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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Oligarquia em debate num box do Mercado de São Francisco


Cedo na manhã, num box do Mercado de São Francisco, proprietária do pequeno negócio atende a um senhor, cliente antigo. Conversavam.

- Sabe quem passou por aqui? O Chico.
- Qual Chico, o Rodrigues?
- Ele mesmo. Sempre tomou café aqui no Mercado. E continua tomando depois que virou governador. Passou apressado, daquele jeito dele, me deu um abraço e foi embora zunindo. Simpático que só. Gosto demais do jeito dele.
- É o Chico é gente simples. Pena que se juntou com essa oligarquia do Jucá.
- Oliga...o quê?
- Oligarquia. É quando uma família toma conta do poder político.
- Oi, e o Chico é parente do Jucá?
- Não. O candidato a vice do Chico é que é filho do Jucá. E é aí que a coisa vira uma oligarquia: Jucá Senador, o filho Vice-governador, Teresa Prefeita de Boa Vista...
- Mas a Teresa não tá separada do Jucá?
- Tá. Mas trabalham juntos, afinados, ele arranjando o dinheiro, mexendo os pauzinhos em Brasília e ela fazendo as coisas, mandando em Boa Vista. Oligarquia da mais pura. A gente tem que tomar cuidado.
- Ah...sei. Me diz uma coisa: Otomar e Marluce era oligarquia?
- É... mas...
- Peraí. Neudo e Sueli e os parentes todos que passaram oito anos mandando, era oligarquia?
- Pode-se dizer que sim, eram sim.
- E esse menino Flamarion, mais aquela mulher dele meio sem ânimo, coitada, a Ângela, que foram governo, saíram pela porta dos fundos e agora se juntaram com Telmário e a mulher dele...como é o nome dela, meu Deus... Suzete... isso tudo é uma oligarquia das grandonas, né não?
- De certa forma, é isso mesmo.
- E Getúlio mais os irmãos e a parentaiada toda?
- Oligarquia.
- Ah...bom. Todo esse tempo e as oligarquias mandando na vida da gente e a gente sem nem saber. Se você não me conta agora eu nunca que ia saber de uma coisa dessas. Veja só como é a vida.
- Pois é. Agora o Jucá quer fazer a dele. E com o poder que tem...
- Vou lhe dizer uma coisa. Tirando talvez o Otomar mais a Marluce, essas oligarquias aí que você falou, que vem mandando em Roraima desde que eu me entendo de gente, não me serviram de nada, não fizeram nada pelo estado, não bateram um prego numa barra de sabão, como se diz, tá entendendo?
- Mas o Jucá...
- Deixa eu terminar. A Oligarquia do Jucá mais Teresa, que você diz que continuam trabalhando juntos, toda vez que pegaram Boa Vista pra tomar de conta foi uma beleza, a cidade ficava outra coisa, limpa, cheia de jardim... Aí voltava essas outras oligarquias e desgraçavam tudo. Não viu o jeito que deixaram a cidade quando Getúlio mandava lá mais do que o diabo?
- Também não é assim...
- Ou você não lembra ou não quer lembrar. Teresa pegou essa cidade arrasada no começo de 2013, foi ou não foi? E em pouco tempo a cidade já está com outra cara, é trabalho pra todo lado, é limpeza, é praça, é rua asfaltada... até escola com ar condicionado, te mete!
- Mas você tem que pensar no futuro, na dominação da oligarquia do Jucá.
- Olha aqui, rapaz, vou te dizer uma coisa: se a oligarquia que você diz que o Jucá quer botar no Governo fizer pelo estado a metade, tá entendendo, a metade do que a Teresa fez nas vezes que tomou de conta de Boa Vista, já tá ótimo. Precisa muito, não, a metade, tá escutando, basta fazer a metade que já vai ser uma beleza. Oligarquia desse tipo, meu amigo, eu quero até o caroço! Ei, peraí, esquecesse a farinha. Faz mal não, vou guardar aqui que depois ele volta.


terça-feira, 29 de julho de 2014

Atirando no fundo do próprio barco. Ou, quem deixou estragar?

O ressentimento é péssimo conselheiro.
Às vezes eu, ingenuamente, penso que o Professor Getúlio Cruz, o gênio da raça, cansou do jornaleco dele, entregou aos meninos, não liga mais. Claro que não foi isso, ele continua mandando. Só que, um poço de vaidade, pensa que todo mundo é burro, descuida-se e deixa passar cada mancada que vou te contar. Agora mesmo, por exemplo, botou a educação municipal na mira do seu panfleto. Dia sim, dia também tem lá uma matéria contra a educação, geralmente baseada em pessoas que não querem se identificar. Até faz sentido como estratégia. Afinal de contas Rodrigo Jucá é candidato a vice, fez um trabalho brilhante na educação, vai arrastar um monte de gente com a modernidade do que fez e com o carisma que naturalmente tem, e com isso ameaça e muito as candidaturas apoiadas pelo sem voto.

Getúlio sabe disso. E toca a botar o seu pasquim para desqualificar o trabalho da educação municipal e, por essa via, o de Rodrigo. Mas esquece que esse negócio de política é feito maionese: come-se frio. E além do cálculo, Getúlio se deixa mover pela inveja, pelo ressentimento, péssimos conselheiros, não consegue ver um jovem se sair bem onde ele fracassou. E contamina a equipe que, digamos assim, edita o papel manchado para atacar, atacar e atacar e a verdade que se exploda. E é aí que as mancadas vão-se sucedendo.

Estragou por quê? Por que estragou?

Nas poderosas parabólicas movidas a válvula deste dia 29, por exemplo, tem umas notinhas sobre escolas municipais que estariam precisando de reforma. Até aí, tudo bem. Teresa está construindo 17 creches e 5 escolas de alto padrão.  E já está reformando mais 15 escolas das vinte e três que precisam de reforma e ela vai reformar. Mas, peraí. Se quando Teresa assumiu havia 23 escolas precisando de reforma é porque alguém deixou que elas chegassem a tal estado, não é mesmo? Afinal de contas escolas não se estragam por si sós em um ano. E advinha quem administrava a educação municipal – e tudo o mais na Prefeitura - na gestão Iradilson? Ele mesmo, o grande mega secretário, o supra sumo da sabedoria, o rei dos votos... Getúlio Cruz. Foi debaixo do nariz dele e graças à sua omissão que as vinte e três escolas se estragaram a ponto de necessitarem de uma reforma que está mais para restauração. 

É... alguém precisa dar uma conferida básica no que vai sair nas poderosas para não ficar atirando no fundo do próprio barco. Até porque, se eu consegui fazer esse raciocínio tão simples, imagina gente mais atenta do que eu. É por isso que eu aconselho: não cuspa pra cima, menino, não cuspa que a coisa pode cair bem no seu olho. Dito e feito


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Escondido, sem voz e sem mando. Triste papel.

Qualquer pessoa de bom senso e com um mínimo de conhecimento da cena política teria o direito de ter certeza de que, como o esconderam para não contaminar a candidatura da esposa, Flamarion estivesse na sombra, exercendo o papel de eminência parda, usando seus anos de janela para montar e operar a estratégia de campanha da senadora. E ela não daria um passo sem sua orientação, sem ouvir a voz da experiência que, se queira ou não, ele tem. Além do mais ele é o marido, é o cabeça do casal, é quem manda. Ou deveria.

Afinal de contas, qual o papel dele na campanha da mulher?
Qual o quê! Pela quantidade de mancadas e bolas fora da candidata e a completa falta de rumo da campanha, é lícito acreditar que o velho Flama foi escanteado. Não define estratégia, não monta e opera táticas e sequer tem influência na agenda de sua própria esposa, no que ela faz e, principalmente, no que ela diz. Já foi difícil para ele esquecer ofensas muito recentes e engolir Telmário na chapa. Agora imagina suportar uma quantidade de barbudinhos, cheios de certezas que só a ideologia fornece, e outros aprendizes de gênio político?


Cearense nascido e crescido nas quebradas do sertão, criado em família sistemática e de princípios rígidos como são todas as daquela região, resíduos muito fortes de machismo ainda devem permear a personalidade de Flamarion, não há verniz de civilização que apague. Por isso deve estar sendo muito duro para ele ver que sua mulher, em vez de obedecer a ele, está obedecendo à elite do PT, materializada na figura de Titonho Beserra e demais sectários. Mais difícil ainda deve ser assistir impávido e engolindo e seco as ordens desencontradas do grande Rudson Leite que, dizem, é quem está mandando e desmandando em Ângela, traçando os rumos e dirigindo-a de um lado pro outro, enfim, mandando mais do que feitor. Flamarion deve ter pensado: tudo bem, o PT é o partido dela, tem lá seu jeito de fazer politica, mas... Rudson Leite?! Peraí, assim também já é demais também.

Sinceramente: com essa dupla alguém precisa de adversário?

E Flamarion tendo que aceitar tudo isso, assistir impotente às mancadas da Assessoria de Comunicação, cuja última façanha foi, com a ajuda da Folha de Boa Vista, transformar sua mulher em especialista em banheira de motel, o que também respinga em sua reputação. Isso, pra um nordestino curtido como ele deve estar sendo a morte em vida. Até porque, com Telmário nas costas, correndo-se o risco de mais dia menos dia estourar uma lambança, e Rudson Leite dando ordem desencontrada em cima de ordem sem sentido, esse sacrifício enorme, essa quantidade de sapo que está tendo que engolir está dando toda pinta de ser um esforço inútil. A menos que as sobras compensem...



quinta-feira, 24 de julho de 2014

Ói elas aqui traveis! Mais uma vez a serviço do ressentimento.

A inveja é uma merda. E a decrepitude também.
Ontem andamos lamentando a sorte das pessoas que não querem se identificar, usadas com frequência pelo Jornal Necessitado para publicar notícias carecidas de fundamento, invencionices ou pura e simplesmente calúnias. Lamentamos porque, com a instalação de câmeras por tudo quanto é lado no Hospital da Criança, essas pessoas não teriam mais como exercer seu oficio, já que suas inverdades seriam, como de fato serão, facilmente desmentidas pelas imagens gravadas. E como uma imagem vale mais do que mil palavras, principalmente as mentirosas, que tem as pernas mais curtas...
Mas a agonia durou pouco. É claro para qualquer pessoa mais desavisada que a campanha movida pelo Jornal contra a Prefeitura tem óbvios interesses eleitorais, porque o sucesso notório e a aprovação record da administração de Teresa vão contar, e muito,  na decisão dos eleitores de Boa Vista, seja pelo efeito demonstração de um trabalho monumental, seja pelo singelo fato dela apontar o dedo e simplesmente pedir, dizer eu preciso. Ela está cada dia mais forte. O Jornal sabe o quanto.  E não vai ser por compromisso que nunca teve com a ética, a verdade e as boas práticas de jornalismo que vai deixar barato.

Além do mais, tem o componente da inveja. Getúlio não se conforma com o sucesso alcançado pela atual administração municipal em tão pouco tempo. Não se conforma porque é naturalmente uma pessoa ressentida. E não se conforma porque foi ali, como supersecretário da tragicômica gestão de Iradilson, que ele demonstrou o tamanho do seu fracasso, de sua incompetência como administrador. A ponto de ter deixado a cidade em estado de terra arrasada. Quanto mais Teresa cresce, mais ele lembra disso. E se sente menor. E isso dói.

Isso deve incomodar tanto que chega a doer.
E onde entram as pessoas que não querem se identificar, perguntará o leitor, apressado como todo leitor? Já entraram, amigos. Estão lá, hoje, no caderno cidades do jornaleco, dando foros de verdade a uma matéria inteiramente distorcida e sem fundamento sobre uniformes escolares inteligentes nas escolas municipais. Como sempre, reinam absolutas. Como sempre não se publica a versão da Prefeitura. Como sempre, o desejo de caluniar é maior do que qualquer regra do manual de jornalismo mais elementar.

Agora me digam. Depois das câmeras retirarem suas condições de trabalho na saúde, onde viviam deitando e rolando, para onde mais elas iriam? Para a educação, ora, território até bem pouco tempo ocupado pelo candidato a vice-governador na chapa governista, onde, frise-se fez um trabalho digno de nota e formou um grupo de seguidores de responsa. Se não dá para desqualificar Teresa, que se tente atingi-la desmerecendo o trabalho de Rodrigo, dois coelhos de uma só cajadada. Mas não vai dar certo: o trabalho tem bases e resultados muito sólidos. Milhares de pais de aluno podem e vão testemunhar. Só vão restar mesmo para sustentar a calúnia as pessoas que não querem se identificar. Sempre elas. Tadinhas!


Assim é natureza humana. Assim agem os ressentidos. Não deveria ser, mas é. 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Vaga até tem, mas cada vez menos. E não é a solução.

A saída é o concurso. Cada dia menos vagas.
Hoje, no programa que apresento da BAND RORAIMA, entrevistei um professor de cursinho especializado em preparar pessoas para fazer concurso público. Fluente e informado, tivemos uma agradável e esclarecedora conversa antes da entrevista. Ali se confirmaram algumas coisas de que eu vinha desconfiando há tempos. A maior delas é que o estado brasileiro, o setor público, cresce muito menos do que a população. E como resultado disso, temos todos os anos na rua cada vez mais pessoas saindo da faculdade do que vagas sendo abertas.
Só para se ter uma ideia, este ano, atípico por conta das eleições, teremos concurso no Brasil para preencher 3 mil vagas - no Brasil todo!. Em Roraima, contando os três níveis de poder, serão cerca de 200, isso porque, segundo ele, a Prefeitura vem abrindo vários concursos para reforçar seus quadros. Quer dizer, no ritmo que se anda, não está longe o dia em que concursos públicos serão feitos para reposição de peças que morrem ou se aposentam (e cada dia se aposentam mais tarde) ou para atender ao crescimento vegetativo do serviço que, nunca é demais lembrar, será cada vez menor, infinitamente menor do que o crescimento da população.

E aí, um grupo forte, com capacidade de influir no cenário nacional e de atrair investimentos, se propõe a governar o estado dentro de um projeto de modernização da máquina pública e de estímulo total ao desenvolvimento via estímulo ao empreendedorismo e à iniciativa privada, tirando-nos da dependência do setor público e o que se vê? Uma reação irracional, fundada no ressentimento, levanta a bandeira do combate à oligarquia (como se algum político nessa terra pudesse falar de oligarquia) e, morrendo de medo de perder a vaguinha na teta mais próxima, convida o povo a trazer de volta o passado. O passado de patrimonialismo e paternalismo assistencialista que deixou este Estado por anos e anos no mesmo lugar: dependendo do setor publico e do comércio para viver, cevando os amigos nas tetas do poder e, com isso, controlando a vida e a vontade de todos.


É isso que querem para seus filhos e netos? Eu só me penalizo, não me preocupo. Porque não me atinge,, não tenho mais filhos para criar aqui. Já os criei, aqui, durante um tempo em que tudo parecia que ia mudar. Não mudou, já ali o medo da mudança, da modernidade e da competência falou mais alto.. E se depender desses eternos dependentes ressentidos, não vai mudar nunca. Porque desse jeito tá bom demais.


Coitada da Folha

A Prefeitura foi muito má com a Folha de Boa Vista, tirou-lhe um dos principais meios de trabalho. Botou câmera em tudo quanto é canto do Hospital da Criança. E agora, como é que o Jornal Necessitado vai poder inventar histórias com base nas denúncias de pessoas que não quiseram se identificar? Como é que vai ser daqui pra frente, se vai estar tudo lá, gravado, para mostrar se o fato denunciado houve ou não houve? E as pessoas que não querem se identificar, que agora vão ter que sair do anonimato, será que vão continuar a receber seu estipêndio, mais conhecido como taxa de constrangimento? Tadinha da Folha. Tadinhas das pessoas que não querem se identificar.

Incompatíveis

Vamos combinar: se há no mundo duas palavras mais incompatíveis e que jamais conseguem conviver em harmonia numa mesma frase são desenvolvimento e PT. É ou não é? Nesses doze anos de domínio do Partido, me apontem aí uma, só uma iniciativa, pensamento ou obra que contribuísse para o desenvolvimento econômico do País. A agricultura não pode crescer mais porque não há estradas para escoar a produção e os portos estão com sua capacidade esgotada há muito tempo (Não em Cuba, lá nós construímos um novinho e moderno com enorme capacidade de carga e descarga). Trem bala conversa. Trem de carga, conversa.

Incompatíveis I

O Nordeste, reduto onde o PT costuma buscar seu voto-gratidão, continua estagnado. A Ferrovia transnordestina, parada. A transposição das águas do São Francisco, parada e a seca castigando. As obras da refinaria, atrasadas, além de superhipermegafaturadas. A produção de biodiesel a partir da mamona, deu com os burros n’água e deixou muitos pequenos agricultores pendurados no pincel. Enfim, tirando as pequenas mercearias que viraram pequenos mercadinhos e movimentaram um pouco a combalida economia local do agreste e do sertão, nada se criou, nada se poder vere que dê um sinal que vamos dar um pulinho pra frente.

Incompatíveis II

O Norte, ah o Norte. Aqui o PT está fazendo seu campo de provas para atingir o seu objetivo final: fazer todo mundo voltar ao estado natural, livres e felizes, correndo nus e folgazãos pela floresta junto com nossos irmãos silvícolas, numa perfeita comunhão de corpos e espíritos, vivendo de extrativismo e colheita de frutos que a terra, mãe generosa, nos dá: castanha do Brasil, açaí, pupunha, manga, araçá... Tudo saudável, tudo orgânico. Nem uma árvore cortada, nem um pasto criado, nem um bezerro nascido, só plantação de mandioca em terra brocada e encoivarada... o paraíso terrestre ao alcance de todos. Tudo isso, logicamente, supervisionado pela FUNAI e pelo IBAMA. Parece delírio? Mas pense bem e veja: é o que estão fazendo aos poucos.

Incompatíveis III

Por isso a estranheza de ver Ângela apresentar um programa de governo com – vejam só a criatividade dos marketeiros – 13 passos para seguir em frente. Só 13? É pouco pro tanto que se tem que caminhar, mesmo sem Flamarion Telmário e a turma braba do PT atrapalhando. E lá se fala em desenvolvimento, vejam que desfaçatez. Só não dizem como esse desenvolvimento vai ser alcançado. Sim, porque, se vocês não viram, eu vi: lá estava o André Vasconcelos, ex-FUNAI e candidato a deputado, de olho em tudo, conferindo tudo pra que ali nada houvesse que lembrasse empreendedorismo, iniciativa privada, fomento à produção, atração de investidores e, palavrão dos palavrões, lucro. Deusulivre!

terça-feira, 22 de julho de 2014

A justiça tarda, mas não Folha.

Matéria falsa no face não pode, mas invadir site do JR pode?
.Para minha curta compreensão, a Folha de Boa Vista sempre me pareceu um jornal muito, muito estranho. Ao contrário de outros que vi aqui e alhures, não se esconde sob um manto de aparente isenção. Em cada matéria, em cada notinha, em cada editorial ou artigo, assume deslavadamente sua condição de um jornal a serviço único e exclusivo dos interesses do seu dono e, depois dele, dos seus aliados políticos de ocasião e dos anunciantes. Tem servido também para destilar o fel de um ou outro repórter que é um poço até aqui de ressentimento. Mas é a vida. Fazer o quê?

E a Folha continua dando um exemplo atrás do outro de mau jornalismo, de falta de ética e de critério, enfim, de falta de tudo. Até um dia brinquei com seu slogan – Um Jornal Necessário – dizendo que, em vez de necessário, seria mais correto o slogan Um Jornal Necessitado: de ética, de isenção, de respeito pelos fatos e pela verdade, de ouvir todos os lados de uma questão, enfim, de observância a todas as regras do mais elementar manual de jornalismo.

Ontem, foi longe demais. Ao ver publicada no Facebook uma montagem com uma notícia, falsa, mas com todos os elementos para ser considerada verdadeira, em tudo semelhante ao padrão gráfico do Jornal, deu piti. Soltou uma nota condenando a postagem e ameaçando meio mundo. Muito justo. Também ficamos solidários com o, digamos assim, Jornal. Somos contra e repudiamos que se use o anonimato para atacar alguém, como, aliás, a Folha é useira e vezeira com suas denúncias falsas atribuídas a “pessoas que não quiseram se identificar”. Não é a mesma coisa?

Só não entendemos porque, em nome da liberdade de imprensa e da lisura na conduta de internautas neste pleito, não se manifestou quando, um dia antes, o concorrente Jornal de Roraima teve seu site invadido por um hacker que nele postou uma matéria totalmente falsa. Quer dizer que copiar o estilo da Folha para publicar uma matéria inverídica no facebook, não pode. Mas invadir o site, a casa de outro Jornal para plantar uma matéria que os mais desavisados considerariam verdadeira, porque publicada na própria página eletrônica do periódica, pode. É essa a justiça da Folha? Seu silêncio reflete o que acha de uma invasão tão grave? Se for assim, está dando um recado bem claro: podem barbarizar que a internet é terra de ninguém. Desde que não ataquem a Folha, tudo bem. Isso é o que eu chamo de primor de caráter.

Oi, quem está boicotando quem?

A Parabólica da hoje desfila seus queixumes porque falta energia em sua rádio justo no momento em que candidatos a governador da oposição dariam entrevista, sugerindo um boicote. Além de, como lembra Edersen, não perderem o apego ao dinheiro para conprar um gerador, coisa que toda rádio tem, é muito capaz de ser boicote mesmo. Mas não da parte de quem a Folha insinua. É bom lembrar que quem dirige a Boa Vista energia é um tal de Antonio Carramilo neto que, segundo consta, é do PT e foi indicado por Ângela. É melhor o jornal investigar direitinho. Até para não cometer mais uma das suas muitas injustiças. 

Falar em PT e em Ângela.

Com quinze milhões para gastar, Ângela me contrata uns marqueteiros dessa qualidade? Só pode ser brincadeira. Porque fizeram um slogan que não fede nem cheira. Tudo bem, publicitário simplesmente se urina quando consegue um slogan calcado num dito popular, vide Posto não se discute, da Shell, Tubo pra toda obra, da Tigre etc. Agora, é claro que É pra frente que se anda. Mas pra fazer o quê? Slogan que não se explica por si só... Com esse pessoalzinho do PT dependurado, acho muito difícil que consigam fazer alguma coisa que não seja aplicar umas boas multas nos agricultores e dar uma aumentadinha básica nas terras indígenas. É ou não é? 

Falar em PT e em Ângela I

Já que estamos aqui falando dos marketeiros Ângela (antigamente eu não falaria, acharia anti-ético, publicitário que sou, mas hoje a idade me permite fazer qualquer sandice, velho é bicho doido) tenho a impressão que a ideia de não levar Flamarion para o registro do, por assim dizer, programa de governo do PT foi para que Ângela pudesse entoar melhor sua cantiga de uma nota só: oligarquia. Tudo bem, Flamarion é uma tatuagem em sua vida. E não vai ser se afastando dele que ela vai fazer alguém esquecer a oligarquia que formam e tudo o que fizeram juntos.e que levou à cassação do mandato do marido. 

Falar em PT e em Ângela II

Aí os marketeiros geniais disseram: não leva o Flamarion que você pode combater melhor a oligarquia. Mas, como não conhecem a realidade local, deixaram Ângela levar André Vasconcelos, o ex da Funai que Roraima simplesmente ama de paixão. André está lá na foto, conferindo tudo e parecendo dizer: "tudo bem, É pra frente que se anda. Mas só até a corrente do Jundiá, correto?". E esse povo ainda tem a coragem de falar em desenvolvimento de Roraima.

Falar em PT e em Ângela III

Outra coisa que não consigo compreender, mesmo com muitos anos de estrada, é como uma pessoa tem coragem de adotar um slogan desses, inerte, inodoro e incolor. Slogan tem que ser excludente, aprendi na minha vida. É pra frente que se anda é até bacaninha. Mas, no meu entendimento, soa como alguém que está querendo que o eleitor não olhe para o passado da candidata, que, convenhamos, não é dos mais recomendáveis. Tipo: Deixa pra lá. Além do mais, entra na categoria das ameaças, tipo: Nada como um dia atrás do outro; O mundo dá muitas voltas, Te pedo mais na frente etc. Será que estão querendo se vingar de alguém?



segunda-feira, 21 de julho de 2014

O correto uso do papel higiênico (última crônica de João Ubaldo Ribeiro)

O título acima é meio enganoso, porque não posso considerar-me uma autoridade no uso de papel higiênico, nem o leitor encontrará aqui alguma dica imperdível sobre o assunto. Mas é que estive pensando nos tempos que vivemos e me ocorreu que, dentro em breve, por iniciativa do Executivo ou de algum legislador, podemos esperar que sejam baixadas normas para, em banheiros públicos ou domésticos, ter certeza de que estamos levando em conta não só o que é melhor para nós como para a coletividade e o ambiente.

Por exemplo, imagino que a escolha da posição do rolo do papel higiênico pode ser regulamentada, depois que um estudo científico comprovar que, se a saída do papel for pelo lado de cima, haverá um desperdício geral de 3,28%, com a consequência de que mais lixo será gerado e mais árvores serão derrubadas para fazer mais papel. E a maneira certa de passar o papel higiênico também precisa ter suas regras, notadamente no caso das damas, segundo aprendi outro dia, num programa de TV.

Tudo simples, como em todas as medidas que agora vivem tomando, para nos proteger dos muitos perigos que nos rondam, inclusive nossos próprios hábitos e preferências pessoais. Nos banheiros públicos, como os de aeroportos e rodoviárias, instalarão câmeras de monitoramento, com aplicação de multas imediatas aos infratores.

Nos banheiros domésticos, enquanto não passa no Congresso um projeto obrigando todo mundo a instalar uma câmera por banheiro, as recém-criadas Brigadas Sanitárias (milhares de novos empregos em todo o Brasil) farão uma fiscalização por escolha aleatória.

Nos casos de reincidência em delitos como esfregada ilegal, colocação imprópria do rolo e usos não autorizados, tais como assoar o nariz ou enrolar um pedacinho para limpar o ouvido, os culpados serão encaminhados para um curso de educação sanitária. Nova reincidência, aí, paciência, só cadeia mesmo.

Agora me contam que, não sei se em algum estado ou no país todo, estão planejando proibir que os fabricantes de gulodices para crianças ofereçam brinquedinhos de brinde, porque isso estimula o consumo de várias substâncias pouco sadias e pode levar a obesidade, diabetes e muitos outros males. Justíssimo, mas vejo um defeito.

Por que os brasileiros adultos ficam excluídos dessa proteção? O certo será, para quem, insensata e desorientadamente, quiser comprar e consumir alimentos industrializados, apresentar atestado médico do SUS, comprovando que não se trata de diabético ou hipertenso e não tem taxas de colesterol altas.

O mesmo aconteceria com restaurantes, botecos e similares. Depois de algum debate, em que alguns radicais terão proposto o Cardápio Único Nacional, a lei estabelecerá que, em todos os menus, constem, em letras vermelhas e destacadas, as necessárias advertências quanto a possíveis efeitos deletérios dos ingredientes, bem como fotos coloridas de gente passando mal, depois de exagerar em comidas excessivamente calóricas ou bebidas indigestas. O que nós fazemos nesse terreno é um absurdo e, se o Estado não nos tomar providências, não sei onde vamos parar.
Ainda é cedo para avaliar a chamada lei da palmada, mas tenho certeza de que, protegendo as nossas crianças, ela se tornará um exemplo para o mundo. Pelo que eu sei, se o pai der umas palmadas no filho, pode ser denunciado à polícia e até preso. Mas, antes disso, é intimado a fazer uma consulta ou tratamento psicológico. 

Se, ainda assim, persistir em seu comportamento delituoso, não só vai preso mesmo, como a criança é entregue aos cuidados de uma instituição que cuidará dela exemplarmente, livre de um pai cruel e de uma mãe cúmplice. Pai na cadeia e mãe proibida de vê-la, educada por profissionais especializados e dedicados, a criança crescerá para tornar-se um cidadão modelo. E a lei certamente se aperfeiçoará com a prática, tornando-se mais abrangente.

Para citar uma circunstância em que o aperfeiçoamento é indispensável, lembremos que a tortura física, seja lá em que hedionda forma — chinelada, cascudo, beliscão, puxão de orelha, quiçá um piparote —, muitas vezes não é tão séria quanto a tortura psicológica.

Que terríveis sensações não terá a criança, ao ver o pai de cara amarrada ou irritado? E os pais discutindo e até brigando? O egoísmo dos pais, prejudicando a criança dessa maneira desumana, tem que ser coibido, nada de aborrecimentos ou brigas em casa, a criança não tem nada a ver com os problemas dos adultos, polícia neles.

Sei que esta descrição do funcionamento da lei da palmada é exagerada, e o que inventei aí não deve ocorrer na prática. Mas é seu resultado lógico e faz parte do espírito desmiolado, arrogante, pretensioso, inconsequente, desrespeitoso, irresponsável e ignorante com que esse tipo de coisa vem prosperando entre nós, com gente estabelecendo regras para o que nos permitem ver nos balcões das farmácias, policiando o que dizemos em voz alta ou publicamos e podendo punir até uma risada que alguém considere hostil ou desrespeitosa para com alguma categoria social.

Não parece estar longe o dia em que a maioria das piadas será clandestina e quem contar piadas vai virar uma espécie de conspirador, reunido com amigos pelos cantos e suspeitando de estranhos. Temos que ser protegidos até da leitura desavisada de livros.

Cada livro será acompanhado de um texto especial, uma espécie de bula, que dirá do que devemos gostar e do que devemos discordar e como o livro deverá ser comentado na perspectiva adequada, para não mencionar as ocasiões em que precisará ser reescrito, a fim de garantir o indispensável acesso de pessoas de vocabulário neandertaloide.

Por enquanto, não baixaram normas para os relacionamentos sexuais, mas é prudente verificar se o que vocês andam aprontando está correto e não resultará na cassação de seus direitos de cama, precatem-se.


Dilma também sofre uma goleada de 7 a 1: 7% de inflação X 1% de crescimento!

Do blog de Reinaldo Azevedo.



Ainda repercute nas redes sociais aquela frase realmente oportuna da presidente Dilma Rousseff, segundo quem o seu “governo era padrão Felipão”, lembram-se? Ela pode não ser muito boa nessa coisa de governo — a cada dia, vamos ser sinceros, ela se revela pior. Mas não podemos lhe negar os dons premonitórios. Dilma também vai encerrar o mandato com o seu 7 a 1: 7% de inflação contra 1% de crescimento! “Ah, você arredondou para cima: a inflação; talvez fique um pouquinho menor!”. Pois é. Muito provavelmente, eu arredondei pra cima também o crescimento…
É claro que não sou besta de tomar o que se diz aqui e ali hoje como antecipação das urnas. Mas não é possível que eu esteja vivendo numa bolha. Hoje em dia, ando bastante por aí, falo com muita gente, ouço o que se diz na rua… Há uma óbvia, quase palpável, sensação de saco cheio no ar. Se essa tendência muda ou não com a campanha eleitoral, aí, meus caros, não posso prever. Que o encanto se quebrou, disso não se duvide!
Sob pressão, o PT tem cometido mais erros táticos — e até estratégicos — do que o habitual. Até agora, fico cá a me perguntar que espírito asnal soprou aos ouvidos dos petistas que deveriam atribuir à “elite branca paulista” o descontentamento com a presidente Dilma. Se, até outro dia, essa criminalização dos adversários — e da “classe média”, que Marilena Chaui odeia — parecia funcionar, convenham, hoje, ela roda no vazio. E chega a soar ridícula.
Não sei se os “companheiros” ainda vão se encontrar. Hoje, é fato, eles estão bastante perdidos e se dividem sobre as escolhas. Há quem queira, como Franklin Martins, fiel a uma tradição, a guerra sangrenta, o confronto, a luta feroz entre “Nós” (eles) e “Eles” (nós). Há quem já tenha percebido que essa é uma gesta que ficou no passado. Até o furor fascistoide precisa acenar com alguns amanhãs sorridentes, por mais fantasiosos que sejam. Quais são os do PT? Lula acha que vai, por exemplo, produzir algum efeito eleitoral significativo em São Paulo desferindo grosserias, como fez, contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB)? A economia da resposta, diga-se, só tornou o ataque ainda mais grotesco.
Sim, os petistas, Lula, Dilma e a turma toda contavam com um título da Copa para aniquilar os adversários, varrê-los do mapa eleitoral, quem sabe… Convenham: essa gente nunca fez profissão de fé na capacidade de discernimento da população; sempre a considerou moldável, manipulável, bronca… A vitória não veio. Mas tenho pra mim que, ainda que tivesse vindo, o efeito eleitoral seria desprezível, marginal.
Afinal, a rejeição crescente a Dilma nada tem a ver com os 7 a 1 contra a Alemanha. Tem a ver com os 7% a 1% contra o nosso futuro.

Publicado por Marcelo Coutelo

sexta-feira, 18 de julho de 2014

É muito pior do que se pensa.

Última fronteira Agrícola. Se os fundamentalistas deixarem, claro.
Hoje, no programa que apresento na BAND RORAIMA, entrevistei uma liderança da entidade que congrega os madeireiros industriais e comerciais de Roraima. Conversamos antes, o tempo era curto. Estarrecedor. E Preocupante. Sempre pensei que a política ambiental está formulada de modo a impedir o desenvolvimento de qualquer atividade produtiva neste estado. Só não sabia o quanto estava certo. Agora sei. Roraima hoje só dispõe de 15% do seu território para ser usado na agropecuária. E o IBAMA tem feito o possível e o impossível para desestimular que se use produtivamente esse pequeno pedaço que sobra depois das áreas indígenas e parques e reservas e o que mais a mente desses fundamentalistas possa inventar.

O que é que houve? O DOF venceu. E tome multa.
Adiante. Para produzir, seja soja ou gado, é preciso desmatar, concordam comigo? Mesmo cumprindo a estúpida regra de desmatar apenas vinte por cento de sua terra, porque se passar disso leva uma multa destamanho pela caixa dos peitos, vamos que ele consiga desmatar só isso. Aí ele, junto com seus vizinhos, vende a madeira para uma madeireira beneficiar e vender. Pronto, pensou você, tudo ok. Ok nada. Aí a madeireira vai ter que tirar a madeira do picadão e, para isso, muitas vezes ela própria investe recursos próprios para por a estrada em condições de tráfego para caminhões pesados, terraplena, constrói ou conserta pontes etc. A madeireira deseja exportar a madeira para, digamos, o Espírito Santo, segundo soube nosso maior cliente. Submete-se a um longo e torturante processo para ser licenciado pelo IBAMA até, se tiver sorte, receber um tal de DORF - ou DORFE, não me lembro bem mas vou averiguar, porque esse assunto não vai ficar por aqui. Só que a madeira vai ter que cumprir um longo trajeto por estrada e balsa até chegar ao Pará. E aí, o prazo do tal DOF (esse é o nome do bicho, averiguei) venceu. E se todo mundo, por um desses milagres, escapou da multa na origem e no processo de retirada, ela lhe é aplicada no destino. Uma beleza.

É só quando o PT mostra serviço.
Resumo da ópera.  Hoje existem 45 madeireiras registradas em Roraima. Mas só 29 estão operando. E precariamente. Empregavam mais de duas mil e quinhentas pessoas. Hoje empregam oitocentas, se muito. Vários produtores com projetos ambiciosos, inclusive pessoas de fora que vieram para a última fronteira agrícola do Brasil, estão pensando em desistir e correr com a sela e já estão reduzindo seu número de empregados. E estou falando de projetos de 10 mil, 30 mil hectares. Estou falando de soja, estou falando de agro negócio que move a economia pra valer. Quando eu falei em última fronteira agrícola, o cara riu. Como última fronteira agrícola, se o que se encontra aqui é todo um aparato burocrático, ideologicamente aparelhado, fazendo de tudo para desestimular a produção? Como última fronteira agrícola se em vez de incentivo você tem multas escorchantes por qualquer passo em falso numa legislação irracional? Voltaremos ao assunto. Há muito mais para falar.


Sabem de nada. Inocentes!
Assim é a coisa. Depois vocês me perguntam como é que eu estranho aquele monte de empresários do agronegócio apoiando a candidatura de Ângela. Simples. Se o IBAMA já tem todo esse poder de impedir num governo que não é do PT, imagina num governo do PT? Será que empresários bem sucedidos não estão enxergando coisa tão rasa como essa? Será que as pessoa que raciocinam não estão vendo que Roraima já está de joelhos diante de IBAMA, INCRA E FUNAI? Ou será que o medo de serem tachados de inimigos da Igreja Universal das Árvores dos últimos Dias e defensores dos devastadores do meio ambiente os faz ter medo de raciocinar só um pouquinho? Qual seja a resposta, o resultado é que se não abrimos os olhos vamos pagar muito caro por essa omissão. Anotem aí o que estou dizendo.

Verde que te quero vermelho. Mas só pra disfarçar.

Preciso que alguém me explique uma coisa. A cor do PT sempre foi vermelha, desde o tempo em que Lula andava mal amanhado e não aparava a barba. É só ver o palanque de lançamento da candidatura de Ângela. Estava todo mundo de vermelho: Nagib Lima, o expulsador de arrozeiros, André Vasconcelos, da FUNAI de triste memória, Titonho Beserra, do INCRA... todo mundo, até Telmário estava de vermelho. Mas a Ângela estava de verde. E aí, depois, os banners dela no face são todos em tons de verde. E é aí que eu pergunto: será que ela está querendo esconder que é do PT, do mesmo jeito que esconde o marido? Se está, por que razão? Coisa de marqueteiro? Ou medo do pessoal pensar direitinho no quanto o PT tem sido um atraso na vida de Roraima? Mistérios...


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Quem grita mais chora menos.

Gritando cada vez mais alto.
Já faz um tempo que estamos andando por um caminho muito perigoso. Veja só. Se você elogia o bronzeado ou os cabelos de uma colega: assédio sexual. Dá uma chamada mais, digamos assim, robusta num funcionário meio incompetente: assédio moral. Dá uma tapinha no bumbum do seu filho: lei da palmada. Chama um afrodescendente grande de negão: racismo. Ri dos trejeitos de um homossexual mais efusivo: homofobia. Corta uma árvore para plantar alimentos: agressão ao meio ambiente. E por aí vai.

E o pior de tudo é que você pode ser denunciado por qualquer um, sem nenhum critério objetivo, sujeito à interpretação e à idiossincrasia do acusador. E corre o risco de ir bater numa delegacia, ser indiciado, enfim, passar por essas coisinhas desagradáveis. Arma perfeita para uso político-ideológico, acertos de contas passadas e descarrego de recalques, não é mesmo?

É certo que você tem o direito à defesa. E tem que torcer muito para conseguir inocentar-se. Porque não há critério claro, não há limites, é tudo propositadamente muito vago, deixando você submetido à interpretação do promotor, do juiz, do tribunal, enfim, de toda a longa corrente de transmissão da justiça no Brasil. Mesmo que passe incólume por tudo isso, não há nada que pague o vexame e o constrangimento.
Pois é, as minorias estridentes venceram. E estamos vivendo tempos em que quem grita mais chora menos. Como a maioria não grita, melhor mesmo é ficar em casa. Se não, vejamos.

A infestação e multiplicação dos cupins.

A estratégia é multiplicar-se e infestar. Como cupins.
Talvez você ache que exagero, que estou desenvolvendo mais uma teoria da conspiração. Mas raciocine. Tudo isso faz parte de uma técnica de tomada do poder. A maioria da esquerda - a não ser alguns malucos sem expressão - há tempos desistiu de tomar o poder pela revolução. Organizam-se para destruí-lo por dentro, feito cupins, usando os mecanismos e brechas que o próprio sistema fornece para dele apossar-se. E, depois de confortavelmente instalados, destruí-lo por dentro.
E um dos principais movimentos é este: organizar-se e usar sua capacidade de fazer ruído e ganhar espaço na mídia – também acuada e morrendo de medo de ser classificada como reacionária/golpista - para acusa-lo e acuá-lo, fazê-lo sentir-se culpado por ser branco, heterossexual e bem sucedido. É assim que vão deixando a maioria inerte, com medo de reagir, com medo até de contra argumentar para não ficar tachado de reacionário, no mínimo, ou fascista, o que é mais comum, até porque eles não sabem o significado de fascismo e não percebem que usam táticas fascistas eles próprios.
Pra que brigar se a gente pode comer pelas beiradas?
Por exemplo. Se você, por motivos religiosos ou humanitários, é contra o aborto, vai ser acusado de ser contra as mulheres. Se manifestar-se contra políticas assistencialistas que impedem o crescimento do homem e da sociedade, vira imediatamente contra os pobres. Eles são mestres em reduzi-lo à expressão mais simples e mais ofensiva. E o fazem com muito, muito barulho.

E assim vamos ficando, sem saída, calados, inertes e impotentes diante da tomada do Estado. Se tiverem tempo, deem uma lidinha rápida no Velho Gramsci. Tá tudo lá. Depois olhe em volta. Eles estão confortavelmente instalados. Enquanto discutimos oligarquias e dominação, eles vão se apossando do que nos faria independentes: terras, riquezas e condições de produzir para dar o grande salto.


Demarcando áreas indígenas ao sabor das ideologias.


Se você parar pra pensar, vai ver que a legislação que regula a pretensa defesa das minorias é propositadamente vaga. Assim permite várias interpretações, não por acaso prevalecendo sempre aquela que melhor servir aos interesses da dita minoria. E isso permite aos seus agentes atuar com desenvoltura suficiente para atingir seus objetivos quase sem reação.

Veja-se, por exemplo, o caso da demarcação de terras indígenas. Existe alguma lei, baseada em rigorosos estudos científicos, que defina clara e objetivamente o que deve ser considerado área indígena? Mas, preste atenção, clara e objetivamente! Não. Assim, a delimitação de uma área fica ao sabor da interpretação e da vontade de antropólogos, que entre si elaboram seus próprios critérios, propositadamente vagos o suficiente para permitir a serem usados só por iniciados, ou seja: eles próprios. E é baseado num parecer não científico, elaborado com base numa ideologia e militância anticapitalista que se toma uma terra produtiva, uma fazenda, um sonho que levou anos para ser construído. Roraima sabe, não faz muito tempo passou por isso.
O futuro de um Estado nas mãos de poucos.

Há anos se luta para retirar tanto arbítrio, tanto poder de uma pessoa ou grupo de pessoas. Mas a luta é dura. O Congresso quer avocar para si, para os representantes de todos os brasileiros, de todas as raças e gêneros o direito de decidir o que é terra indígena? Sitiemos o Congresso, levemos para lá índios armados com seus anacrônicos arco e flecha, tênis, relógios e calças jeans de grife. E façamos bastante barulho, chamemos a imprensa, classifiquemos os parlamentares de exterminadores de índios. Exagero? Não. É assim que tem sido. E continuamos reféns da vontade de poucos iniciados.

Trabalho-escravo: cada cabeça uma sentença. 

E assim também está sendo com a lei que tenta regulamentar o que pode ser classificado como trabalho escravo neste país de gente acuada. João Pedro Stédile está encontrado dificuldades em conseguir terras via invasão? Fácil. Faça-se uma lei propositadamente vaga, cheia de brechas, fingindo que define situações que poderiam tipificar trabalho escravo e pronto: fica fácil tomar terra legalmente. Porque mais uma vez vai ficar ao arbítrio de um fiscal – que seja um grupo de fiscais – decidir se numa fazenda utiliza-se trabalho escravo. Baseado em que critérios: ora, no humor dele naquele determinado dia. Precisa mais? E os sem terra, em vez de estudarem Marx e Lenin como hoje, vão mais é estudar para passar nos concursos para selecionar fiscais do Ministério do Trabalho. Mole, mole.
A maioria do Congresso, por meio do relator da matéria – por acaso o senador Romero Jucá –, percebe a manobra e busca ouvir o conjunto da sociedade para tentar definir com clareza as situações que permitem enquadramento? Simples. Eles se recusar a discutir o assunto, a mandar sugestões, a participar da construção de uma solução de consenso, de racionalidade, que proteja o trabalhador e preserve a propriedade. Não argumentam: acusam. Não discutem: desclassificam. E usam seus blogs sujos (a classificação é de Lula, não minha) para tentar desqualificar o relator em todas as redes sociais a que tiverem acesso. E são muitas.

Foi isso o que fizeram. Mesmo quando o senador pediu mais tempo para ouvir o maior número possível de entidades representativas da sociedade e de defesa dos direitos dos trabalhadores. Continuam gritando. Continuam reverberando. Continuam fazendo alarido. Porque sabem que quem grita mais chora menos. E que nós e a imprensa que ainda se diz independente, acuados pelo barulho e pelas ofensas, com medo de seremos tachados de escravagistas, reacionários, direitistas-defensores-da-bancada-ruralista, não vamos reagir. Como sempre. Mas não está longe o tempo em que haveremos de nos arrepender. E aí já não vai mais ser possível gritar: só chorar.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Palavras de ordem para uma aliança muito louca.

Tudo junto e misturado. Só falta combinar com o eleitor.
Diante dessa mistura de barbudinhos e desgrenhadinhas do PT com o notório Telmário e seu repertório de agressões e com, pasmem, empresários bem sucedidos do agronegócio, simplesmente tenho que saber que raios de conversa mole vão jogar para cima do eleitor. Sim, porque - embora já tenha prometido gastar uma grana preta pra mostrar sabe-se lá o quê em seu programa eleitoral de Rádio e TV - o PT não vive sem umas boas palavras de ordem, daquelas de fazer militonto sair babando de fervor ideológico, rasgar a camisa e atear fogo às vestes. E, pelo menos sempre foi assim, empresário dono de terra tremer em los pantalones de medo de virar ex-proprietário e entrar na categoria dos sem-terra. T'esconjuro.

Felicidade é... andar em boa companhia.
Mas, peraí: estamos em Roraima. O que é que a candidatura de Ângela, do PT, vai dizer ao povo de Roraima, que sabe muito bem que esse Partido é um atraso de vida? Principalmente, é preciso saber o que a Aliança para o Atraso, capitaneada por Nagib Lima e formada pelos atuais e antigos dirigentes da FUNAI, do INCRA e do IBAMA, vai dizer aos produtores agrícolas, sejam grandes, médios ou pequenos. O que vai dizer a quem perdeu sua plantação de arroz, por exemplo? O que vai dizer a quem vive levando multa do IBAMA pela caixa dos peitos por qualquer arbusto cortado? O que vai dizer a quem olha pro sul e vê aquela humilhante corrente atravessando a 174? Hein, empresários neopetistas? Ajudem aí, arrumem um discurso convincente que explique suas presenças na chapa e demonstre em que isso é bom para Roraima.

Antecipo-me. E como imaginação solta permite tudo, comecei a bolar algumas palavras de ordem a serem usadas na campanha. Vai ser engraçado ver aquele monte de empresários, braços dados com a fina flor da esquerda, tudo de camisa vermelha, carregando faixas e cartazes e entoando a plenos pulmões pérolas como as que se seguem:

MAIS TERRA PARA OS ÍNDIOS

DESMATAMENTO ZERO

PAU NO LOMBO DE QUEM CORTA PAU

O PICADÃO É NOSSO.M

Ou então, adaptando o grande grito das passeatas do tempo da revolução,

O ARROZ/COLHIDO/JAMAIS SERÁ COMIDO

Bacaninha, né não? Um verdadeiro show de coerência.