Ali pelos anos setenta
tornou-se corriqueira uma piada que retratava a dificuldade dos países latino-americanos
engatarem um processo de desenvolvimento que os livrasse da monocultura para
exportação. Dizia-se que, numa certa República Bananeira, reuniram-se os mais
sábios para encontrar uma solução e que, procura daqui, cascavilha dali,
queima-se a mufa e, finalmente, o gênio da raça local saiu com a grande ideia:
- A solução é a gente
declarar guerra aos Estados Unidos e à Inglaterra. Aí eles nos invadem, arrasam
uma coisinha aqui, outra ali, ganham a guerra e, depois, entram com um plano de
recuperação cheio de grana e a gente começa a se desenvolver sem limites. Não
vê o que aconteceu com a Alemanha e o Japão depois da guerra? Os Estados Unidos
e a Inglaterra invadiram, arrasaram e depois despejaram rios de dinheiro lá.
Tanto que, em pouco tempo, todos os dois viraram potencias econômicas mundiais
e vão muito bem, obrigado. A plateia prorrompeu em
aplausos, em êxtase com a ideia genial, já definindo providências para a
declaração de guerra. Até que um tímido assistente do assessor, quietinho lá num canto,
pediu timidamente e palavra e fez a pergunta definitiva:
- Tudo bem. Mas... E se a
gente ganhar?
![]() |
A falta que faz um idiota da objetividade... |
Algo parecido aconteceu num
promissor estado do norte do País. Atolado numa eterna dependência do setor
público, que já demonstra incapacidade de gerar empregos e oportunidades
econômicas no comércio e nos serviços, tem como único caminho implantar urgentemente um processo produtivo em larga escala, capaz de gerar efeitos para
frente e para trás na economia, criar oportunidades em cascata e, consequentemente,
empregos capazes de absorver o crescimento de sua população economicamente ativa.
Diante desse dilema, um
grupo de gênios políticos reuniu-se para encontrar a solução. E o mais genial
entre eles saiu com a mãe de todas as ideias.
- Nós temos um senador que é
reconhecidamente um dos mais influentes políticos do cenário nacional, uma
máquina para trabalhar, sujeito determinado, focado nos objetivos e que tem
verdadeira obsessão por realizar, transformar. E, além disso, capta recursos
como ninguém mais. Então, vamos declarar-lhe guerra aberta, sem quartel. Aí o candidato
que ele apoia ganha por pouco, ele fica mordido e, só para mostrar força, dana a trabalhar em dobro, sai
captando recursos, gerando ideias, atraindo investimentos, resolvendo a
negocião para fazer a estrada de Letten/Georgetown... enfim, botando nosso estado no
cenário nacional. E, como o candidato dele ganhou por pouco, nós vamos sair
muito fortalecidos e vão ter que negociar tudo com a gente. E é aí que a gente se acomoda e, o que é melhor, sem aquela trabalheira toda. Não é uma ideia
genia?
Todos concordaram com tao genial ideia. Só que, nesse
dia, o idiota da objetividade faltou à reunião e não pode fazer a pergunta-chave:
E se a gente ganhar?
Pois é. Ganharam. O problema
é que ganharam. E até hoje não apresentaram uma ideia que seja sobre como sair
do atoleiro ou sobre nada. Mas já deflagraram a corrida ao cargo, mostrando
que o caminho vai continuar a ser o do
serviço público para a fartura de poucos. Fico aqui pensando na falta que faz um idiota da objetividade
numa hora daquelas...
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