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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

É preciso escolarizar a educação. Ou: todo poder à escola.

Federalizar a educação básica? Mas nem a pau.


Há poucos dias assisti a uma entrevista do Senador Cristovam Buarque ao jornalista Alexandre Garcia, na TV. Ele tem-se notabilizado pela defesa da educação. Inclusive baseou nisso toda a sua plataforma de uma campanha para presidente. Como não poderia deixar de ser, a educação era o assunto principal. Tenho verdadeira fixação no assunto, fiquei ali ouvindo as platitudes do Senador. Fui beber uma água a cozinha e...tóim! De repente, escuto o homem dizer que era preciso federalizar a educação. Corri de volta para ver se tinha escutado bem. Pior que tinha. O homem acha que a solução para a educação é tornar as escolas da educação básica entes da União, dizendo ele que assim seria dada prioridade e destinados mais recursos.  Pedi meus sais, tomei água com açúcar, peguei um preventivo isordil e, por via das dúvidas, decidir ligar pro meu cardiologista, atitude acautelatória extrema em se tratando de um coronariopata. Vá saber.

A educaçao acontece aqui. A decisão tem que estar aqui.
Acautelado, fui até o fim daquela sandice. Escapei ileso. Mas pensei cá comigo: além de conhecer a educação – ou pelo menos deitar falação sobre o assunto - o Senador Cristovam conhece a máquina burocrática e suas armadilhas. Já foi reitor, chefe de gabinete de Ministro, governador, será que ainda não descobriu que nada, absolutamente nada funciona quando submetido ã centralização e ao controle do governo Federal? Não entendeu que é para que funcionem mais ou menos que as Universidades são entes autônomos, mesmo submetidas a um catatau de regras burocráticas? Não se deu conta de que a escola é o elo mais fraco da enorme corrente de transmissão da educação, que começa no MEC e vai descendo degrau pós degrau até chegar na escola, que não tem autonomia nem para comprar um bastão de giz? Se funciona mal perto dos prefeitos, imagina como vai funcionar uma escola submetida ao poder avassalador dos burocratas de Brasília.


O que mata a escola é exatamente a falta de um mínimo de autonomia, independência, que só se instalam quando dispuserem de poder de decisão local e dinheiro para fazer essa decisão materializar-se. O resto é tentar racionalizar processos, o que geralmente resulta em um pouco mais de velocidade para chegar-se ao desastre. É preciso escolarizar a educação, porque é nela que o ensino encontra o aprendizado, é nela onde estão as pessoas que botam a mão na massa e transformam diamantes em brilhantes. Mas, nessa nossa burocracia desconfiada e centralizadora, ninguém quer abrir mão de um pouco de poder, de controle.

Numa escola com independência professores são criativos
Por isso, desde que soube da iniciativa, aplaudo Rodrigo Jucá que, quando Secretário Municipal de Educação, teve a coragem de abrir mão de poder em nome da eficiência para atingir o objetivo da escola: transmitir conhecimento e garantir que ele seja absorvido. E aplaudo também a Prefeita Teresa, que embarcou nessa aventura libertadora com o Secretário, abrindo ela própria mão de uma parcela de poder para lhe dar total apoio na implantação do programa Dinheiro Direto nas Escolas. É bom ver coisas assim acontecendo. E é melhor ainda ver que esse programa da Prefeitura está totalmente incorporado ao programa de governo de Chico Rodrigues. Aí dá para acreditar que a educação vai tomar o caminho certo, o caminho da eficiência. 

Escola que funciona = aluno feliz.. Ninguém gosta de não aprender.
Não dá para ficar falando generalidades sobre educação, não dá para limitar-se a prometer não sei quantas escolas em tempo integral. Construir é fácil, dinheiro sempre existe. Difícil é mantê-las funcionando continuamente e bem, a ponto de conseguirem apresentar níveis aceitáveis de evasão e repetência. Que o senador Cristovam nos desculpe, mas federalizar a educação básica é ideia de jerico. Temos mais é que escolarizar a educação básica.
Morrerei feliz no dia em que as escolas se transformarem em unidades orçamentárias autônomas e independentes. Esse o meu sonho. E é gratificante ver que ele está começando a realizar-se bem aqui, em Roraima.

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