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segunda-feira, 2 de março de 2015

Cadê eles? Ou: vai de rede mesmo que é mais em conta.

Cadê eles, os eternos descontentes, os defensores dos fracos e oprimidos??
Cadê os progressistas de beira de pinico? E os socialistas de botequim, onde estarão? Onde se escondem os engajados na luta contra as injustiças do mundo que, por dá cá aquela palha, saem em passeata agitando bandeiras vermelhas e pensando defender os interesses do povo-popular? Cadê os bravos que acreditam na utopia e aceitam de tudo, toda bandalheira, toda vilania para construir o novo homem? Enfim, como diria o grande Nelson Rodrigues, cadê os padres de passeata e as estagiárias do calcanhar sujo? Calaram-se, fugiram, escafederam-se? Ou envergonharam-se com a pretrosuruba e correm em busca de uma explicação que satisfaça o público, porque seu o amor à causa já satisfez suas, digamos assim, consciências?

A que vem isso? O que está acontecendo para me tirar de um longo silêncio auto-imposto? Porque o governo que nos desgoverna, entre outras enfiadas de mão no nosso bolso para cobrir suas próprias - desculpem o termo – cagadas, resolveu reformar, sorrateiramente e pelas beiradas, regras da Previdência Social e tirar alguns direitos trabalhistas e previdenciários. Até aí tudo bem, diriam os sindicalistas de bucho e bolso cheios; vãos apoiar, é para salvar a economia e os empregos. Como se fosse...

Sonhando com uma viuvez tranquila? Pois é...
Mas foram além, muito além do aceitável. Resolveram mexer na pensão das viúvas. E mexer pesado. A partir da aprovação de uma medida provisória aí – ou de um decreto acolá ou de uma portaria alhures – as viúvas com mais de quarenta anos só receberão a metade da pensão a que hoje têm direito pela morte do cônjuge. Um corte de 50%! Como vão viver? Problema delas, dirão aqueles hoje empenhados em manter a tal da governabilidade e a economia remendadinha, engatilhada, cheia de gambiarras. Ou os outros, que sabem que essa proposta é só a velha tática de botar, para depois tirar, o bode na sala. 

Luxo pra quê? O governo precisa limpar suas cagadas.
Tomara Deus seja a segunda hipótese. Caso contrário, aconselho aqueles que há tempos são casados com aquelas que sempre foram apenas rainhas do lar e hoje contam com uma pensão que as permitam viver com um mínimo de dignidade, que deem uma apressadinha e morram logo, antes que a medida seja implantada e as coitadas tenham que se virar nos trinta para viver com metade da grana, sem sobrar dinheiro nem para o morim das anáguas. Morram logo, amigos sessentões. Ou a velhinha que dividiu com vocês cama, mesa, alegrias e tristezas vai ter que poupar até na hora de enterrá-los num caixão mais cheio de rococós. E lá vamos todos para a cova rasa devidamente empacotados numa rede. Das mais baratinhas, diga-se.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Prometer como sem falta para faltar como sem duvida. Ou: quem manda no quê?

Quem manda na Casa do Povo? O preposto ou os nossos representantes?
Em se tratando de quem se está tratando, o tempo já mostrou que, suas práticas políticas, tudo é possível. Iludir os eleitores até a última hora, afrontar a Justiça – eleitoral, dos homens e de Deus -, boi voar, prometer como sem falta e faltar como sem dúvida, trair como quem coça, enfim, o repertório é vasto e vasta é a disposição de usá-lo de pé a ponta na insaciável busca pelo poder a qualquer custo para lambuzar geral. Até aí tudo bem, o homem é seu estilo, seu caráter e suas circunstâncias.
Agora tudo tem – ou deveria ter - um limite. Fico aqui boquiaberto tendo notícias de que o homem, para conseguir apoio no segundo turno, prometeu a Presidência da Assembleia a um deputado que estava do outro lado. Mas que a dita presidência já estava devidamente prometida a outro. Nada a estranhar, trair é do seu DNA e os prometidos que se entendam com o prometedor Mas, peraí: como é que o dono (o dono é ele, pois não?) do poder Executivo pode prometer a Presidência do poder Legislativo? E é assim? E é ir chegando e distribuindo os cargos do Poder Legislativo a seu bel prazer? E os deputados, como é que ficam? Aceitam tudo calados, sem tugir nem mugir, ou erguem a voz num formidável EPA, vamos com calma, aqui quem manda somos nós. E, como de fato, ali, na Assembleia, quem manda são eles. Ou não? Ou acabaram com a independência dos poderes e ninguém me avisou? Ou os nossos representantes, eleitos por nós, resolveram entregar a rapadura logo no comecinho do mandato. Recuso-me a acreditar numa barbaridade dessas. Ali na Assembleia ainda tem homens e mulheres de brio, que sabem o poder que lhes foi por nós conferido e saberão honrar as calça e saias que vestem. Tomara Deus!

A propósito.

O mundo endoidou de vez. Leio ali num dito jornal e no sempre informado e arguto Edersen que o Governador Chico Rodrigues recebeu o engenheiro Neudo Campos para tratar da transição. Fico aqui pensando: tirando tudo o que Chico disse do referido engenheiro no período eleitoral – e não foram exatamente elogios -, quem é Neudo Campos para merecer ser recebido pelo Governador? Que apito ele toca? A que alturas chegou? E é assim, é? E é ir chegando e entrando? Para tudo existe um limite. Principalmente para o protocolo, a Agenda e, sobretudo, a liturgia do cargo de Governador de Estado.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

E se a gente ganhar?

Ali pelos anos setenta tornou-se corriqueira uma piada que retratava a dificuldade dos países latino-americanos engatarem um processo de desenvolvimento que os livrasse da monocultura para exportação. Dizia-se que, numa certa República Bananeira, reuniram-se os mais sábios para encontrar uma solução e que, procura daqui, cascavilha dali, queima-se a mufa e, finalmente, o gênio da raça local saiu com a grande ideia:

- A solução é a gente declarar guerra aos Estados Unidos e à Inglaterra. Aí eles nos invadem, arrasam uma coisinha aqui, outra ali, ganham a guerra e, depois, entram com um plano de recuperação cheio de grana e a gente começa a se desenvolver sem limites. Não vê o que aconteceu com a Alemanha e o Japão depois da guerra? Os Estados Unidos e a Inglaterra invadiram, arrasaram e depois despejaram rios de dinheiro lá. Tanto que, em pouco tempo, todos os dois viraram potencias econômicas mundiais e vão muito bem, obrigado. A plateia prorrompeu em aplausos, em êxtase com a ideia genial, já definindo providências para a declaração de guerra. Até que um tímido assistente do assessor, quietinho lá num canto, pediu timidamente e palavra e fez a pergunta definitiva:
- Tudo bem. Mas... E se a gente ganhar?
A falta que faz um idiota da objetividade...
Algo parecido aconteceu num promissor estado do norte do País. Atolado numa eterna dependência do setor público, que já demonstra incapacidade de gerar empregos e oportunidades econômicas no comércio e nos serviços, tem como único caminho implantar urgentemente um processo produtivo em larga escala, capaz de gerar efeitos para frente e para trás na economia, criar oportunidades em cascata e, consequentemente, empregos capazes de absorver o crescimento de sua população economicamente ativa.
Diante desse dilema, um grupo de gênios políticos reuniu-se para encontrar a solução. E o mais genial entre eles saiu com a mãe de todas as ideias.

- Nós temos um senador que é reconhecidamente um dos mais influentes políticos do cenário nacional, uma máquina para trabalhar, sujeito determinado, focado nos objetivos e que tem verdadeira obsessão por realizar, transformar. E, além disso, capta recursos como ninguém mais. Então, vamos declarar-lhe guerra aberta, sem quartel. Aí o candidato que ele apoia ganha por pouco, ele fica mordido e, só para mostrar força, dana a trabalhar em dobro, sai captando recursos, gerando ideias, atraindo investimentos, resolvendo a negocião para fazer a estrada de Letten/Georgetown... enfim, botando nosso estado no cenário nacional. E, como o candidato dele ganhou por pouco, nós vamos sair muito fortalecidos e vão ter que negociar tudo com a gente. E é aí que a gente se acomoda e, o que é melhor, sem aquela trabalheira toda. Não é uma ideia genia?
Todos concordaram com tao genial ideia. Só que, nesse dia, o idiota da objetividade faltou à reunião e não pode fazer a pergunta-chave: E se a gente ganhar?
Pois é. Ganharam. O problema é que ganharam. E até hoje não apresentaram uma ideia que seja sobre como sair do atoleiro ou sobre nada. Mas já deflagraram a corrida ao cargo, mostrando que o  caminho vai continuar a ser o do serviço público para a fartura de poucos. Fico aqui pensando na falta que faz um idiota da objetividade numa hora daquelas...

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

E por falar em onze...(para ir recitando até a urna)

Quando a memória fala, melhor prestar atenção
Afraninho de Sumé


I
Se a memória não me engana
E eu acho que me lembro
A vinte e seis de novembro
De tanto desviar grana
Agindo em baixo dos panos
Vai completar onze anos
Que o Neudo entrou em cana
II
Foi muito grande a chicana
Da história dos gafanhotos
Bichinhos muito marotos
Que gostam de comer grana
Que inventavam salário
Pra devastar o erário
E o Neudo entrou em cana
III
Pra família e pros "bacana"
Camarão a dar com o pau
Do mais fino bacalhau
Para o povo, só banana
E a rua dos desenganos
Está fazendo onze anos
Que o neudo entrou em cana

IV
Era a casa de mãe Joana
Cada um pegando o seu
Porém, a merda fedeu
Alguém tava com a goitana
E delatou a mutreta
A coisa então ficou preta
E o Neudo entrou em cana
V
Depois de grande campana
Da Polícia Federal
Daqui e da capital
Pegaram o safardana
Com muito alarde e agito
Na tal da praga do Egito
E o Neudo entrou em cana
VI
Do bafo da Cruviana
O homem sentiu o peso
Algemado, ele foi preso
Justo naquela semana
Em que tinha novos planos
Está fazendo onze anos
Que o Neudo entrou em cana

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

No desespero, o gato mostra as unhas.

Estão aprendendo que rapadura é doce mas não é mole.
Depois de ver os programas eleitorais da candidata gato-por-lebre na TV neste segundo turno, fui procurar no dicionário o significado da palavra desespero. Tá lá: desesperança com irritação, angústia. Então tá explicado. Neudo nadou em rio sem piranha no primeiro turno inteiro. Ninguém (inclusive, penitencio-me, eu) acreditava que ele fosse candidato, como de fato terminou não sendo. Pensava-se que ia acumular capital eleitoral para negociar com um dos candidatos. Por isso, durante todo o primeiro turno, aproveitou-se do pouco tempo de que dispunha e fez um programa de TV angelical, pastoral, sem uma proposta, apenas vagas promessas de salvação de Roraima. Não bateu em Ângela. Não bateu em Chico. Pra não deixar de aproveitar a onda, aqui acolá, um cauteloso e quase tímido ataque a “tudo isso que está aí”, a forma mais antiga de ficar em cima do muro da história política daqui e d’alhures.

Talvez por conta disso tudo, nenhum dos candidatos tratou de desconstruir sua candidatura, desmitificar sua figura, lembrar seu passado negro e sua administração desastrada, por abaixo suas propostas vagas ou denunciar a falta delas. Chico permaneceu propositivo até o último programa. Ângela mirou em Chico para ver se recebia o troco, colhia a rejeição e crescia pela via da polarização. Não colou. O primeiro turno acabou quase em abraços fraternais. E Neudo surpreendeu com a transferência de votos para o seu poste.
Chico falou grosso. E o gato chamou Telmário.

Agora a coisa muda de figura. É segundo turno, é outra conversa. Para decidir, as pessoas comparam. E a comparação está sendo feita. Chico já deu um chega-pra-lá de bom tamanho no gato que se quer passar por lebre, um “me respeite, cabra!”, que até pelo inusitado do tom forte em pessoa tão cordata, deve ter agradado muito a um povo que historicamente admira demonstrações de macheza. E o seu programa já está revelando o passado negro que todo mundo conhece mas estava escondido pela propaganda enganosa.
Aí os neudistas se deram conta de que a comparação dos dois candidatos é desfavorável a Suely por qualquer ângulo que se queira fazê-la. Viram o tom firme de Chico, suas propostas infinitamente melhores, seu grupo forte e com influência política suficiente para viabilizá-las. Viram o povo ser lembrado do passado negro de Neudo e sua administração, que todo mundo conhece mas estava escondido pela propaganda festiva do primeiro turno.
E a desesperança instalou-se. Ficaram irritados, angustiados. E bateu a raiva. Raiva que se manifesta na repetição de  insinuações e acusações de todo tipo e o tempo todo. Perderam a noção do decoro. Pararam de cantar como cantavam antes. Chamaram Telmário para baixar de vez o nível. E agora só acusam, só mistificam, só atacam, só atiram a esmo. O programa deles ficou amargo. Desespero, o mais puro desespero.
Mas não adianta. O povo repudia o desespero. Prefere a substância, a firmeza de propósitos, a segurança. E já escolheu Chico. Espere só pra ver.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Algo para pensar.


Diante da irracionalidade que tomou conta da eleição e que ameaça comandar a decisão sobre o candidato a ser votado,  um texto publicado neste blog em 08 de agosto, merece atualizado e relido. Ou lido por quem ainda não o leu. Lembrem-se de que, para entrar num processo de desenvolvimento, Roraima vai precisar de muito mais força política, muito mais recursos do que os que hoje lhe são destinados pelas transferências federais obrigatórias e arrecadação própria. Lembrem-se de que a candidatura de Chico, a candidatura ficha-limpa, tem o apoio incondicional e entusiasmado do senador Romero Jucá, de quem todos conhecem a influência política e a capacidade de captar recursos. Do outro lado, a candidatura de Suely, a candidatura ficha-suja no estilo gato-escondido-com-o-rabo-de-fora, conta com a irrelevância política da Senadora do PT. E com a incógnita que será o comportamento de Telmário Mota, que embarca (por enquanto) no barco do PT e abraça a candidatura de Dilma, mesmo com os grandes líderes do seu partido, como o senador Pedro Taques, formando do lado de Aécio. E que, convenhamos, vai demorar um bocado até aprender os caminhos e atalhos até os recursos. Isso se não se satisfizer com aguardar as sextas feiras de plenário vazio para a prática de seu esporte predileto: atribuir todos os males do mundo ao Senador Romero Jucá, sem megafone mas vociferando feito um javali enfurecido. Leiam aí, pensem e decidam.
Ele procurou o BNDES. E resolveu.
Diante da necessidade de ampliação do HGR para atender à crescente demanda, dois senadores por Roraima, duas atitudes. A senadora Ângela procurou a Folha de Boa Vista para, como sempre, revelar sua preocupação E só. É de se esperar que, na mesma situação, Telmário lance mão de seu megafone (agora na Tribuna do Senado) para botar em Jucá a culpa desse problema, da falta de chuva, da praga da acerola, da mosca da carambola e de qualquer outra coisa que lhe ocorra no momento.  Diante do mesmo problema, o senador Romero Jucá já tomou as devidas providências: procurou o BNDES - órgão, diga-se, dirigido pelo PT - e conseguiu recursos para resolver o problema, com a implantação de mais cento e vinte leitos, sendo quarenta de UTI. Tudo fica pronto em dezoito meses. Precisa dizer mais alguma coisa? Precisa outro argumento? 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O efeito borboleta.

O efeito borboleta é uma simplificação da teoria do caos, cuja ideia central é que uma pequenina mudança no início de um evento qualquer pode trazer consequências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro. Por isso, tais eventos seriam praticamente imprevisíveis - caóticos, portanto. Assim, levando a ideia ao extremo, uma borboleta batendo as asas aqui poderia provocar um tufão na China.

A que vem isso? Domingo você vai votar. E ao votar, ao escolher seus candidatos, lembre-se do bater das asas de uma borboleta e da imprevisibilidade de seus efeitos. E aja com muita racionalidade. Não vote com o coração, com o estômago ou com o bolso: vote com a cabeça. Porque vai estar dando poderes a pessoas que irão gerar efeitos não só sobre os próximos quatro anos, mas sobre todo o futuro, seu e de sua descendência, muitos e muitos anos além.

O Brasil e Roraima vivem uma encruzilhada. Ou seguir o caminho da racionalidade e da eficiência como princípios básicos e o desenvolvimento como norte do processo de gestão do estado ou continuar andando pela trilha escura e tortuosa que bota o estado a serviço de um partido, uma ideologia ou dos amigos. Há que escolher o melhor caminho. E o melhor condutor para por ele nos conduzir.

O bolso enganosamente recheado diz: vote Dilma. O coração diz: vote Marina. Mas se queremos seguir o caminho certo devemos ouvir a cabeça. Que diz: vote Aécio, vote Chico. Aécio porque, depois de doze anos de incompetência e assistencialismo enganoso, o Brasil precisa queimar etapas e correr atrás do desenvolvimento e de um futuro que foi descurado em nome de um falso presente, da ilusória sensação de poder que o consumo trás. E Chico porque, depois de anos e anos de patrimonialismo e paternalismo, precisamos alguém que tenha coragem de arrostar velhas práticas e saiba como dirigir a operação desse enorme e lucrativo empreendimento agropecuário em que Roraima se pode transformar.

De qualquer jeito, a borboleta vai bater as asas no próximo domingo. Pode gerar uma brisa com a intensidade e a força suficientes para nos impulsionar velozmente no rumo do nosso destino. Ou pode não gerar nada e deixar tudo na pasmaceira e na dependência em que sempre esteve. Você decide.