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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

57 milhões de brasileiros no SERASA. E Dilma contando vantagem.

Um político-economista. Preocupa-se, mas assume posição.
O senador Romero Jucá tomou uma decisão que pode ser considerada uma das mais importantes de sua vida pública. Depois de criticar a política econômica do governo Dilma Roussef, declarou apoio à candidatura de Aécio Neves à Presidência por nele enxergar “o que tenha um pouco mais de condição de mudar essa linha de pensamento que eu acho que não combina com o Brasil". Importante porque expressa o sentimento e posição assumida por um político de reconhecida expressão nacional - e um político experiente tem que entender e expressar o sentimento da sociedade. Mais significativa e emblemática por ser ele antes de tudo um economista. Tanto que, com certeza não por acaso, escolheu anuncia-la em palestra que proferiu no Conselho Regional dos Economistas de Roraima.


Qualquer economista com um mínimo de bom senso, que tenha lido pelo menos as orelhas do livro A Riqueza das Nações, de Adam Smith, ou  consultado o verbete na Wikipédia há de concordar que a política econômica do governo do PT há muito tempo vem fazendo água e nos empurrando para um caminho perigoso. Mas o problema é que esse pessoal da esquerda-caviar não lê nada, é desde cedo doutrinado por meio de apostilas no mínimo simplistas, toscas. E acredita em almoço grátis.

Os sinais são claros. Não vê quem não quer ou está obnubilado por ideologias jurássicas. O modelo de crescimento baseado no consumo via crédito fácil e prestações a longuíssimo prazo, esgotou-se. Aliás, já nasceu fadado ao fracasso. Porque é certo que botou uma massa imensa de consumidores no mercado. Mas em contrapartida não conteve os exorbitantes e crescentes gastos públicos com custeio, não deu segurança jurídica aos investidores nem investiu em infraestrutura para diminuir o custo Brasil e aumentar a produtividade. A oferta não acompanhou a demanda. E a inflação voltou e ameaça acelerar.

Enquanto isso, alheia a tudo, Dilma conta vantagem, mostrando na TV um país cheio de obras que ou estão atrasadíssimas ou inacabadas. E louvando o fato de ter tirando não sei quantos milhões de pessoas da pobreza, formado uma nova classe média etcétera e tal. Só que considerar quem ganha 2 salários mínimos como pertencente à classe média é no mínimo um estelionato estatístico: não dá para subir de piso? que se rebaixe o piso e se conte vantagem. E tome prestação.

57 milhões de pessoas com o nome sujo na praça.

Dez vezes sem juros no cartão? Esquece.
A conta chegou agora. A dívida encostou na renda. E não há mais folga no orçamento para sair comprando tudo em até trocentas vezes ou em doze vezes no cartão sem juros. Porque a inflação está levando os juros para cima. E porque ninguém é louco de jogar dinheiro numa operação em que o risco de inadimplência cresce todo dia. Só para se ter uma pequena ideia, 57 milhões de brasileiros estão inscritos no SERASA. Você leu direito, um em cada quatro brasileiros está com o nome sujo na praça e, portanto, vê ruir seus sonhos de comprar imóvel, TV, geladeira ou carro novo. A venda de bens duráveis caiu e continua caindo. Como reflexo, a produção e a confiança industrial caem mês a mês. A Chevrolet em São Bernardo do Campo está suspendendo o contrato de trabalho de quase mil empregados. Diz ela que temporariamente. Digo eu, até que assuma um governo que restaure a confiança e crie empregos.

Ninguém quer trabalhar. É só perguntar nos nossos novos shoppings.

Mas como, e Dilma não diz que o governo manteve o nível de emprego mesmo durante as crises internacionais? Manteve nada. O que ninguém sabe, porque ninguém diz, é que o índice de desemprego é apurado entre aquelas pessoas que estão procurando emprego. E só para se ter uma pequena ideia, os shoppings que se estão instalando em Roraima tem enorme dificuldade de contratar empregados. Pra quê trabalhar, se se tem o bolsa-qualquer-coisa à disposição e se pode tranquilamente viver na flauta?

E por por vai a parte da atividade produtiva que ainda cresce.
Mas até o fim da campanha eleitoral vai ser assim: Dilma, com a ajuda de seu carregador de poste, vai nos mostrar um Brasil maravilhoso, de pessoas felizes porque viraram consumidores – embora endividados até o pescoço e com o nome sujo na praça, mas quem liga? E esconder as estradas em frangalhos, impedindo o crescimento do agronegócio, única atividade que não perde desempenho, a transposição do Rio São Francisco atrasada e com trechos enormes abandonados, um trem-bala que não saiu do papel e custou uma fortuna para ir pro papel, portos que não existem (existe um, em Cuba), creches e mais creches que prometeu em 2010 e não entregou um décimo, ferrovias inexistentes... um desastre. Há quem enxergue e tome posição Há quem prefira se enganar e ajudar a enganar os outros até a casa cair.

A gente tá escutando. Mas fala de um jeito que a gente entenda e se identifique!

Alguém tem que desconstruir esse discurso. E são coisas assim, diretas e simples, que o povo precisa ouvir para saber o buraco em que estamos e entender que seu futuro próximo e remoto estão a perigo. Não generalidades e platitudes bem intencionadas sobre a economia para quem já está convencido. Só Aécio tem condição, estampa e passado de gestor para isso, se perder a mania que o PSDB tem de pensar que se você não entendeu o que eles dizem a culpa é sua e lhe explicar tudo de novo do mesmo jeito. Eduardo também tinha. Mas a Santa da Igreja das Árvores dos Últimos Dias, não. O agronegócio que se cuide: se Aécio não partir para polarizar co Dilma e revelar a mistificação no nível de compreensão do povo, Marina vai ocupar esse espaço, messianicamente, mas vai. E aí, das duas uma: ou vamos mergulhar mais fundo no buraco com esse modelo econômico falido ou vamos todos viver de extrativismo. Quem sobreviver verá.

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