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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Prometer como sem falta para faltar como sem duvida. Ou: quem manda no quê?

Quem manda na Casa do Povo? O preposto ou os nossos representantes?
Em se tratando de quem se está tratando, o tempo já mostrou que, suas práticas políticas, tudo é possível. Iludir os eleitores até a última hora, afrontar a Justiça – eleitoral, dos homens e de Deus -, boi voar, prometer como sem falta e faltar como sem dúvida, trair como quem coça, enfim, o repertório é vasto e vasta é a disposição de usá-lo de pé a ponta na insaciável busca pelo poder a qualquer custo para lambuzar geral. Até aí tudo bem, o homem é seu estilo, seu caráter e suas circunstâncias.
Agora tudo tem – ou deveria ter - um limite. Fico aqui boquiaberto tendo notícias de que o homem, para conseguir apoio no segundo turno, prometeu a Presidência da Assembleia a um deputado que estava do outro lado. Mas que a dita presidência já estava devidamente prometida a outro. Nada a estranhar, trair é do seu DNA e os prometidos que se entendam com o prometedor Mas, peraí: como é que o dono (o dono é ele, pois não?) do poder Executivo pode prometer a Presidência do poder Legislativo? E é assim? E é ir chegando e distribuindo os cargos do Poder Legislativo a seu bel prazer? E os deputados, como é que ficam? Aceitam tudo calados, sem tugir nem mugir, ou erguem a voz num formidável EPA, vamos com calma, aqui quem manda somos nós. E, como de fato, ali, na Assembleia, quem manda são eles. Ou não? Ou acabaram com a independência dos poderes e ninguém me avisou? Ou os nossos representantes, eleitos por nós, resolveram entregar a rapadura logo no comecinho do mandato. Recuso-me a acreditar numa barbaridade dessas. Ali na Assembleia ainda tem homens e mulheres de brio, que sabem o poder que lhes foi por nós conferido e saberão honrar as calça e saias que vestem. Tomara Deus!

A propósito.

O mundo endoidou de vez. Leio ali num dito jornal e no sempre informado e arguto Edersen que o Governador Chico Rodrigues recebeu o engenheiro Neudo Campos para tratar da transição. Fico aqui pensando: tirando tudo o que Chico disse do referido engenheiro no período eleitoral – e não foram exatamente elogios -, quem é Neudo Campos para merecer ser recebido pelo Governador? Que apito ele toca? A que alturas chegou? E é assim, é? E é ir chegando e entrando? Para tudo existe um limite. Principalmente para o protocolo, a Agenda e, sobretudo, a liturgia do cargo de Governador de Estado.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

E se a gente ganhar?

Ali pelos anos setenta tornou-se corriqueira uma piada que retratava a dificuldade dos países latino-americanos engatarem um processo de desenvolvimento que os livrasse da monocultura para exportação. Dizia-se que, numa certa República Bananeira, reuniram-se os mais sábios para encontrar uma solução e que, procura daqui, cascavilha dali, queima-se a mufa e, finalmente, o gênio da raça local saiu com a grande ideia:

- A solução é a gente declarar guerra aos Estados Unidos e à Inglaterra. Aí eles nos invadem, arrasam uma coisinha aqui, outra ali, ganham a guerra e, depois, entram com um plano de recuperação cheio de grana e a gente começa a se desenvolver sem limites. Não vê o que aconteceu com a Alemanha e o Japão depois da guerra? Os Estados Unidos e a Inglaterra invadiram, arrasaram e depois despejaram rios de dinheiro lá. Tanto que, em pouco tempo, todos os dois viraram potencias econômicas mundiais e vão muito bem, obrigado. A plateia prorrompeu em aplausos, em êxtase com a ideia genial, já definindo providências para a declaração de guerra. Até que um tímido assistente do assessor, quietinho lá num canto, pediu timidamente e palavra e fez a pergunta definitiva:
- Tudo bem. Mas... E se a gente ganhar?
A falta que faz um idiota da objetividade...
Algo parecido aconteceu num promissor estado do norte do País. Atolado numa eterna dependência do setor público, que já demonstra incapacidade de gerar empregos e oportunidades econômicas no comércio e nos serviços, tem como único caminho implantar urgentemente um processo produtivo em larga escala, capaz de gerar efeitos para frente e para trás na economia, criar oportunidades em cascata e, consequentemente, empregos capazes de absorver o crescimento de sua população economicamente ativa.
Diante desse dilema, um grupo de gênios políticos reuniu-se para encontrar a solução. E o mais genial entre eles saiu com a mãe de todas as ideias.

- Nós temos um senador que é reconhecidamente um dos mais influentes políticos do cenário nacional, uma máquina para trabalhar, sujeito determinado, focado nos objetivos e que tem verdadeira obsessão por realizar, transformar. E, além disso, capta recursos como ninguém mais. Então, vamos declarar-lhe guerra aberta, sem quartel. Aí o candidato que ele apoia ganha por pouco, ele fica mordido e, só para mostrar força, dana a trabalhar em dobro, sai captando recursos, gerando ideias, atraindo investimentos, resolvendo a negocião para fazer a estrada de Letten/Georgetown... enfim, botando nosso estado no cenário nacional. E, como o candidato dele ganhou por pouco, nós vamos sair muito fortalecidos e vão ter que negociar tudo com a gente. E é aí que a gente se acomoda e, o que é melhor, sem aquela trabalheira toda. Não é uma ideia genia?
Todos concordaram com tao genial ideia. Só que, nesse dia, o idiota da objetividade faltou à reunião e não pode fazer a pergunta-chave: E se a gente ganhar?
Pois é. Ganharam. O problema é que ganharam. E até hoje não apresentaram uma ideia que seja sobre como sair do atoleiro ou sobre nada. Mas já deflagraram a corrida ao cargo, mostrando que o  caminho vai continuar a ser o do serviço público para a fartura de poucos. Fico aqui pensando na falta que faz um idiota da objetividade numa hora daquelas...