendo?
- Mas o Jucá...
- Deixa eu terminar. A Oligarquia do Jucá mais Teresa, que você diz que continuam trabalhando juntos, toda vez que pegaram Boa Vista pra tomar de conta foi uma beleza, a cidade ficava outra coisa, limpa, cheia de jardim... Aí voltava essas outras oligarquias e desgraçavam tudo. Não viu o jeito que deixaram a cidade quando Getúlio mandava lá mais do que o diabo?
- Também não é assim...
- Ou você não lembra ou não quer lembrar. Teresa pegou essa cidade arrasada no começo de 2013, foi ou não foi? E em pouco tempo a cidade já está com outra cara, é trabalho pra todo lado, é limpeza, é praça, é rua asfaltada... até escola com ar condicionado, te mete!
- Mas você tem que pensar no futuro, na dominação da oligarquia do Jucá.
- Olha aqui, rapaz, vou te dizer uma coisa: se a oligarquia que você diz que o Jucá quer botar no Governo fizer pelo estado a metade, tá entendendo, a metade do que a Teresa fez nas vezes que tomou de conta de Boa Vista, já tá ótimo. Precisa muito, não, a metade, tá escutando, basta fazer a metade que já vai ser uma beleza. Oligarquia desse tipo, meu amigo, eu quero até o caroço! Ei, peraí, esquecesse a farinha. Faz mal não, vou guardar aqui que depois ele volta.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

É preciso escolarizar a educação. Ou: todo poder à escola.

Federalizar a educação básica? Mas nem a pau.


Há poucos dias assisti a uma entrevista do Senador Cristovam Buarque ao jornalista Alexandre Garcia, na TV. Ele tem-se notabilizado pela defesa da educação. Inclusive baseou nisso toda a sua plataforma de uma campanha para presidente. Como não poderia deixar de ser, a educação era o assunto principal. Tenho verdadeira fixação no assunto, fiquei ali ouvindo as platitudes do Senador. Fui beber uma água a cozinha e...tóim! De repente, escuto o homem dizer que era preciso federalizar a educação. Corri de volta para ver se tinha escutado bem. Pior que tinha. O homem acha que a solução para a educação é tornar as escolas da educação básica entes da União, dizendo ele que assim seria dada prioridade e destinados mais recursos.  Pedi meus sais, tomei água com açúcar, peguei um preventivo isordil e, por via das dúvidas, decidir ligar pro meu cardiologista, atitude acautelatória extrema em se tratando de um coronariopata. Vá saber.

A educaçao acontece aqui. A decisão tem que estar aqui.
Acautelado, fui até o fim daquela sandice. Escapei ileso. Mas pensei cá comigo: além de conhecer a educação – ou pelo menos deitar falação sobre o assunto - o Senador Cristovam conhece a máquina burocrática e suas armadilhas. Já foi reitor, chefe de gabinete de Ministro, governador, será que ainda não descobriu que nada, absolutamente nada funciona quando submetido ã centralização e ao controle do governo Federal? Não entendeu que é para que funcionem mais ou menos que as Universidades são entes autônomos, mesmo submetidas a um catatau de regras burocráticas? Não se deu conta de que a escola é o elo mais fraco da enorme corrente de transmissão da educação, que começa no MEC e vai descendo degrau pós degrau até chegar na escola, que não tem autonomia nem para comprar um bastão de giz? Se funciona mal perto dos prefeitos, imagina como vai funcionar uma escola submetida ao poder avassalador dos burocratas de Brasília.


O que mata a escola é exatamente a falta de um mínimo de autonomia, independência, que só se instalam quando dispuserem de poder de decisão local e dinheiro para fazer essa decisão materializar-se. O resto é tentar racionalizar processos, o que geralmente resulta em um pouco mais de velocidade para chegar-se ao desastre. É preciso escolarizar a educação, porque é nela que o ensino encontra o aprendizado, é nela onde estão as pessoas que botam a mão na massa e transformam diamantes em brilhantes. Mas, nessa nossa burocracia desconfiada e centralizadora, ninguém quer abrir mão de um pouco de poder, de controle.

Numa escola com independência professores são criativos
Por isso, desde que soube da iniciativa, aplaudo Rodrigo Jucá que, quando Secretário Municipal de Educação, teve a coragem de abrir mão de poder em nome da eficiência para atingir o objetivo da escola: transmitir conhecimento e garantir que ele seja absorvido. E aplaudo também a Prefeita Teresa, que embarcou nessa aventura libertadora com o Secretário, abrindo ela própria mão de uma parcela de poder para lhe dar total apoio na implantação do programa Dinheiro Direto nas Escolas. É bom ver coisas assim acontecendo. E é melhor ainda ver que esse programa da Prefeitura está totalmente incorporado ao programa de governo de Chico Rodrigues. Aí dá para acreditar que a educação vai tomar o caminho certo, o caminho da eficiência. 

Escola que funciona = aluno feliz.. Ninguém gosta de não aprender.
Não dá para ficar falando generalidades sobre educação, não dá para limitar-se a prometer não sei quantas escolas em tempo integral. Construir é fácil, dinheiro sempre existe. Difícil é mantê-las funcionando continuamente e bem, a ponto de conseguirem apresentar níveis aceitáveis de evasão e repetência. Que o senador Cristovam nos desculpe, mas federalizar a educação básica é ideia de jerico. Temos mais é que escolarizar a educação básica.
Morrerei feliz no dia em que as escolas se transformarem em unidades orçamentárias autônomas e independentes. Esse o meu sonho. E é gratificante ver que ele está começando a realizar-se bem aqui, em Roraima.