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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Uma senadora muito preocupada encontra um jornal sem limites.

Pelo posicionamento que um certo jornal ‘necessário’ está adotando nessas eleições, está claro sua opção. Sua candidata é Ângela Portela. Todo santo dia é uma matéria com Ângela criticando o governo do estado. "Ângela critica isso", no dia seguinte, "Ângela critica aquilo", no outro dia é a mesma coisa, e assim seguem batendo na mesma tecla. Deveriam mudar o nome do jornal para "Ângela critica". Eu vejo que está claro o posicionamento do jornal. Optaram em ser adversários do atual governo. Eu defendo a democracia, o direito de cada um escolher o lado que quer defender, mas também parto do princípio que adversários devem ser tratados como adversários."
(Por Marcelo Ribeiro) 

Hoje, o jornalista Marcelo Ribeiro, em sua página no facebook, publicou o texto acima, que torna muito atual um post aqui publicado no dia 08 deste mês, dando-lhe, além disso um ingrediente a mais: a constatação de que, como sempre, a Folha não falha, faz a alegria de qualquer comentarista. Só discordo do nobre jornalista numa coisa: a Folha não é um jornal “necessário”, é um jornal necessitado, principalmente de um mínimo que seja de isenção e ética jornalista. Acima, em azul o post do Marcelo que assinaria.. Em seguida, o post, editado e revisto.















Oh, céus, oh dor, oh vida... 
Vejam esta foto ao lado. É a Senadora Ângela no exercício daquilo que aprendeu em seus oito anos de mandato no Congresso: preocupar-se. Em um mandato como deputada federal e outro como senadora, tudo que aprendeu foi preocupar-se e, não se pode negar, também a “parabenizar a sociedade por mais esta conquista”, para a qual geralmente não bateu um prego, não desatou um nó, não moveu uma palha. O Senador Romero Jucá correndo feito um louco da Câmara para o Senado para aprovar a PEC 111 e, na hora da promulgação, lá estava ela, saindo na foto e “parabenizando os ex-funcionários por mais essa importante conquista”. PEC dos defensores públicos? Lá está ela, toda serelepe, “parabenizando os defensores e a sociedade brasileira por mais essa conquista”. E saindo na foto, claro.

Quanto à preocupação, vocês haverão de convir, nunca se viu pessoa tão preocupada. E só (Levante aí a mão quem lembrar de uma proposta, uma ideia, um projeto que faça sentido apresentado pela Senadora) . Agora, então, no período eleitoral, está botando preocupação crítica pelo ladrão. (Aqui, cabe um esclarecimento: como a senadora está expelindo, em volume crescente, suas preocupações pelo, auto-intitulado, jornal do professor sem voto e especialista em dragagens, que fique bem claro que, quando falamos ladrão,  nos estamos referindo àquele cano que impede que a caixa d'água transborde. Longe de nós outra intenção).

É com esses índios que a senadora devia preocupar-se.
É certo que exagera um pouco – um jornal todinho à disposição enfeitiça qualquer político. E às vezes troca as bolas, preocupa-se com o que não devia e esquece o que devia. No caso dos índios, por exemplo. Pegou carona na performance do notório e internacional David Kopenawa e morreu de preocupação com mineração nas áreas indígenas que sequer está sendo cogitada, arrasta-se há anos no legislativo federal e, quando regulamentada, vai ter cada caso aprovado pelo Congresso, como diz a Constituição, que ela deveria conhecer. Não bastasse, preocupou-se com uma ameaça de morte que ninguém sabe ninguém viu. Até porque, quem impede a entrada e retira garimpeiro de área indígena não é David Kopenawa: é a Polícia Federal e a Funai. Matar o performático não serviria a ninguém.
Preocupou-se com o que não existe. E esqueceu o que existe e grita em nossas caras todo dia: centenas de índios perambulando pelas cidades, com fome. Com isso deveria preocupar-se. E mobilizar a FUNAI, do PT, e seja lá quem for que possa resolver um problema que foi criado pelo contato. Mas não: diante disso, cala.
Agora também está preocupada – que estresse, meu Deus! –  porque os municípios de Roraima (como de resto quase todos do Brasil) ainda depositam os resíduos em lixões. É simples: já que está tão preocupada, que tente aprovar umas emendas para conseguir grana para implantar e – atenção! – operar aterros sanitários, coisa cara pra burro. Aí sim, ia poder “parabenizar a sociedade por mais essa conquista”. Só que agora com todo direito de sair na foto, não é mesmo?

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