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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

No desespero, o gato mostra as unhas.

Estão aprendendo que rapadura é doce mas não é mole.
Depois de ver os programas eleitorais da candidata gato-por-lebre na TV neste segundo turno, fui procurar no dicionário o significado da palavra desespero. Tá lá: desesperança com irritação, angústia. Então tá explicado. Neudo nadou em rio sem piranha no primeiro turno inteiro. Ninguém (inclusive, penitencio-me, eu) acreditava que ele fosse candidato, como de fato terminou não sendo. Pensava-se que ia acumular capital eleitoral para negociar com um dos candidatos. Por isso, durante todo o primeiro turno, aproveitou-se do pouco tempo de que dispunha e fez um programa de TV angelical, pastoral, sem uma proposta, apenas vagas promessas de salvação de Roraima. Não bateu em Ângela. Não bateu em Chico. Pra não deixar de aproveitar a onda, aqui acolá, um cauteloso e quase tímido ataque a “tudo isso que está aí”, a forma mais antiga de ficar em cima do muro da história política daqui e d’alhures.

Talvez por conta disso tudo, nenhum dos candidatos tratou de desconstruir sua candidatura, desmitificar sua figura, lembrar seu passado negro e sua administração desastrada, por abaixo suas propostas vagas ou denunciar a falta delas. Chico permaneceu propositivo até o último programa. Ângela mirou em Chico para ver se recebia o troco, colhia a rejeição e crescia pela via da polarização. Não colou. O primeiro turno acabou quase em abraços fraternais. E Neudo surpreendeu com a transferência de votos para o seu poste.
Chico falou grosso. E o gato chamou Telmário.

Agora a coisa muda de figura. É segundo turno, é outra conversa. Para decidir, as pessoas comparam. E a comparação está sendo feita. Chico já deu um chega-pra-lá de bom tamanho no gato que se quer passar por lebre, um “me respeite, cabra!”, que até pelo inusitado do tom forte em pessoa tão cordata, deve ter agradado muito a um povo que historicamente admira demonstrações de macheza. E o seu programa já está revelando o passado negro que todo mundo conhece mas estava escondido pela propaganda enganosa.
Aí os neudistas se deram conta de que a comparação dos dois candidatos é desfavorável a Suely por qualquer ângulo que se queira fazê-la. Viram o tom firme de Chico, suas propostas infinitamente melhores, seu grupo forte e com influência política suficiente para viabilizá-las. Viram o povo ser lembrado do passado negro de Neudo e sua administração, que todo mundo conhece mas estava escondido pela propaganda festiva do primeiro turno.
E a desesperança instalou-se. Ficaram irritados, angustiados. E bateu a raiva. Raiva que se manifesta na repetição de  insinuações e acusações de todo tipo e o tempo todo. Perderam a noção do decoro. Pararam de cantar como cantavam antes. Chamaram Telmário para baixar de vez o nível. E agora só acusam, só mistificam, só atacam, só atiram a esmo. O programa deles ficou amargo. Desespero, o mais puro desespero.
Mas não adianta. O povo repudia o desespero. Prefere a substância, a firmeza de propósitos, a segurança. E já escolheu Chico. Espere só pra ver.

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