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Cadê eles, os eternos descontentes, os defensores dos fracos e oprimidos?? |
Cadê os
progressistas de beira de pinico? E os socialistas de botequim, onde estarão? Onde
se escondem os engajados na luta contra as injustiças do mundo que, por dá cá
aquela palha, saem em passeata agitando bandeiras vermelhas e pensando defender
os interesses do povo-popular? Cadê os bravos que acreditam na utopia e aceitam
de tudo, toda bandalheira, toda vilania para construir o novo homem? Enfim, como
diria o grande Nelson Rodrigues, cadê os padres de passeata e as estagiárias do
calcanhar sujo? Calaram-se, fugiram, escafederam-se? Ou envergonharam-se com a
pretrosuruba e correm em busca de uma explicação que satisfaça o público,
porque seu o amor à causa já satisfez suas, digamos assim, consciências?
A que vem isso? O que está acontecendo para me tirar de um longo
silêncio auto-imposto? Porque o governo que nos desgoverna, entre outras
enfiadas de mão no nosso bolso para cobrir suas próprias - desculpem o termo –
cagadas, resolveu reformar, sorrateiramente e pelas beiradas, regras da Previdência
Social e tirar alguns direitos trabalhistas e previdenciários. Até aí tudo bem,
diriam os sindicalistas de bucho e bolso cheios; vãos apoiar, é para salvar a
economia e os empregos. Como se fosse...
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Sonhando com uma viuvez tranquila? Pois é... |
Mas foram além, muito além do aceitável. Resolveram mexer na
pensão das viúvas. E mexer pesado. A partir da aprovação de uma medida
provisória aí – ou de um decreto acolá ou de uma portaria alhures – as viúvas
com mais de quarenta anos só receberão a metade da pensão a que hoje têm
direito pela morte do cônjuge. Um corte de 50%! Como vão viver? Problema delas,
dirão aqueles hoje empenhados em manter a tal da governabilidade e a economia
remendadinha, engatilhada, cheia de gambiarras. Ou os outros, que sabem que essa
proposta é só a velha tática de botar, para depois tirar, o bode na sala.
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Luxo pra quê? O governo precisa limpar suas cagadas. |
Tomara Deus seja a segunda hipótese. Caso contrário, aconselho
aqueles que há tempos são casados com aquelas que sempre foram apenas rainhas do lar e hoje contam com uma pensão que as permitam viver com um mínimo de dignidade,
que deem uma apressadinha e morram logo, antes que a medida seja implantada e
as coitadas tenham que se virar nos trinta para viver com metade da grana, sem
sobrar dinheiro nem para o morim das anáguas. Morram logo, amigos sessentões.
Ou a velhinha que dividiu com vocês cama, mesa, alegrias e tristezas vai ter
que poupar até na hora de enterrá-los num caixão mais cheio de rococós. E lá
vamos todos para a cova rasa devidamente empacotados numa rede. Das mais
baratinhas, diga-se.